1861/10/24
No estabelecimento de
Bissau, aindaque imponantissirnoao commercio, são raros. os pleitos judicias,
poisque poucossão os moradoresportuguezes, e com os gentios
tornam-sequasiimpossiveis as demandas.
Antes de passannos
adiante, daremos uma resumida notídado regulamenlo
para a organisação, militare de fazenda da Guiné portuguesa. eslabelecido em 24
de Outubrode 1861 pelogovernador geral da província de CaboVerde Carlos Augusto
Franco.
As possessõesda Guiné portuguesa são consideradas
umsóconcelho,
em tudo sujeito ao governador geral da província de Cabo Verde. Este concelho é dividldo em praças e
presídios, admlnistrado por um governador chamado da Guinéportuguesa,resldente
em Bissau, com o soldo da sua classe e 1:600$000 réis de gratif!cação.
Tem um delegado administrativo ougovernador seu
subordinadoem Cacheu,
com o soldo da sua patente, 400$000 réisde graticação e 86$400 réis para renda
de casas, compelindo-lhe a administração desta praça e suas dependências.
Cada uma das praças,
fortes, presídios e mais pontos habitadosdependentes do governo tem um chefe
responsável.
Junto ao governador da Guiné há uma comissão municipal de
que este é presidente, com quatro vogais e quatrosubstitutos, lodos nomeados
pelogovernador geralda
província, sob proposta daquele em listatríplice. Esta comissãotem uma delegação sua subordinada em Cacheu, formadae
composta do mesmo modo; tendo tanto a comissão como a
delegação as atribuições que prescreve o código adminiatravo para os concelhos
na parte que lhe pode ser aplicável.O escrivão do judicial acumula as funções
de escrivão dacomissão municipal.
O governador da Guiné é
obrigado a visitar anualmente duas fezes pelo menos a praça de Cacbeu, e uma
vez todos os fortes e presídios que fazem parte do seu governo
subalterno.
1861/10/27
«Em 27 de Dezembro de 1861,
o governador Zagalo fez reconhecer o indigena Orantó
como réi da ilha Orango. Êste pretendente havia ·sido derrotado pelos seus
adversários e vendido como escravo, no Rio Grande. Em reconhecimento
ao
Govêrno português o régulo
Orantó protestou a sua amizade e obediência em
acto públko com assistência de outros régulos
bijagós.»
João Barreto, HISTÓRIA DA GUINÉ 1418-1918, edição do autor, Lisboa, 1938, pg. 243
1861/11/10
Tendo o Governador ZAGALO reclamado contra o envio de
grande número de degredados, por ser muito reduzida a guarnição militar para os
conter em caso de insubordinação, e feito a a firmação de que preferia
degredados com ofício e lavradores para a colonização do Rio Grande, foi censurado em Portaria pelo Governador
Geral de Cabo Verde, que informou 'o Ministro de que o citado Governador do
distrito da Guiné usurpava atribuições que lhe não compeliam.
1861/12/00
ANDRE GOMES esteve
envolvido numa «palavra» com os Bijagós da ilha de Orango em Dezembro de 1861, na qualidade de «juiz dos grumetes de
Bissau, intramuros da povoação de Bissau».
1861/12/27
O rei Orantó, de
Orango, reconhece a soberania portuguesa em todo o arquipélago.
1862
The Battle of Tchicat, Maba Diakhou
Bâ launched jihad in the Serer Kingdom of Saloum
at Tchicat against Maad Saloum
Samba Laobe Latsouka Sira Jogop Faal.[32][39] That same year, he launched jihad
against the Kingdom of Baol.
39. ^ Variations : Samba
Laobé Fall or Samba Laobé Latsouck Sira Diogop Fall
1862/02/25
«Durante êsse tempo os ingleses achavam-se estabelecidos
na
ilha de Bolama procurando também ocupar uma parte do território continental.
Para fazer concorrência ao comércio de Bissau, declararam
Bolama como pôrto franco e
tentaram desviar para ali todo o comércio da Guiné.
Por êsse motivo, o governador Zagalo resolveu abolir o imposto de ancoragem e os direitos sôbre a exportação de mancarra que se pagavam em Bissau.
Estas e outras providências adoptadas por Zagalo foram contrariadas
pefo goviernador geral de Cabo
Verde e respectiva Junta de
Fazenda, que levantaram
sérias dificuldades à acção do governador dai Guiné. Não se
acusava Zagalo de qualquer acto deshonesto
ou
impolitico, mas de autoritário e desobediente às determinações
superiores.
O governador
geral de Cabo Verde apresentou
contra
êle
várias queixas ao Ministério e, como não tivesse obtido completa satisfação, resolveu ir à Guiné, suspender
Zagalo do exerdcio das suas funções, fundamentado-se num despacho de pronúncia, dado pelo
juiz de direito Costa.
Ao ter conhecimento dêste facto, o governador Zagalo teve um ataque pernidoso de que veio a falecer em Bissau, no dia 25 de
Fevereiro de 1862.»
João Barreto, HISTÓRIA DA GUINÉ 1418-1918, edição do autor, Lisboa, 1938, pg. 243
No dia 25 de fevereiro de 1862 falleceu em Bissau o governador do
referido districto Antonio Candido Zagallo. Neste dia encontravam-se em Bissau o Governador
Geral Franco e o Juiz de
Direito dr. Costa.
O Governador
Franco, a quem quiseram attribuir
a responsabilidade de ter causado a morte de Zagallo, historiou, num relatorio de 31 de março, os factos passados na Guiné, que tornaram
Zagallo responsavel, pelas muílas arbitrariedades e despotismos que
commetteu no exercício das suas funcções.
Bem
doloroso fôra ao Governador Franco tratar d'este assunto, por ter de fazer referencia a actos menos legaes ou criminosos, mas a isso fôra forçado para desfazer qualquer má impressão
contra o seu nome, accusado
pelos que se diziam amigos de Zagallo, de ter sido o autor principal d'aquella morte,
attribuida a desgostos que lhe causou.
Por mais
de uma vez fizera o Governador Franco sentir ao
governo a inconveniencia de se conservar no governo da Guiné o tenente-coronel Zagallo, autor de successivas desordens nesta possessão, filhas do arrebatamento, imprudencia e actos arbitrarios.
O governo nunca tomou a
mais pequena deliberação, dando assim a entender que os actos de Zagallo não foram julgados reprehensiveis; por outro lado
mandando o ·mesmo governo que o referido governador visitasse a Guiné, este lhe significou a inutilidade d'essa visita porquanto
os actos de Zagallo estavam merecendo louvores da metropole. Forçado, todavia, para !á seguiu.
Nem a guerra aos Beafadas de Badôra e nem as despesas com ella foram
aprovadas pelo Governador e pela Junta da Fazenda. Em vista destas resoluções procurou Zagallo salvar a sua responsabilidade, e, para conseguir o seu fim, obstou que a paz se fizesse, por intermedio de agentes, que angariou, os quaes estavam
identificados com os grumetes de Geba.
Constituiu -se, pois,
o centro de todas as machinações ; e emquanto houvesse a certeza, difícil
seria prova-lo num processo.
Ao mesmo tempo que isto se passava recebeu o Governador varias representações
contra Zagallo, accusando-o de abuso do poder, de mil desvarios, arbitrariedades e despotismos. Mandou-o
ouvir sobre estas accusações, que as negava sem fornecer provas; foi-lhe instaurado um processo confidencial pelo fôro
judicial.
Coincidiu este processo com um outro que lhe
intentara o juiz da Comarca, por ter levantado o deposito
judicial de uma escrava, de a ter mandado castigar corporalmente, entregando-a á senhora, e resultando, d'esta entrega, a mesma escrava suicidar-se.
Em 22 de fevereiro foi
pronunciado Zagallo pelo juiz dr. Costa
e tendo o Governador conhecimento deste despacho ordenou a suspensão do exercício das suas funcções ao pronunciado, e se preparasse para embarcar a fim de se apresentar em Lisboa com o respectivo processo.
Não pôde Zagallo embarcar por ter sido atacado de uma forte sesão; conservou-se neste estado até o dia 25 em que falleceu.
Em 10 de maio de 1862 celebrou-se a paz
entre a Praça de Cacheu e as tribus do Chuoro, Picau e Cacanda, que estavam
revoltadas desde agosto de 1861.
Por morte do Governador da Guiné Zagallo em Bissau foi nomeado governador o major Antonio Maria Maurily, então commandante do batalhão d'artilharia
da província; que por motivo de doença foi exonerado em
28 de março do mesmo anno, sendo então nomeado interinamente
o major graduado José Xavier Crato.
Em Bissau foram pronunciados pelo juiz da
comarca Costa os primeiros-tenentes de
artilharia de Cabo Verde Alvaro Telles
Caldeira e José Pereira de Azevedo,
por terem sido accusados
de roubo á Fazenda
Nacional: o primeiro de uma
porção de bailas vendidas em Bissau e o segundo de
pólvora que vendeu em
Cacheu.
Apesar das muitas sympathias
que gozava o fallecido Governador Zagallo na Guiné, onde prestara relevantes serviços, nem por isso deixou de ter alguns inimigos que o indispunham com as
autoridades superiores da provincia, e assim teve que sustentar algumas polemicas com o Governador geral Franco, que chegou a por em duvida a sua honestidade.
Os inimigos de Zagallo tambem se serviam da calunia contra os que foram amigos d'este governador, e a
pronuncia aos dois tenetes pela infamante accusação de roubo veio confirmar o que era voz publica.
O tenente Caldeira foi victima ainda do Governador Franco pela sua muita
dedicação a Zagallo que muito o considerava. Em Bissau
desempenhou serviços de Commandante militar, administrador de Concelho e presidente da Camara; foi um dos officiaes que acompanltou o Governador na excursão que este fez contra os Beafodas de Badora e por todo o litoral do rio Geba, merecendo ser louvaclo pela sna grande bravura; tendo sido preciso soccorrer a Praça de Cacheu com urna força militar por se achar ella sitiada pelo gentio circunvisinho e não dispondo os cofres publicos de recursos para se organizar uma expedição, prontificou-se este official cm pôr á disposição da pátria uma pequena economi, pouco mais de cem mil reis para esse fim . Foi nestas circumstancias,
quando Caldeira esperava ver galardoados os seus serviços,
que recolheu a uma prisão.
Historiemos o facto que dau origem á pronuncia. Fôra accusado o tenente Caldeira de ter vendido nma porção de balias de chumbo a um negociante de Bissau; o
ministerio publico solicitou do Governador Zagallo as precisas informações sobre se as sobreditas ballas pertenciam aos depósitos do material de guerra d'aquella
Praça e a resposta foi que o accusado tinha prestado contas da sua gerencia perante uma cornrnissão para esse fim nomeada e se mostrara que estava quite com a Fazenda. Não havia motivos
para proseguir o processo e foi archivado.
E' certo, porem, que
Caldeira vendeu uma porção de ballas, que as adquiriu num estabelecimento para fazer negocio, e o mesmo fez o tenente Azevedo com polvora. Nessa época já era prohibido aos
officiaes exercer commercio, todavia era-lhes tolerado e sobretudo na Guiné onde se faziam pagamentos em artigos diversos, especialmente polvora.
Passando a Bissau o Governador Geral e juiz da comarca, aproveitaram-se os inimigos de Zagallo para mais o indisporem com aquelle, e a tanta intriga não pôde resistir vindo a fallecer; o enredo continuou contra os dois tenentes, fazendo-se reviver o monstruoso prncesso que, embora da sua decisão final não
resultasse vexames para os acusados, bastante os incommodou; estiveram presos, sem homenagem, durante longos meses , e nas mesmas condições impostas aos faccinoras de peor especie.
Os accusados
foram mandados responder a conselho de guerra, tendo sido removido para a Praia o tenente Caldeira e de Cacheu para Bissau o tenente Azevedo.
O Governador Geral, com evasivas, não os mandava julgar; o tenente Caldeira reclamou, pedinlo separação do processo, em junho, porque pretendia ser julgado em Lisboa. Não conseguiu essa prntensão porque o processo judicial que the fora instaurado não tinha ainda sido remettido ao Governo Geral.
1862/10/06
At the Battle of Gouye Ndiouli, the
King of Saloum - Samba Laobe Latsouka Sira Jogop Faal (son of Princess Latsouka
Sira Jogop Mbodj of Saloum) had to battle his own father Ma Kodu Joof Faal[40]
the King of Cayor, who previously rejected the throne of Saloum in favour of
Cayor until he was defeated and driven out of Cayor by the French. When he
tried to reclaim the throne of Saloum after his defeated, the Great Jaraff[41]
and his Noble Council refused to crown him king of Saloum. The young king of
Saloum (Samba Laobe) defeated his father, paternal uncle and their armies, and
drove them out of Saloum.[32]
40. ^ Variation : Mang Codou
41. ^ Head of the noble
council of electors responsible for electing the kings from the royal family.
He was equivalent to a Prime Minister in Serer country.
1863
JOAQUIM ALBERTO MARQUÊS é capitão-mor de
Bissau (1º mandato)
JOSÉ GUEDES DE CARVALHO E MENESESé governador de Cabo Verde.
Crise
em todo o arquipélago de Cabo Verde devido à perda dascolheitas e à situação de
fome, até 1866.
1863/06/03
O comandante do «Ranger» desembarca uma força em Bolama,
para a ocupar.
1863/07/00
The Serers massacred the French
soldiers at the garrison of Pout. The French sergeant barely escaped with his
life. Pinet Laprade (the French governor in Senegal) within few days exercised
reprisals for the massacres and built the first fort in Thies.[29]
1864
☻Em consequencia de uma allocução de outro governador de Guiné, o major FRANCISCO
ALBERTO DE AZEVEDO, foi reedificado tambem o importante forte de S. Belchior (que domina a
navegação do rio Geba), graças aos donativos dos leaes habitantes d'aquella
colonia.
☻
O capitão
mercante JÚLIO FERREIRA, que é de certo um dos poucos praticos a quem sem escrupulo se pôde passar o diploma de
optimo piloto da costa de Guiné.
☻
O terrilorio
que comprehende aquelle governo
subalterno estende-se ao S. do cabo de Santa Maria de Gambia ern 30° lO'
latitude N. até ao cabo da Verga em fOO~O' da mesma latitude, prolongando-se
por mais de 60 leguas de costa do mar, e outras tantas pela terra dentro: aindaque não occupamos todo aquelle vasto
terreno, achando-se os nossos estabelecimentos encravados no meio das tribos de
varios regulos dos felupes, buramos ou papeis, banbuns, cassangas, mandingas,
balantas, bijagós, beafares, nallús, etc.
Africa Occidental, Noticias e Considerações, por
Francisco Travassos Valdez, impresso por ordem do Ministerio da Marinha e
Ultramar, Tomo I, Lisboa, Imprensa Nacional,1864, pg. 363.
☻
1864 - Batalha de Kansalá.Nesta batalha, os Fulas derrotaram osMandingas
do Kabu, tendo perecido a maioria dos guerreiros mandingas e uma grande parte
do exércitofula (19/05).
☻
Os ponugueses estabelecem um tratado de paz com o régulo de Elia(02/01).
☻
JOSÉ GUEDES DE CARVALHO E MENESES DA COSTA, 1.º Conde da Costa (Amarante, 19 de maio de 1814 - Lisboa, 10 de dezembro de 1879)1 foi
um nobre, militar eadministrador
colonial português.
Foi governador de Cabo Verde,
entre 1864 e 1869. Lembrou-se neste ano de 1864 de querer
fundar na Guiné uma colónia de indigentes!
☻
Com tudo havia na ilha de [Santo Antão] algumas casas de commereio e lavradores
importantes, taes como Abrahão Ouzencot, Alvaro Rodrigues de Azevedo, Antonio
Joaquim Martins, Antonio José Silva, Antonio Manuel Pinto, Antonio Monteiro da
Silva, Antonio Ouzencot, Antonio Pedro da Costa, Clemente José Silva, Francisco
José de Sousa, João José de Sousa, Manuel Barbosa da Costa, Pedro Gonçalves
Teixeira, Tbeophilo Martinho Gomes, etc.; e as senhoras D. Maria Laurentina da
Graça, D. Maria Pires, D. Antonia Ferreira Moraes, D. Gertrudes Victoria
Ferreira, etc.
☻ O giro commercial da ilha
[Ribeira Brava], como dissemos, não
é ainda grande, postoque haja alguns negociantes acreditados e muitas pessoas
abastadas, entre outras as seguintes: Antonio Rodrigues de Carvalho, João
Francisco de Brito, João Joaquim Marques, Joaquim Osorio de Amorim Correia,
Joaquim Serapbim de Brito Farinha, José Bento de Oliveira, dr. José Maria da
Costa, dr. Julio José Dias, Nicolau Antonio Duarte, Pedro Francisco de
Figueiredo, o padre Valentim; e as sr!' D. Julia Maria Leite de Pina, D.
Margarida Nobre, D. Maria Joanna de Oliveira, D. Maria Rosa da Conceição, D.
Thereza Bettencourt Rodrigues, etc.
☻ O commercio [SAL]
augmentou muito ultimamente, e tanto assim que em 1811, quando se considerava
ainda em principio, não foram menos de trinta e tres os navios que carregaram
sal só para os portos do N. da Europa, estando então o negocio limitado unicamente
ás duas casas commerciaes ,Martins, e Sousa Machado, que depois tomaram a
denominação de Martins & Sousa : emquanto que hoje toca n'aquella ilha um
numero consideravel de navios, e existem talvez nove ou dez firmas novas, tendo
ali tambem feitorias alguns negociantes da Boa Vista.
Citaremos, entre outros, os srs. Antonio Joaquim de Oliveira,
Ignacio Correia Carvalhal, Joaquim José de Barros, José Alexandre Pinto, Pedro
Maria Tito, Porfirio Antonio de Oliveira; e as sr.a• viuva Martins, D.
Guilhermina Martins Gardner, D. Guiomar Almeida Simas, D. Leopoldina de Arafljo
Gomes, etc. ; sendo a maior parte dos rendimentos procedente dos direitos sobre
a saída do sal.
1864/01/02
Concluiremos
agora a parte comercial de Bissau, apresentando a seguinte lista dos
negociantes e proprietários que nos consta serem ali os mais principais:
A.
Beaudouin, Adolpbe Demay, Alexandre Pinto Tavares, António de Araújo Duarte,
António Joaquim Tavares Carvalho, António Lomba Sena, Barbosa & Filho, C.Martins
(agente de Charles Hoffman), Caetano José Ferreira. Caetano M.Macedo, Cândido
Medina, Carlos António Spencer, César A.da Silva, Diogo Maria de Morais,
Eduardo Jackson, Estêvão António Tavares, F. de Macedo, Fidelis
José Barbosa, Franciseo J. Paiva, Gregório Correia Pinto, Guilherme José
Coutinho, Honório Carlos de Medina, Joaquim Antonio Gomes da Silva, Joaquim
Leonardo V. Cabelinho, João Justino de Medina e Vasconcelos, João Marques
Barros, João Monteiro de Macedo, Johan M. Silver, José António Alhada, José
Domingos dos Santos, José Evaristo de Almeida, José dos Reis Castro,
José Rodrigues de Almeida, Júlio César de Aguiar,
Júlio José Medeiros, Ludgero Cândido Teixeira, Luiz António
Medina, Manuel Alexandre Medina, Manuel António Évora, Manuel dos Reis,
Marcelino Marques Barros, Nicolau Monteiro de Macedo, O. Urbain, Olegário José
de Araújo, Pedro AugustoMacedo Azevedo, Pedro Gomes Barbosa, Pedro
Semedo Cardoso, Pio Vieira, Ricardo da Luz Amaro, Sabino M. Barros, Teodoro F.
de Medina, Tomás Jackson e Victor Lecerr.
As
senhoras principais de Bissau, de que temos notícia, são as seguintes:
Ana
de J. Amorim, Carlota Adelaide, Catarina dos Santos, Clara Maria de Oliveira,
Eufémia Rosa, Eugénia Nozolini Ferreira, Faustina Medeiros, Leopoldina Demay,
Leopoldina Matos Spencer, Maria da Conceição e Maria Josera.
Os
habitantes da Guiné portuguesa, sujeitos ao nosso domínio, andarão por 4.000
almas (sem falar nos grumetes de Bissau estabelecidos no chão de
Bandim), divididos em três classes distinctas:
1ª
- A commerciat, composta de brancos, mulatos e pretos, que trajam á europea,
usando geralmente os do paiz, ou·os de cõr, dirigir o seu negocio por
intervenção de agentes do sexo feminino, que escolhem para sua companhia, tanto
pelo seu conhecimento dos costumes dos povos, como pelas suas relações com
estes. Por isso lambem as consideram muitos d'aquelles nossos negociantes como
esposas, e diz-se até que lhes são mui fieis, nlo sabemos porém se como
mulheres, se como tomando verdadeiro interesse nas transacções mercantis! O que
é verdade é que ouvimos que alguns d'aquelles commerciantes ganharam as suas
fortunas pela gerencia de suas concubinas.
2ª
- Soldados e degradados, mandados de ordinario estes de Portugal e
aquelles de Cabo Verde.
3ª
- Grumetes ou christãos do paiz, de quem já temos fallado, e a maior parte dos
quaes são muito licenciosos e de uma propensão extraordinaria para a
embriaguez.
Quando
tem logar uma ceremonia de casamento, há sido preciso
ás vezes
ao sair da igreja levar uma escolta armada para proteger a noiva, a fim de
evitar que se repita uma barbara usança d'aquelles povos, qual é a de reterem a
noiva á torça até que seja resgatada!
As
mulheres entre aquella gente semi-selvagem ainda sorfriam outros tratos não
menos deshumanos depois dos seus partos, sendo as mãe separadas dos maridos
durante tres annos, para que olhassem unicamente por seus filhos, poisque os
maridos entretanto tratavam de obter ama outaa ccmpanheira, o que lhes não era
muito custoso, obrigando qgalquer das suas escravas.
Se
qualquer bomem se quizesse subtrahir a este vergonhoso costume, passaria pelo
vexame de incorrer no desagrado dos proprios
parentes de sua mulher! Tratemos agora de Bissau na parte gentilica.
Estende-se
esta ilha no comprimento de 12 legoas de E.a O. com perto de 7 de N. a S.,
sendo formada pelo esteiro d0 Pico (que a divide da ilba de Bussis), braço do
rio Empernal, ao O., onde eslá a ponta de Bium; pelo mar oceano ao S.; e pelo
Empernal que a divide da terra dos balantas a E. e ao N.
Divide-se
em dez reinos ou districtos, da nação dos papeis, cada um com o seu rei
ou regulo respectivo; a saber:·Antulla, Bandim (onde ha uma aldeia de
grumetes), Bigemetá, Bium, Cumurá, Intem, Prabis, Quixete, Safi e Torre. O
principal ou o mais poderoso é porém a de lntem, que de mais a mais pretende
descender dos antigos reis da ilha, quando esta formava um só
reino, sendo então os outros regulos meramente governadores seus subalternos; e
embora o rei de Bandim, vulgarmente chamado o rei José, reclame
ser oonsiderado reguIo principal, a pretexto de que a alta dignidade de
balobeiro grande ou feiticeiro-mór andava anexada pessoa
dos reis de .Bandim, não é provavel que entre os gentios conservasse a mesma
veneração, por ser certo que um d'aquelles regulos em 1604 lhe mostrou que não
era nada zeloso fetichista, vistoque
felizmente abraçou a religião catholica.
Quando
declaramos a guerra a algum d'estes reinos, ou se elles no-la declaram,
armam-se todos immediatamente contra nós; mas na paz, muitos dos grumetes se
empregam no serviço da praça de S. José de Biassau, e tripulam as suas
embarcações, vindo ali, oomo dissemos já, tanto elles eomo os guerreiros
gentios de toda a ilba, alardear sua valentia, mostrando-se aos portuguezes, e
fazer o seu negocio.
O régulo de Elia cede à coroa portuguesa o seu território.
CACHEU
O paiol assenta do
mesmo lado, e está collocado impropriamente junto á principal bateria,
arrecadando muitas vezes grande quantidade de polvora, o que poderia pôr em
risco o forte e grande parte da povoação, pois a sua construcção não é nada
resguardada.
Nas ruinas da antiga
casa do governo fizeram uma arrecadação, e ali reuniram algumas
peças de bronze de pequeno calibre, montadas em pessimos e improprios reparos.
Tambem existe alguma palamenta, pela maior parte em mau estado.
No forte existem t7
pecas, sendo 8 de ferro e calibre 9, e 9 de bronze de calibre 6, 3 e 1, tendo
apenas 8 reparos e só 1 de campanha, apesar de serem estes sem duvida os mais
precisos para aquelles calibres, e para as sortidas que se fazem da praça quando ha
guerra com o gentio, para o que lhes basta qualquer pretexto.
1864/01/12
Maad a Sinig Kumba Ndoffene Famak
Joof (King of Sine) granted asylum to Lat Jorr Ngoneh Latir Jobe (King of
Cayor) after he was defeated and exiled by the French governor in Senegal
(Émile Pinet-Laprade). According to Serer oral tradition, Lat Jorr was well
received in Sine just as El Hadj Umar Tall was well received when he visited
Sine. However, Lat Jorr they say betrayed the Kingdom of Sine when he sided
with Maba Diakhou Ba at "The Surprise of Mbin o Ngor" and at The
Battle of Fandane-Thiouthioune.[42][43]
42. ^ Sarr, pp 37-38
43. ^ Diouf, Niokhobaye, pp 726-727
1964/04/00
Dr. Macário de Sousa Pinto
Cardoso - tomou posse como juiz de direito em .Ahril de 1864 e por
decreto de 29 de Dezembro foi transferido para Salsete.
1864/04/02
«José Guedes de Carvalho Meneses - provido
por decreto de 2 de Abril de I864, embarcou para Cabo Verde
acompanhado do secretário geral dr. Macário de Sousa Pinto Cardoso. Tomou
posse em 25 de Abril.» João Barreto
1864/06/28
O conde de Ávila é
nomeado plenipotenciário para resolver a questão de Bolama.
1864/10/06
A barca Susan
Jane chega a New Bedford com as primeiras mulheres imigrantes caboverdianas,
terminando uma tendência de imigração exclusivamente masculina com mais de um
século. Alguns estudiosos de Cabo Verde apontam esta dActa como sendo o início
da "comunidade" caboverdiana nos Estados Unidos.
1865
1865- Fim
da Guerra de Secessão nos Estados Unidos (1861-1865) e abolição da escravatura em todo o território norte-americano, através de uma emenda na
Constituição.
«Mussá
Moló, cuja fama e prestígio vivem ainda na memória e nàs canções dos indígenas
da Senegâmbia, era sobrinho do falecido Moló, compeão da revolta dos fulas-pretos
contra os seus senhores.
Até meados
do Século XIX, os fulas-pretos tinham vivido em
estado de servidão, subjugados por mandingas e fulas-forros; mas
constituiam um grupo já numeroso, não ocultando o seu espírito
de rebelião. Faltava-lhes um chefe para dar o sinal de revolta; e êste chefe
surgiu
na pessoa de Moló, fula-preto valente, de conformação atlética, caçador de profissão, conhecendo por isso,
qetalhadamente tôda a região compreendida entre
os rios de Geba e Casamansa.
Para dar
início ao seu movimento de revolta, Moló
com
um
grupo
de
companheiros foi fundar uma tabanca ·composta só por
homens numa floresta de Sancorla, por volta do ano de 1865.
A duas
léguas de distância, havia uma aldeia de mandingas; os homens de
Moló atacaram-na de improviso; mataram todos os
indivíduos do sexo masculino e escravizaram as suas
mulheres, além de se apoderarem dos seus bens
constituídos por cabeças de gado.
Em pouco
tempo todos os fulas-pretos da região se
solidarizaram com êste grupo de revoltosos, e constituíndo assim
um grande exército acabaram por vencer os seus antigos senhores, fulas,
mandingas e biafadas. Já vimos no capítullo relativo ao presídio de Buba
que êste movimento se estendeu até Forreá. Ao Norte,
o reino dos fulas-pretos ia até as margens do rio
Gâmbia.
Gom a
morte de Moló, o regulado passou para o seu irmão Dembel. Mas de facto o verdadeiro
chefe era o seu sobrinho Mussá, que oficialmente figurou como cabo de guerra, até assumir o
poder.
A obra de Moló
foi ampliada por Mussá, que conseguiu a adesão de outras
tríbus como jalofes, saracolés e até mandingas
tornando-.se um senhor absoluto· e ·despótico. Para
consolidar o seu reino, colocou em diversos pontos estratégicos delegados seus, como chefes de
regiões, encarregados de manter os habitantes em ·obediência
e cobrar os. impostos.
Seja
directamente, seja por intermédio dos seus agentes, Mussá Moló passou a .fazer
exigências crescentes aos comerciantes de Geba e às
próprias autoridades. Quando os seus
pedidos não eram satisfeitos, os fulas-pretos atacavam as caravanas ou os
barcos que se dirigiam a Geba e
mesmo as aldeias em volta dêste presídio.
Além
disso Mussá tinha como seu agente directo no presídio o ·juiz do povo, Boré Vaz, que dominava os grumetes. Antes de Boré, êste cargo
tinha sido exercido por um grumete de nome Ancubala, que depois de
alguns anos de ausência, regressou a Geba em 1885. Boré,
temendo a influência do seu rival, resolveu mandá-lo
assassinar. Reconhecida a sua culpabilidade,
Boré foi prêso pelo capitão Costa Pessoa, depois
de uma luta renhida com os seus partidários.
Mussá
Moló tomou o partido ·do seu antigo delegado e começou a
hostilizar abertamente o presídio, exigindo
a libertação do prêso, atacando os arredores de Geba e cortando as suas
comunicações com Bissãu, por intermédio do seu agente Sambel Nhanta. Para castigar
êste chefe, o capitão Costa Pereira
organiza uma coluna e ataca a sua tabanca com, tão bom êxito que fica completamente
destruida. Mas nem por isso cessam os ataques ao centro
comercial de Geba e a situação torna-se insustentável.» João Barreto, HISTÓRIA DA GUINÉ 1418-1918, edição
do autor, Lisboa, 1938, pg. 309-310
PEDRO DE AZEVEDO COUTINHO,
Governador da Guiné
MANUEL JOSÉ DA SILVA, segundo tenente de
artilharia, era comandante de Geba em 1865; em Junho de 1866 foi promovido a
primeiro tenente
FRANCISCO DE
CARVALHO ALVARENGA foi novamente capitão-mor de Ziguinchor em 1965 quando concluiu um tratado com os régulo de Jame
e Nhamol
MANUEL CORREIA era o juiz do povo de Ziguinchor que assinou o tratado de
Casamansaem 1865. Esteve igualmente na tomada de posse portuguesa de Bolama em
1 de Outubro de 1870.
Ano
da transferência para Cabo Verde de D.
José Luís Alves Feijó, antes eleito bispo para Macau.
1865/01/09
Os fulas atacam Geba
1865/01/30
«Em 30 de
janeiro de 1865 dirigiu-lhe uma outra nota em resposta ás recebidas do
ministro Magenis que sustentava, com falsos
argumentos e que foram cabalmente refutados pelo conde, os direitos
da Inglaterra.
O diplomata
inglês reduziu os seus argumentos aos seguintes:
1.º Que os pretos encontrados e levados para
bordo e que o conde os denominava domesticos eram escravos,
dos quaes, alguns, destinados á exportação; para
comprovar isto citou um trecho do relatorio da commissão
da casa dos communs sobre a Costa
Occidental de
Africa, no qual se afirmava que a ilha de Boiama esteve abandonada até que um negociante de escravos da Havana, um tal Caetano Nozolini,
obteve uma carta real portuguesa para se estabelecer na ilha, aonde se estabeleceu effectivamente em 1829. Que durante 10 annos esteve a ilha em seu poder. sendo
verdadeiramente o abrigo dos negociantes de escravos, mas que em sesembro de 1838 o tenente Kellet atacou e destruiu a
feitoria e levou comsigo 119 (aliás 212) escravos.
2.º Que tinha duvidas se a nacionalidade de Nozolini era a portuguesa, mas que quer fosse português quer não, o que é certo é que elle veio de Havana e
se estabeleceu em Bolama, com o expresso fim do trafico de escravos; sendo estas as unicas tentativas feitas por Portugal desde 1829 até 1840 para colonisar e civilisar Bolama.
3. º Que o abandono
da ilha pela colonia britannica em 1793, que se não contesta, não pode enfraquecer o ti tulo da corôa de Inglaterra áquella ilha, que é a compra e cessão perpetua feita pelos seus proprietarios de facto e de jure, e que nem contra isto pode allegar-se que o preço d'essa compra fosse maior ou menor do que devera ser ; porquanto o unico facto
importante é que a colonia britanica pagou o que os donos da ilha pediram por ella.
4.º Que a Inglaterra reoccupou a
ilha em 1814, lendo o Governador de Serra Leoa concedido licença a algnns subditos britãnnicos para esse fim; e como o conde duvidasse d"essa reoccupação,
por isso que o ministro inglês não acompanhou essa asserção da indispensavel prova de que tal estabelecimcnto se verificasse, sustentou este ministro: qne esle argumento cahia por terra, logo que se mostrasse que, por aquelle tempo, fôra formado em Bolama um pequeno estabelecimenlo por Mr. Scolt e outros, estabelecimento que
fôra destruído em consequencia de um ataque faito cm 1816 pelos habitantes de uma ilha visinha, como se deduz de um despacho do Governador Mr. Cartly, datado de julho de 1816, e dirigido enlão no ministro das Colonias.
5.º Que a reoccupação de 1814, posto que demonstrada claramente, não tem nenhuma importancia,
pois que, na opinião do governo de Sua Majestade, o titulo da
Inglaterra á ilha de Bolama se deriva de compra,
titulo que não prescreve pelo abandono temporario ou não occupacão, como sucede com o titulo proveniente da descoberta ou da occupação temporaria.
6.º Refutando
a citação feita pelo conde, da propria deciaração do ministro brilannico, de que na occupação inglesa de 1859 havia na ilha 714
homens de côr, dos quaes 11 creoulos, pela maior parte, das ilhas de Cabo Verde, repeteria que já se havia demonstrado, que o fim de Nozolini, quando se estabeceu em Boiama em 1829, fôra unicamente traficar em escravos; e accrescentaria agora
que, da circumstancia de não haver autoridade alguma civil ou. militar entre os alludidos habitantes da ilha em 1859, podia affoutamente deduzir que aquella agglomeração de homens de côr era antes fortuita do que sistematica, ou um resultado ela intenção de colonisar e difundir em Bolama os beneficios da civilisação.
7.º Que ás observações
feitas pelo conde sobre o trafico da escravatura na Costa Occidental de .Africa, só tinha a dizer que o governo britanico, os ofilciaes de marinha, e os funccionarios civis ingleses na mesma costa teem dado frequentes testemunhos dos honrados desejos do governo português e altas auctoridades locaes de cumprirem a tal respeito as obrigações provenientes dos tratados, mas que uma correspondl!ncia que dirigira ao ministro dos estrangeiros de Portugal poderia provar como
esses louvaveis desejos e esforços teem muitas vezes sido inutilisados pelo comportamento das auctoridades locaes subalternas.
8.º Que tendo
transmiltido ao seu governo, para informação de lord Russell, cópia de toda a correspondencia trocada entre elle e o conde de Avila nesta questão, o mesmo governo, tendo examinado essa
corrcsponciencia é de opinião que pelo conde nada foi adduzido que enfraqueça o titulo da corôa britannica á ilha de Bolama; que esse titulo e claro e inatacavel, e que o mesmo governo está na firme resolução de o manter.
O conde, já ministro dos negocios estrangeiros, enviou em
28 de junho de 1865 essa nota ao conde do Lavradio,
ministro em Londres, acompanhando-a de considerações, refutando
as inexactidões n'ella contidas.
Começou pelo que asseverou o plenipotencíario inglês a respeito de Caetano Nozolini, apoiando-se no livro, Report of the House of Commons Commitee, on the west Coast of
Africa, vol. 2.º pag. 19.
Mostrou que Nozolini era português, nascido na ilha do Fogo,
onde sentou praça, tendo 15 annos de edade e que subiu postos até tenente coronel; que este nunca deixou de se
occupar da lavoura e commercio, tendo estabelecido
feitorias de lavoura:
Na
"ilha elas Gallinhas, a qual mais tarde elle deu em dote a sua filha Eugenia, quando esta casou com o cirurgião Ferreira.
2.º Em
Ganjarra (no rio de Geba).
3.º No ilheu do Rei (defronte de Bissau) onde estabeleceu varias qualidades
de culttras, tornando productiva toda a superficie do mesmo ilheu, no qual estabeleceu tambem uma grande machina de descascar arroz, uma oficina de
serradores e um estaleiro.
Feitorias commerciaes:
1.º Na margem
do rio de Geba, distinguindo-se entre estas a de S. Belchior.
2.º No rio Corubal (afluente do rio de Geba).
3.º Em
Bolola, na extremidade do braço de mar denominado Rio Grande; que
negociava em fazendas e era o maior exportador na Guiné de sementes oleosas, grande parte d'ellas produzidas nas suas proprias lavouras; que fez
construir varios edificios em Bissau, notaveis por serem de cantaria,
pedra e cal, sendo alguns nobre, entre os quaes a casa da sua residencia.
Não era para
admirar que esse proprietario na sua feitoria de Boiama 212 escravos e não 119 que afirma Magenis terem sido prisionados em 1838.
Ainda em 1857 a casa Nozolini Junior & Comp.a, de Bissau, um dos ramos da antiga casa Nozolini, registou, por
virtude do decreto de 14 de dezembro de
1854, 456 escravos.
É sobre taes informações que o ministro ingles se firmou
para asseverar gue o estabelecimento de Nozolini,
para o trafico de escravos, foi
a única tentativa feita por
Portugal de de 1829 até 1840, para colonisar e civilizar Bolama!
Bem depressa se esqueceu ésse ministro do que tinha dito antes, confessando que,. em
outubro de 1831, o Governador da Serra Leoa teve
conhecimento de que Portugal, tinha feito em 1830 um estabelecimento em Bolama, por assim
o depôr o capitão de um navio mercante inglês.» - Subsidios para a História de Cabo Verde e Guiné, por Christiano José de
Senna Barcellos, parte VI,
pgs. 223-226, Lisboa, Imprensa Nacional, 1912
1865/02/17
Urn
Sr. SAMBA COSTEH(COSTA?)era mestre do navio costeiro Le Glaneur, da Casa Bocande, que foi apreendido pelas autoridades
portuguesas em Cacheu a 17 de Fevereiro de 1865.
1865/05/23
O gentio de Same e
Nhamol (Casamansa) reconhece a soberania portuguesa
1865/07/08
Dr. José Maria da Costa - tomou
novamente conta da comarca de Sotavento em 8 de Julho
de 1865, tendo-a deixado pouco depois por ter sido eleito
deputado às Côrtes..
1865/09/25
O régulo
Futa-fula Tudé Mussá, vencido pelos Fulas, refugiou se no Presídio de Geba. Avisaram os Fulas
que entrariam nele pela força para resgatar o chefe inimigo. Porque o dever de
lealdade o obrigava a defender quem procurava protecção na bandeira
portuguesa, decidiu o comandante do Presídio recusar tal proposta. No assalto que os Fulas deram ao Presídio
foram rechaçados.
«Na Guiné os gentios Fulas que habitam o territorio desde Sama ate Ganadú,
limitrophe de Geba, mostrarám-se hostis a este presidio,
que estava sob o commando do 2.º tenente de
artilharia Manuel José da Silva.
Davam-se,
periodicamente, entre as differentes tribus daquelles paragens constantes correrias, com o unico fim de se assenhorear o
mais forte da vida e fortuna do mais fraco; e nesta guerra
de extermínio se viam, muitas vezes, envolvidas as auctorídades locaes conservando-se
em pé de guerra.
Numa das
taes correrias effectuadas os gentios Futafulas, habitantes do territorio mais distante de Geba, avassalaram muitas povoações de gentios mandingas desde Sama até Ganadú, tributando
todas ellas e deixando em cada uma pequenas forças encarregadas da percepção dos tributos.
Os tributados
logo que se viram
livres da grande massa do inimigo que se retirou para suas terras, revolucionaram-se contra a oppressão,
matando
todos os Futafulas que não tiveram tempo
de se refugiar em Ganadú, tribu que os refugiados reputavam amiga, por ter sido a unica poupada
na vassalagem; mas parte desse povo tambem tomou o partido dos gentios vizinhos contra os Futafulas e contra seu proprio chefe, o rei Tudé Mussà, que, pelos laços de amisade que a uniam a Sory, chefe dos Futufulas, resistiu' aos diversos ataques contra a differença numerica dos assaltantes, e
vencido retirou-se para o presidio de Geba com alguns dos seus Fulas.
Em 25 de setembro de 1865 havià mandado o rei Tudé Mussá pedir ao juiz
do
Povo de Geba para que conjunctamente com as pessoas mais
notáveis fosse em seu auxilio tomar parle na guerra; a isso se recusou emquanto o commandante do presidio não o
mandasse.
O alcaide
dos mouros, visinhos
do presidio, solicitou do parocho de Geba a sua iníluencia junto dos Fulas para a paz; e consultado o
Commandante e o povo, concordaram em se mandar lá o parocho e tres confidentes escolhidos pelo povo, mas só depois
de avisados
os Fulas do fim dessa missão.
No dia 26 mandaram dizer os Fulas
que, uma vez que se tinham batido queriam decidir tudo á força
de ballas e advertia ao presídio que não desse asylo aos refugiados porque, do contrario, entrariam nelle á força de fogo para resgatar o inimigo.
Reuniram-se
o Commandante, negociantes e povo de Geba, que resolveram defender o presidio, solicitando do Governador da Guiné reforços e munições de guerra, bem como instrucc:ões no caso do presidio ser invadido pelos inimigos; resolveu-se que as
unicas ·duas peças de artilharia fossem colocadas nos pontos mais críticos do ataque e que fosse comprada polvora
por conta das contribuições municipaes e requisitou-se ao Governador
duas peças de campanha e munições respectivas.
Não só a
politica aconselhava a protecção ao rei de Ganadú a
quem pertencia o terrilorio de Geba como o dever da humanidade e de honra não permiltia
que se entregasse ao vencedor, para ser immolado, quem, ao abrigo da nossa
bandeira, procurava a salvação da morte.
Tendo o chefe do presidio repellido todas as tentativas traiçoeiras empegadas pelo inimigo para se
apossar dos refugiados, deu aquelle um assalto ao referido presidio no dia 1 de novembro e ali foi rechaçado. Dos commerciantes,
espalhados em varios pontos e que não tinham querido recolher-se ao presidio, foram
presos 33 pelo Fulas revollosos; mas estes escarmentados pelos revezes que soffrcram no ultimo ataque e sabendo
que vinha em marcha, contra elles, uma grande força de Futafulas, vieram ao presidio solicitar a paz; entregaram os
commcrciantes prisioneiros, e comprometram-se a entregar, para as despesas da guerra, 100
vacas, calculadas em uns 500 pesos.
Na defesa do presidio entraram os grumetes de Bissau. nossos melhores auxiliares, não só pela sua valentia mas pela sua grande lealdade.
O tenente Manuel ·José da Silva, pelos relevantes serviços que prestou nesta
guerra, tendo
sob as suas ordens apenas 30 soldados e poucos auxiliares, e por saber manter a ordem entre os moradores de Geba, que, por mais de uma vez quizeram entregar se aos revoltosos,
foi recommendado
pelo Governador para a promoção ao posto irnmediato, por distincção, tendo· sido promovido
por decreto de 9 de junho de 1866.» -
Subsidios para a História de Cabo Verde e Guiné, por Christiano José de
Senna Barcellos, parte VI,
pgs. 245-246, Lisboa, Imprensa Nacional, 1912
1865/10/04
Decreto Real 169, 4 de
Outubro de 1865. O Banco Nacional
Ultramarino é constituído e começa a conceder empréstimos com a garantia
hipotecária de propriedades urbanas e rurais. Ao fim de muito poucos anos, o
Banco era o dono da maior parte das propriedades em Santiago. O sistema social de Cabo Verde começa a
alterar-se dramaticamente com a redução da classe de proprietários abastados e
o crescimento de uma "pequena burguesia", devido em grande medida ao
alargamento da educação e mais tarde à influência da emigração para os Estados
Unidos. Os emigrantes que regressavam literados, com desafogo económico e uma
consciência da sua própria estima social através da perseverança e do trabalho
árduo em terras estrangeiras, afastaram gradualmente os "barões
brancos" das suas posições entrincheiradas.
1865/11/01
O gentio de Geba ataca
a praça, sendo rechaçado e pedindo a paz. O comandante do Presídio, 2.º tenente
de artilharia MANUEL JOSÉ DA SILVA, foi promovido por distinção ao posto
imediato, por decreto de 9 de Junho de l866, pelos relevantes serviços prestados
nesta guerra.
1865/12/00
PATRON DA SILVA, de 26 anos de idade, nascido em Cacheu,
era marinheiro, a viver em Gorée, em Dezembro de 1865.
DION SILVA, de 30 anos de idade, nascido em Bissau, era o segundo
comandante do brigue-escuna Saint-Ola de
Gorée e residente de Gorée em Dezembro de 1865.
COMPREDOU GOMIS, nascido em Bissau, de 30 anos de idade,
marinheiro a viver em Gorée em Dezembro de 1865.
FRANCISCO GOMIS, nascido em Bissau, de 20 anos de idade,
marinheiro a viver em Gorée em Dezembro de 1865.
GUILORMIS GOMES, nascido em Bissau, de 17 anos de idade,
marinheiro a viver em Gorée em Dezembro de 1865.
1866
Lutas de algumas
etnias, com incidência negativa na vida
comercial e agrícola. É o tempo das
lutas entre fulas e mandingas (com a derrota dos mandingas na célebre batalha de Kansalá, por volta de 1866) e
entre vários grupos fulas entre si. Com a administração portuguesa procurando defender os seus postos
militarizados, bem como as facilidades comerciais na zona do rio de Geba e do
Rio Grande de Buba. Para se ter uma
ideia da incidência negativa na agricultura, bastará referir que em meados do séc. XIX chegou a haver 60
feitorias no Rio Grande, enquanto que em 1884 já só umas 10 estavam activas.
Às lutas entre fulas e mandingas na zona de Farim se referirá o Padre Marcelino
de Barros numa das suas cartas (1870).
1966/07/10
Dr. Luiz Augusto Mancelos Ferraz - provido
juiz de direito por decretode 10 de Julho ·de 1866 tomou posse em 30 de
Agôsto e foi transferido para S. Turné em 3 de Outubro.
1866/09/03
Criação do
Seminário-Liceu na ilha de São Nicolau
1867
1867-A Espanha
proíbe definitivamente o tráfico negreiro.
1867 - Chegada documentada
do último navio negreiro a Cuba.
BERNARDO JOSÉ MOREIRA é capitão-mor de Bissau até 1868
Eugénio Tavares (f. 1930) nasce na Brava. Eugénio Tavares
tornou-se o maior compositor de mornas caboverdianas, defensor da língua e
cultura Crioula e figura mítica do folclore caboverdiano. O seu trabalho mais
famoso é talvez "Hora di Bai", a doce-amarga "Hora da
Partida" que era tradicionalmente cantada nas docas da Brava quando as
pessoas embarcavam nas escunas com destino à América.
Até
à queda do reino do Gabú, o animismo permaneceu a sua crença oficial. Por
oposição ao “moro” (mouro), chamava-se soninké ao malinké que pratica o culto
tradicional e bebe vinho. Mas, no século XIX, os muçulmanos eram já muitos e
procuravam libertar-se da autoridade dos que bebiam vinho. Por fim, a queda de Kansala, em 1867, marcou o fim
do reino do Gabú e trouxe a destruição das florestas sagradas e a
islamização generalizada dos gabounkés, o que levou, também, à transmissão do
poder dos nobres (“nianthio”, em Mandinga), de pais para filhos e não de tios
para sobrinhos.
A terrível batalha de
Kansalá (dita pelos mandingas “Guerra da exterminação da raça gabounké”), em
1867, ditou a derrota definitiva do Gabú, a destruição da capital pelo próprio mansa
Dianké Wali e a morte da grande maioria da sua aristocracia perante um exército peul de trinta e dois
mil homens, dos quais doze mil cavaleiros, todos de branco vestidos e
usando o nome de Mamadou (Maomé).
A
lenda da batalha CAM SALÁ8
-
"os mandingas senhores do Gabu procediam demodo tão insensato para com os
fu!as estabelecidos na região, que estes tinham todosos motivos para se
sentirem descontentes(…) os fulas, desanimados, ameaçavam fugirpara o Firdu
onde se acolheriam à protecção do rei daquele país, Alfá Moló, e diziamaos seus
opressores ser preferível eles continuarema usar os grandes
calçõespróprios das festas dos tempos depaz do que terem de recorrer a uma
guerra deresultado incerto. Os senhores mandingas não tomaram a sério estas
razões e osfulas, tendo recebido auxílio dos seus irmãos do Futa Djalon,
desistiram de fugir paraFirdu e decidiram lutar pela independência. Unidos aos
futa-fulas e valendo-se dasupremacia do número, derrotaram os mandingas em Beré
Colon ( ... ) finalmente,quando já não havia mais nada a esperar, Djanqué Uali
deitou fogo à pólvora e, numaexplosão tremenda, sucumbiram os fulas e os
mandingas que se encontravam dentroda «tabanca». Somente uma menina foi
projectada para muito longe. Havia de seralguns anos depois a mãe de Alfá láiá,
rei de Labé. Assim acabava o domíniomandinga no Gabu ( ... )e pediu a Deus que
o transformasse em árvore. A menos dequinhentos metros das ruínas de Cam Salá
encontrava-se uma grande árvore solitária,de uma espécie a que os mandingas
chamam sotô. É o «marabú» do Futa".
Mandinga
não estragues o meu milho!
Se
o estragas fujo para Firdu
onde
te custará fazer a guerra.
Aqui
no Gabu tens vida agradávei
e
podes usar calções largos.
(Estribilho
da canção intitulada «Chedo»9
9 «Chedo», em idioma
fuJa, significa mandinga, que é a palavra com que abre a canção.
Com
a conquista de Kansala, parece estar-se perante o início do domínio peul e da
islamização. Contudo, a conquista colonial sobreveio pouco depois, com
Portugal, a França e o Reino Unido a partilharem entre si os reinos gambianos e
do Gabú.
The surprise of Mbin o Ngor - the
Muslims surprised the Serer people of Mbin o Ngor, a small village in the Kingdom
of Sine.
1867/04/12
Dr. Luiz Adriano de Magalhães Lencastre -
transferido da comarca de Barlavento, tomou posse em 2 de Abril
de r867.
1867/05/08
Nomeado governador da Guiné o major de engenharia
Bernardo João Moreira por decreto de 8 de Maio de 1867 e tomou posse em 8
de Dezembro do mesmo ano. Governava interinamente
o capitão Manuel Fortunato Meira.
Bernardo João Moreira
morreu de febre amarela em 23 de Março de 1868, sendo substituído interinamente
por Fortunato Meira.
1867/05/21
O gentio de Churo,
insubmisso desde 1861, presta obediência ao Governo.
1867/07/18
The Battle of Fandane-Thiouthioune
(also known as the Battle of Somb), Maad a Sinig Kumba Ndoffene Famak Joof
(King of Sine) defeated the Muslim marabouts and Maba Diakhou Bâ the renowned
jihadist was killed and dismembered.
1867/09/05
DECRETO DE 5 DE
SETEMBRO DE 1867
CLASSIFICANDO AS POSSESSÕES DO ULTRAMAR PARA O CUMPRIMENTO
DA PENA DE DEGREDO
Attendendo a que
no § unico do artigo 4.º e artigos 5.º,7.º, 9º e 10.º da reforma penal e de prisões, que
faz parte da lei de 1 de julho de 1867, se determina que o governo distribua
por classes, em regulamento especial, as differentes possessões em que ha de
ser cumprida a pena de degredo: hei por bem docretar o seguinte:
ARTIGO 1º
As possessões ultramarinas
onde tem de ser cunprida a pena do degredo são, para os effeitos declarados nos
artigos 4.º § uníco, 5.º, 7.º, 9º e 10.º da reforma penal e de prisões, que faz
parte da. carta de lei de 1 de julho de 1867, distribuídas em possessões de 1.ª
e 2.ª classe.
§ 1.º Pertencem á 1.ª classe por se considerarem
em condições mais favoráveis: o archipelago de Cabo Verde; as ilhas do S. Thomé e
Principe; e em Angola os districtos da capital e de Mossamedes.
§ 2.º Pertencem á 2.ª
classe Bissau e Cacheu; em Angola o districto de Benguella; e Moçamubique.
ARTIGO 2º
Ficam revogadas as
disposições em contrario.
O ministro e secretario
d'estado dos negocios ecc!esiasticos e de justiça o
tenha assim entendido e falça executar.
Paço, em 5 de setembro
de 1867.
1867/09/27
O Governador
interino da Guiné informou um requerimento de D. Antónia Gertrudes Pusich de 27 de Setembro de 1867, sobre a ilha das
Galinhas, provando que esta ilha fôra abandonada pelo concessionario Joaquim Antonio de Mattos e seu filho Antonio Joaquim Pusich de Mattos, fallecido em Cassini, em 1860; que da ilha estavam de posse os gentios bijagós e outras tribos e os herdeiros de uma filha de Caetano Nozolini, que foi casada com o Dr. Ferreira, e que estes herdeiros tinham partilhado,
entre si,
os bens que constavam de um estabelecimento comercial e
agrícola.
Estava assim nullo o aforamento feito ao Mattos em 14 de Janeiro
de 1831.
1868
MAUNEL FORTUNATO MEIRA é governador de Bissau até 1869
- A população da Praça
de Bissau é de 573 pessoas, das quais 391 guineenses, 166 cabo-verdianos e 16
portugueses (29/01).
- Criada a freguesia de
S. Francisco Xavier de Bolor {12/03).
- Os ingleses atacam a
Ponta Colónia, no Rio Grande de Buba (04/06).
- Epidemia de febre
amarela em Bissau (06/06).
- Os ingleses içaram a
sua bandeira na Ponta Cacheu, Rio Grande de Buba (07/07).
- O governo inglês concorda
em submeter a questão de Bolama à arbitragem de Ulisses Grant, presidente dos
Estados Unidos (05/05).
- A escuna Bissau, com
dois canhões e uma força militar, expulsa os ingleses da Ponta Colónia (08/09).
1868/05/00
GREGÓRIO CORREIA PINTO era tabeliao de Bissau em 1846, presidente
interino da comissao municipal de Bissau em Julho de 1858, major de segunda
linha em 1861, e em Maio de 1868 foi
posto no comando das forças beafadas que guerreavam os Fulas
no Rio Grande.
1868/06/04
O Governador
de Serra Leoa, Sir Arthur Kennedy, pratica violências contra a Ponta Colónia,
no rio de Buba.
1868/06/06
Não obstante grassar a
epidemia de febre amarela na praça de Bissau desembarcaram ali alguns oficiais ingleses
das corvetas surtas no porto, tendo o físico-mór
Silva Leão intimado os mesmos a voltar a bordo com receio que fossem maltratados pelo povo,
grumetes e gentios vizinhos indignados pelo procedimento dos ingleses em
Bolama onde haviam prendido o Governador
JOAQUIM ALBERTO MARQUES a bordo do «Coralina».
1868/07/06
O Governador Geral de Cabo Verde deu instruções ao do
distrito da Guiné para organizar uma expedição e com ela fosse expulsar os
ingleses que se haviam instalado ao longo das feitorias do Rio Grande.
1868/07/07
O delegado do governo inglês em Bolama arvorou a bandeira
inglesa na ponta de Cacheu (Rio Grande de Bolola), propriedade portuguesa.
1868/07/14 e 16
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Bento da Silva, mandou
ao nosso Ministro Plenipotenciário em Londres, Conde de Lavradio, reclamar do
Governo inglês a devida reparação pelo insulto e atentado cometido pelo
Governador de Serra Leoa no Rio Grande. Após inquérito
ordenado pelo Governo britânico, foi ordenada a evacuação das forças
inglesas.
1868/09/08
O Governador MEIRA informou o Governador Geral de Cabo Verde ter seguido na escuna
«Bissau» com uma força militar e 2 peças de campanha para o Rio Grande a fim
de expulsar os ingleses daquela região. Na Ponta Colónia mandou arriar a
bandeira inglesa tendo sido cortado o respectivo mastro, substituindo o por
outro com bandeira nacional enquanto a marinhagem aplaudia o acto com
entusiasmo.
1868/10/26
O Ministro
dos Negócios Estrangeiros solicitou do nosso Ministro em Washington, Miguel Martins
Antas. a sua intervenção junto de Mr. Sward para este declarar se o Presidente
dos Estados Unidos se prestaria a arbitragem sobre a questão da posse da ilha
de Bolama. Em 20 de Novembro era recebida resposta favorável.
1869
ÁLVARO TELES CALDEIRA é governador de Bissau até Janeiro de
1871
ÁLVARO TELES DE MENEZES CALDEIRA
CASTELO-BRANCO E VASCONCELOS, Major do Exército, morreu
na guerra de Cachéu a 24-I-1871.Sobre o major Álvaro Teles de Menezes Caldeira
Castelo-Branco e Vasconcelos, (que aparece nos Boletins Oficiais apenas como
Álvaro Teles Caldeira) mais do que ter
falecido na guerra de Cacheu parece ter sido ele a causa da guerra. Em Cabo
Verde, foi nomeado administrador e presidente da câmara do concelho da Boa
Vista, mas algum tempo depois da sua chegada lavrou uma revolta na ilha (1867)
que levou o governador JOSÉ GUEDES DE
CARVALHO E MENESES a demiti-lo e a nomear o então tenente FRANCISCO TAVARES DE ALMEIDA JÚNIORpara ir acalmar os
ânimos. Foi depois nomeado governador do
distrito da Guiné e foi assassinado por soldados guineenses descontentes que
fugiram para o interior. Na sequência disso é que o tenente-coronel JOSÉ XAVIER CRATOfoi por sua vez nomeado, por port.
nº 46 de 09/Fev/1871 governador interino da Guiné Portuguesa, tendo como missão
pacificar a praça de Cacheu e punir os autores do atentado.
1869/02/11
«Caetano Alexandre de Almeida Albuquerque
- capitão de fragata, nomeado em II de
Fevereiro de I869, tomou posse em 29 de Março. Durante um mês esteve ausente na Guiné,
onde fôra afim de tomar solenemente posse da ilha de Bolama, depois da sentença
proferida pelo presidente dos E.U. da América. Foi exonerado extemporâneamente em 26 de Fevereiro de 1870, e
substituído por: José Maria da Ponte Horta - lente da Escola
Politécnica, nomeado na mesma data, tomou posse em I6 de Maio. Era
exonerado em 9 de Junho,
por ter sido reintegrado o seu antecessor. Caetano
de Albuquerque - conselheiro, reintegrado no seu cargo, governou até 28 de
Fevereiro de 1876. A colónia ficou-lhe devendo a urbanização
da cidade da Praia e vários melhoramentos. Foi mais tarde governador
de Angola e índia, tendo deixado notáveis vestígios da sua inteligência
e actividade.» João Barreto
1869/02/23
A
presença portuguesa na Guiné foi muito frutuosa até ser abolida a escravatura em Portugal, no dia 23 de Fevereiro de 1869,
tendo sido determinada a libertação dos escravos em todo o território
português, mas de uma forma gradual até por volta de 1876.
As
acções dessa instituição em Cabo Verde e descrevem o processo lento e doloroso
que culmina, em 1869, data em que é decretada a “abolição do estado de escravidão em todos os territórios da monarquia
portuguesa”.O
que o capítulo “tráfico clandestino” nos informa, baseado em vasta e preciosa
documentação que se encontra no nosso Arquivo Histórico Nacional é que, apesar do tráfico de escravos ter ficado
teoricamente proibido desde 1810 nos territórios situados a norte do Equador, o
comércio ilícito continuou a florescer na costa fronteira com a cumplicidade de
muitos filhos de Cabo Verde que aproveitavam-se do conhecimento dessa área do
continente africano que herdaram dos seus antepassados. O espaço Cabo
Verde/Rios de Guiné continua, segundo a documentação apresentada pelo autor, a
ter um papel activo no tráfico de escravos para as grandes e lucrativas
plantations de açúcar e algodão do Novo Mundo tão necessitadas de escravos. A
escravidão é abolida nos Estados Unidos apenas em 1865, em Cuba em 1886 e no
Brasil em 1888 o que faz com que os
proprietários de plantations desses países, apesar do fim legal do tráfico
continuavam à procura de escravos o que fez com que o a venda dessa mercadoria
fosse muito lucrativa. Por isso, apesar da pressão militar e política inglesa
os comerciantes portugueses e não só, apoiados no conhecimento do terreno de
muitos cabo-verdianos, vão continuar clandestinamente, até ao final do século
XIX a abastecer os mercados americanos ávidos de mão de obra escrava.
1869/02/25
Abolição completa da escravatura.
O decreto
de 25 de fevereiro de 1869 diz o seguinte:
«Artigo
1. ° Fica abolido o estado de escravidão em todos os territorios da monarchia
portugueza desde o dia da publicação do presente decreto.
Artigo
2.º Todos os individuos dos dois sexos, sem excepção alguma, que no mencionado
día se acharem na condição de escravos passarão à de libertos e gozarão de
todos os direitoa. e ficarão
sujeitos a todos os deveres concedidos e impostos aos libertos pelo decreto de
14 de dezembro de 1854.
Artigo
5.º Os serviços a que os mencionados libertos ficam obrigados, em conformidade
com o referido decreto, pertencerão ás pessoas de quem eles no mesmo dia tiverem sido
escravos.
§ 1.º O
direito a estes serviços cessará no dia 29 de abril do anno de 1878, dia em que
teria de acabar inteiramente o estado de escravidão, em virtude do decreto de 29 de abril de1858.
§ 2.º No
referido dia 29 de abril ,de 1878, cessará para todos os indivíduos que assim ficam libertos
da obrigação que pelo presente decreto lhes é imposta»
1869/05/07
Padre Marcelino Marques
de Barros:
Em 7 de Maio de 1869,
por Ofício n.º 87 do Governador de
Cacheu, é convidado a intervir na pacificação dos «felupes antropófagos» Bote
com os de Bolor. Desconhecemos os motivos específicos desta luta entre
felupes, mas é provável que esteja relacionada com desejo de facilidades
comerciais em Bolor, bem como com a
stuação de privilégio desta útima localidade com as autoridades portuguesas,
várias vezes reafirmada desde 1831.
1869/07/02
Dr. José de Sá Coutinho -
nomeado juiz de direito por decreto de 2 Julho de 1869.
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