Navios americanos começam a escalar regularmente Cabo Verde, em busca de provisões. Antes de 1750, muitos dos tripulantes dos navios baleeiros de Nantucket eram cabo-verdianos. Inicia-se um fluxo de emigração exclusivamente masculina para a América.
1740/04/04
O Estado, sabiam-no bem os terratenentes, não tinha meios efectivos de controlo e fiscalização do território. Comummente estas tarefas estavam entregues à milícia local, na qual os latifundiários ocupavam geralmente cargos de coronel, capitão e sargentos-mores, facto que, evidentemente, debilitava a eficácia de qualquer acção repressiva passível de ser posta em acção pela Coroa.
A 4 de Abril de 1740, o ouvidor-geral das ilhas informou o Reino que alguns capitães de navios ingleses estavam a negociar no Tarrafal e na Praia Formosa, sitos na costa leste de Santiago, e que ele, sabendo do facto, havia «mandado alguns oficiais àqueles sítios para evitarem o
referido».Contudo, perante a reacção dos
contrabandistas, «elles lhe atiraram com artilharia com balas e mais armas de
fogo», nas palavras do magistrado, os oficiais com medo puseram-se em fuga.
Pressente-se memo das fontes oficiais que havia todo um conjunto de
cumplicidades entree os membros das milícias, as populações e os comerciantes
estrangeiros.
Ademai muitos oficiais do exército miliciano encontravam-se
eles próprios envolvidos na venda de panos e de urzela aos navios ingleses. Isso não só nos
portos recônditos mas também na própria vila da Praia de Santa Maria, o mais
frequentado dos portos cabo-verdianos de então.
1740/08/00
Uma carta escrita em
meados do século XVIII pelo traficante
inglês George Hamilton, atuante na
África Ocidental, reconhecia que o tráfico institucionalizava o sistema de
guerras entre os africanos como fonte de abastecimento de escravos. Enviada ao
seu sócio na Inglaterra, em Agosto de
1740, a carta continha uma versão sobre o resultado (nem sempre favorável a
todos os traficantes) dos conflitos étnicos e sua importância para o tráfico:
«Sofremos
um grave revés no nosso negócio. A partir do momento em que os fantis entraram
em guerra contra os elmines, nenhum homem sensato, conhecedor da costa, poderia
esperar outra coisa. Todos os circuitos comerciais estavam bloqueados; só havia
raptos e rapinas. Se os fantis tivessem
vencido, teríamos certamente obtido, à nossa conta, 800 ou mil escravos em
condições muito vantajosas: mas, como foram derrotados e mesmo obrigados a
fugir, tivemos prejuízos realmente consideráveis, pois eu tinha sido
extremamente generoso com os chefes a fim de obter deles a garantia de, no seu
regresso, me concederem a prioridade na escolha dos escravos que trouxessem da
guerra.» (1)
(1) Apud INIKORI, Joseph E. "O tráfico negreiro e as
economias atlânticas de 1451 a 1870". ln: Unesco. O tráfico de escravos
negros - séculos XV a XIX. Lisboa, Edições 70, 1981, p. 95.
1740/12/22
CONSULTA do Conselho Ultramarino ao rei
[D. João V] sobre carta do capitão-mor
da praça de Cacheu, DAMIÃO DE BASTOS, de 26 de Agosto de 1739, dando conta da presença
de duas balandras francesas na ilha de Bissau para comerciar, tal como já
vinham fazendo todos os anos e informando dos rumores que circulavam de que os
franceses pretendiam regressar em Janeiro de 1740 para levantar uma fortaleza;
tendo também em atenção a carta do mesmo capitão-mor de 6 de Abril de 1740
sobre a matéria.
Anexo:
cartas e consultas (cópia).
AHU-Guiné,
cx. 7, doc. 11 e 3; cx. 6, doc. 118.
AHU_CU_049,
Cx. 6, D. 585.
1741/00/00
NICOLAU DE PINA ARAÚJO é capitão-mor de Cacheu substituindo
MANUEL PIRES
1741/02/23
Desembarcaram
em Cacheu os náufragos da corveta «S. Sebastião», onde viajava o bispo de Cabo
Verde, D. FREI JOÃO DE FARO, em companhia de vários franciscanos, seculares e
presbíteros de hábito de S. Pedro, tendo sido aprisionados pelos Felupes,
O capitão-mór de Cacheu obteve o resgate do bispo, que morreu em viagem, de
regresso a Cabo Verde.
«Em 14 de janeiro de 1741 seguiu D. Fr. João de Faro para a soa
diocese na corveta S. Sebastião e Almas, sendo acompanhado até as
Canarias pela frota da Bahia e Pernambuco, da qual era commandante D. Manuel
Henriques de Noronha.
O dr.
Antonio Martins Pereira, secretario do bispo, testemunha ocular da desgraçada
viagem d'aquella corveta desde as Canarias
até que se foi desfazer nos baixos de S. Pedro, em Casamansa, e dos martyrios
que soffreram no mar e em terra com os gentios Felupes de Jambarem, narrou esse
triste aconteclmenlo da fórma seguinte:
“Partiu o
bispo de Lisboa em 14 de janeiro de 1741, na companhia de dezesete presbyteros
do habito de S. Pedro, mandados por Sua Magestade; sete religiosos da Provincia
da Soledade e dois da Piedade; Fr. Manuel de Evora, seu confessor, e um outro
Fr. Manuel de Evora, religioso leigo, e um sobrinho do bispo e seis seculares
da sua familia, que com os passageiros faziam sessenta e sete pessoas, na
corveta S. Sebastião e Almas, capitão Matheus Francisco.
“Até as
Canarias foi a corveta acompanhada pelas frotas da Bahia e Pernambuco, que não
foi até Cabo Verde, tendo o bispo pedido licença para seguir sem a sua guarda,
por saber que estava livre do perigo dos mouros e
saletinos.
“Hove
então salvas de despedida, seguindo a corveta só. A 2 de fevereiro varou a
ilha, e no dia 5, reconhecendo o capitão o erro, dirigiu-se para a Serra Leoa,
a pedido do bispo, porque desejava visital-a por ser da sua jurisdicção.
“Proximo
da costa resolveram todos ir para Cacheu, por ser o mais principal de toda a
Guiné, indo avistar uns baixos do Casamansa, apesar do muito nevoeiro que
fazia.
“Fundeou
o piloto no dia 21 de fevereiro, pelo meio dia, para reconhecerem a terra, e
alli se conservaram até 22, velejando de manhã, fundeando só meio dia, indo o
capitão n'uma lancha para vêr se reconhecia a terra, o que não lhe foi possivel
por haver muitos baixos que arrebentavam.
“Na noite
de 22 de fevereiro, mar de rosas, calma, seriam uma para duas horas bateu no
fundo a corveta, e prumando-se encontrou duas braças quando estavam em quatro. Desfez-se a corveta no meio de grande
arrebentação.
“Na
lancha saltaram onze pessoas, incluindo dois religiosos da Soledade, Fr.
Estevam de Teixoso e Fr. Antonio de Figueiró, dois clerigos P.es
Caetano José e Manuel Soares, e sete marinheiros que remavam, indo parar a
Cacheu.
“O bispo
foi maltratado pelas ondas que entravam no navio, levando-o aos tombos de um e
outro lado, deixando-o em estado miseravel.
“Alguns
mais corajosos tiveram que deitar-se a nado para irem buscar os mastareus que
tinham ido ao mar, e com tanta felicidade que trouxeram quatro paus, que foram
amarrados uns aos outros, em fórma de jangada, e n'elles se assentaram quarenta
e nove pessoas, entre estas o bispo, sete religiosos, quinze clerigos e mais
seculares, capitão, piloto, contramestre, escrivão, etc., etc.
“Com o
peso, porém, de tanta gente apenas se viam as cabeças de cada um.
“Largaram
o casco do navio uma hora antes do sol nascer do dia 23 de fevereiro, e
sujeitos ás marés de vasante e enchente avistaram umas arvores de
extraordinaria grandeza ao meio dia; iam arrastados pela enchente e
approximavam-se a pouco e pouco de um grande baixo, e uma vez junto d'elle
desatou-se um dos paus, indo ao mar muita gente, entre a qual o bispo, que por
não saber nadar deu uns poucos de mergulhos, até que conseguiu agarrar-se a um
outro pau, ajudando-o a salvar o capitão.
•Assim
mesmo morreram seis pessoas, dois religiosos da Soledade, Fr. Domingos do
Sardoal e Fr. Luiz de Castello Branco, o padre Carlos Fernandes, um rapaz, um
estudante preto e uma escrava do capitão.
“A
enchente lá os foi levando para terra e aportaram á do gentio bravo de
Casamansa. O bispo, amparado pelo seu secretario, Antonio Martins Pereira,
chegou a terra vestido apenas com uma camisa, roupa que o cobriu durante o
tempo em que esteve mettido na agua; contava já sessenta e cinco annos de
edade.
“Pouco
depois da uma hora da noite de 23 para 24, estando os náufragos mettidos no
malto, viram-se cercados de negros armados, que os aprisionaram,obrigando o
bispo a despojar-se da unica camisa. Os negros tomaram então conta dos
naufragos, dividindo-os entre si, passando alguns em canôas, incluindo o bispo,
para a outra margem do rio. Ahi deram-lhe uma camisa, mas fizeram-no passar
pelas maiores torturas, levando-o descalço até Jambarém, povoação a duas leguas
da praia.
“Esteve
captivo setenta e oito dias em casa do negro Cambiça, juntamente com Fr. Manuel
de Evora, leigo, Fr. Vicente de Castello Branco e mais dois clerigos.
“Ao cabo
de oito dias de captiveiro appareceram duas
lanchas de Cacheu, mandadas pelo capitão da praça, Nicolau de Pina de Araujo,
que vinham saber se os naufragos eram mortos ou vivos, em vista das noticias
que tiveram pelos onze que lá chegaram.
“Alguns
dos naufragos passaram os gentios para Cabo Roxo, e pela segunda vez vieram as
lanchas com fazendas para o resgate do bispo. Na lancha vinha o conego e visitador Bernardo Lopes Martins,
que levava lambem fazendas para o mesmo fim.
“Aqui se
demoraram as lanchas por não poderem passar a Jambarem por soprarem ventos
contrarios, resgatando o capitão, e para a resgate do bispo trabalhou-se
cincoenta e cinco dias, por o negro Cambiça, o mais terrivel e tyranno
d'aquella tribu, não o deixar passar a Cabo Roxo, onde logo seria resgatado.
“Com
grandes perigos passou a Jambarem o visitador, que levava as fazendas já
pedidas pelo Cambiça, sem ohter resultado, e depois o mesmo aconteceu com o
capitão Duarte José. Conseguiram, porém, libertar o bispo no dia 11 de maio,
dando muita fazenda ao Cambiça, quanta elle exigiu.
“Partiu
de noite de Jambarem a pé, descalço pelos areaes, e ás duas horas da noite
chegou a Cabo Roxo, tres leguas de Jambarem.
“Alli o
tomou a chalupa do capitão Manuel Clemente, irmão do capitão da corveta, e
seguiu n'ella para Cacheu o bispo, acompanhado do visitador.”
Em 12 á noite chegou â
barra de Cacbeu, indo logo visital-o
o capitão-mór da praça, Manuel Pires,
e outros, desembarcando a 13 e sendo
muito saudado pelos moradores; recolheu ao bospicio dos reverendos padres e
religiosos da Província da Soledade.
O capitão Nicolau de Pina mandou
fazer com a possível magnificência uma solemnissima resta a Nossa Senhora das
Mercês em acção de graças
por tal resgate. Prégou o prelado.
Na praça
demorou-se desde 13 de maio até 8 de julho, e melhorou muito de saude.
Os outros
captivos foram resgatados, adoecendo todos, e morrendo os padres José Gomes, Antonio Vaz da Costa, e Fr. José
do Bom Saccesso, leigo da Provincía da Soledade.
No
captiveiro morreram ao desamparo dois brancos e o padre Manuel de Andrade, degolado
pelo gentio.
O presidente do hospício de Cacheu, Fr.
Manoel de Azurara, sabendo que em Jambarem estavam padres da Provincia da
Soledade, pensou em ir resgatal-os; effectivamente foi para esse local, mas
alli ficon tambem captivo, por ter encalhado a canõa, até ser resgatado por Fr.
Manuel da Capinha, o qual indo a Jambarem levou os pretos a virem a bordo
receber presentes, trazendo o Fr. Azurara, e logo que os apanhou mandou-os
amarrar, libertando seu irmão.
Em 8 de
julho partiu o bispo para S. Thiago, e dois dias depois faleceram os padres Manuel Rodrigues dos Santos e Fr. Antonio Figueiró dos
Vinhos; em 18 Fr. Manuel Quintella, e estando
o bispo a absolvel-o teve lambem uma febre muito intensa, obrigando-o a
recolher ao beliche; morreu a 21..
Em 18 de
junho o capitão·mór de Cacheu, Manuel
Pires, narrou o precedente naufragio, e na mesma data o bispo, que dizia:
Buscando
o piloto a ilha da Boa Vista, para melhor encontrar a ilha de S. Thiago, foram
estas varadas, o que se conheceu só a 5 de fevereiro; então o piloto lhe
dissera que estando n'aquelle ponto só o poderia levar para o Brazil ou Guiné,
e preferindo elle este ultimo foi o piloto em busca de Cacheu.
Avistou-se
terra junto de uns baixos, os de Casamansa, e não se poude distinguir que ponto
era por causa do nevoeiro; assim fundearam em 21 de fevereiro, onde esteve até 22 de manhã, que o navio se fez á
véla, fundeando ao meio dia.
Pelas
duas horas da noite de 22 para 23 encalhou a corveta nos baixos, desfazendo-se
em duas horas. Sabia n'uma jangada feita com quatro mastareus, com quarenta e
oito companheiros, ao todo quarenta e nove; em uma lancha assentaram-se onze
pessoas, e sete sobre dois pedaços do navio, da popa e prôa.
Em sete
horas foi a jangada levada para cima de uns baixos, de que resultou
desamarrar-se um dos paus, e indo ao mar a muito custo se salvou, ficando
comtudo alli sepultados dois religiosos, um clerigo e mais tres.
Com a
enchente foi levado para a terra do gentio bravo, onde foi captivo setenta e
oito dias, passando mortificações corporais e necessidades crueisl entre os
mesmos gentios; que foi resgatado pelas diligencias de Nicolau de Pina e
Araujo, capitão; do visitador, o conego Bernardo Lopes Martins; e do capitão da
corveta, Matheus Francisco.
É para
estranhar que na lancha não houvesse um logar para o bispo, fugindo n'ella
quatro padres, sem attenção alguma para com o seu prelado, e ainda mais para
com um homem de 65 annos.
O bispo
foi de Cacheu para Cabo Verde, a 8 de julho, n'uma embarcação de que era mestre
Braz das Candêas, o qual communicou á sua chegada a Lisboa que elle havia
fallecido no mar ao cabo de treze dias de viagem.
Em um
manoscripto encontramos informações ainda muito minuciosas sobre este
acontecimento, que impressionou D. João V, pelo muito que estimava aquelle
infeliz prelado, homem illustrado e virtuoso, razão por que tinha os títulos de
seu conselho e de sumiller da cortina. Conseguira de El-rei tudo quanto
pretendia para o bispado, não só ricos ornamentos e pontificaes para a Sé e
provimentos para todas as egrejas, mas ainda ajuda de custo para os clerigos
que o acompanharam.
No
naufragio da corveta perderam-se os ornamentos, que os gentios aproveitaram
para vestimentas.
Conta que
o visitador conego Bernardo Lopes
Martins, natural de S. Thiago, propondo-se a ir resgatar o bispo, buscou um salvo
conducto de uns gentios mais mansos que communicavam com aquelles, e com animo
intrepido foi solicitar o resgate. Houve, porém, difficuldades no ajuste,
porque os gentios reconheceram que o bispo era homem principal entre os
brancos. Depois do ajuste realisado, e em seguida á entrega, o gentio Cambiça
descarregou sobre a face do prelado uma tremenda bofetada, dizendo-lhe que
era para lembrança.
O bispo
seguiu com o conego para Cacheu, vestido com uma lunica de Osoria, com
as barbas crescidas até ao peito e coberto de bichos.
Agradeceu ao conego o beneficio da sua redempção, elevando-o ã
dignidade de arcediago, vaga por morte de José Roballo de Gambõa, e também
gratificou o padre Bernardo Rodrigues
Pereira, natural de S. Filippe (Fogo), vigario na praça de Cacheu,
nomeando-o cooego na vaga existente, por ter concorrido para o seu resgate, não
só acompanhando o referido conego, embora não saltasse em terra, mas por ter
apromptado o dinheiro, cinco mil cmzados, que elle tinha em sua mão, como
testamenteiro do mestre-escola Antonio Henriques Leitão, e pertencente aos
herdeiros d'este, para cuja satisfação o prelado passára lettras para Lisboa,
as quaes não chegou a satisfazer por ter morrido no mar.» -
Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné, por Christiano José de
Senna Barcellos, parte II,
pgs. 285-289, Lisboa,
1900
«D. Fr. João de Faro, franciscano, nomeado
em 6 de Junho de 1738 foi sagrado em 5 de Outubro.
O novo bispo só embarcou com destino à sua diocese em 14 de
Janeiro de 1741, na corveta S. Sebastião e Almas, em companhia
de
17 presbíteros de hábito de S. Pedro e 9 franciscanos,
mais
I
sobrinho· e 6
seculares da sua família.
TaIvez porque o capitão
da corveta não conhecia bem a região, passou-se além das ilhas de Cabo Verde e, em 5 de Fevereiro,
tendo-se reconhecido o êrro, resolveu o bispo ir à costa da Guiné que
desejava visitar. Aproaram, por isso, em direcção a Cacheu.
Tendo avistado uns baixos do rio Casamansa, o barco fundeou, em
21 de Fevereiro, indo o comandante numa lancha fazer o
reconhecimento da terra, o que não conseguiu por causa de muitos baixos que rebentavam.
No dia seguinte, com surpresa de todos, a corveta encalhava, desfazendo-se
no meio da grande rebentação.
Saltaram para a lancha 11 pessoas, 4 religiosos e 7
marinheiros que remaram para Cacheu. Os restantes 49 passageiros meteram-se numa
jangada, deixando-se arrastar ao sabor das correntes.
A certa altura desprendeu-se uma parte da jangada e naufragaram 6
dos passageiros; os restantes conseguiram chegar a terra, onde foram
aprisionados pelos indígenas felupes, na noite de 23 para 24 de
Fevereiro. O bispo João de Faro, que contava 65 anos de idade,
juntamente com alguns companheiros esteve prêso na casa do çhefe
Cambiça, em Jamborém, a 3 léguas do Cabo Roxo. Ao fim de· 8 dias
apareceram duas lanchas, enviadas de Cacheu pelo capitão-mór Nicolau de Pina Araújo, que
conseguiram libertar uma parte dos naufragos. Para obter o resgate
do bispo, que continuava cativo, veio de Cacheu
o
conego Bernardo Lopes Martins, que gastou 55 dias para conseguir
a libertação, vendo-se na necessidade de satisfazer tôdas as exigências em dinheiro e
fazendas do chefe Cambiça.
Chegou afinal a Cacheu em 12 de Maio e
recolheu ao hospício dos franciscanos, onde esteve até 8 de Junho.
Nessa data embarcaram para Cabo Verde, mas
durante a viagem uma moléstia grave atacou os passageiros, não poupando o bispo, que veio a falecer em 21 de Julho de 1741.
Em Casamansa continuavam no cativeiro alguns religiosos; um deles foi degolado. O superior dos
hospício de Cacheu, Fr. Manuel de Azurara, tendo. para ali seguido
com o fim de proceder ao resgate, foi também aprisionado. Para o libertar dirigiu-se
para o local outro
religioso, Fr. Manuel da Capinha, que para conseguir o seu fim teve de se servir de um estratagema.
Pediu aos indígenas que viessem com o cativo a bordo da sua lancha receber os presentes e quando os viu dentro da lancha, tratou de os prender
e fazer-se ao largo.
Para o resgate do bispo João Faro, o vigário de Cacheu Rodrigues Pereira (natural do Fogo) emprestou 5.000 cruzados pertencentes ao
espólio do padre António Henriques Leitão, tendo o bispo
passado letras responsabilizando-se pelo seu pagamento.
Com a sua morte inesperada, a divida não foi
satisfeita e, por isso, os herdeiros do padre Leitão demandaram o depositário Rodrigues
Pereira, que teria talvez de pagar aquela quantia se o
terramoto de Lisboa, de 1755, não tivesse liquidado os processos pendentes.»
João
Barreto, HISTÓRIA DA GUINÉ
1418-1918, edição do autor, Lisboa, 1938, pgs.
419-421
1741/03/03
Alvará
determinando que todos os negros que forem achados residindo voluntariamente em
quilombo, sejam marcados num ombro com a letra F, e, se na ocasião de os
marcarem, se verificar que já estavam marcados, então se lhes corte uma orelha.
Portugal, Torre do
Tombo, Leis e ordenações, Leis, mç. 4, n.º 92.
Os quilombos eram entendidos pelo governo
português em 1740, pelo Conselho Ultramarino como todo o agrupamento de negros
fugidos, que passe de cinco, ainda que não tenham ranchos levantados em parte
despovoada nem se achem pilões neles.
1741/06/21
Falecimento de D.FREI
JOÃO DE FARO, bispo da diocese de Cabo Verde.
1741/09/15
«João Zuzarte de Santa Maria - nomeado
por carta de 15 de Setembro de 1741 com sôldo de 2.400$000. A sua maior preocupação foi aumentar s seus rendimentos particulares com a venda de patentes de oficiais milicianos, para o que não duvidava exonerar uns, para logo a seguir nomear
outros. Devido à faculdade concedida aos sargentos-mores e
governadores de venderem as patentes, chegou a haver em Cabo Verde oficiais milicianos com 8 e 9 anos de idade. Para sindicar os actos
dêste governadcr, fci nomeado o desembargador Custódio Correia de Matos, que chegou a
Santiago em 21 de Abril de 1752, mas Zuzarte de Santa Maria havia
falecido no mês de Janeiro.» João Barreto
1742/00/00
Surto epidémico em Santo Antão
1742/05/02
Tomada de posse de JOÃO
ZUZARTE DE SANTA MARIA.
Gabriel Mariano, ao
citar o bispo Português D. Frei Vitoriano, que viveu em Cabo Verde de 1688 a
1705, diz que:
«JOÃO ZUZARTE DE SANTA MARIA viveu sempre em continuado concubinato com
sua escrava por nome de Maria Sábado de quem teve dois filhos, e que tratava
como legítimos. O governador levava o filho mais velho (mulato) à igreja e
dando-lhe nela assento junto a ele, governador.A administração do governador Zuzarte não merece elogios, tendo ele
sido aliás um homem muito cortês e afável, porém excessivamente ambicioso. Introduziu o condenável costume de os
governadores cobrarem para si os emolumentos pelas patentes, que até ali
pertenciam aos secretários e sargentos-mores das Praças, e por isso tinha maior
interesse de mandar passar, a cada passo, novas patentes, dando baixa de posto
a uns oficiais e nomeando outros. Levou em sua companhia um filho na
qualidade de secretário e a quem nomeou sargento-mor para cobrar as patentes.
Era um Nero para os soldados; á mais pequena falta applicava um castigo forte
em dinheiro, ainda mesmo que a falta fosse pequena ou justificada. Por esta
forma aquelle governo era uma mina preciosíssima! As fortificações, construidas
pelos seus escravos com barro e agua salgada, desfaziam-se ás primeiras chuvas,
havendo assim perpétuos trabalhos, e recebendo elle os jornaes dos seus
trabalhadores. Viveu sempre em boa
camaradagem com as suas bonitas escravas, das quaes teve muitos filhos, e como
bom pae e religioso os levava á missa, aos domingos, dando-lhes logar de honra,
junto de si, no sitiati Greou muitos empregos pelas ilhas para poder arranjar
dinheiro com as patentes que passava. Entre
este governador e ouvidor geral INNOCENCIO ALVARES DA SILVA houve graves
dissidências» fazendo-lhe este justas recriminações, em vista do que, tendo el-rei nomeado o desembargador
GUSTODIO CORREIA DE MATTOS syndicante da real fazenda de Gabo Verde e do
governador Zuzarte, aproveitou a occasião de o encarregar de tirar também
residência ao mesmo governador sobre os pontos da accusação do ouvidor: dos
descaminhos que commettera o feitor de
S. NICOLAU ESTEVAM SPENCER, nomeado pelo governador; concerto da camará da
vila da Praia; sobre a morte feita a LEÃO
PEDRO DE CASTRO, mandado assassinar pelo governador; sobre a violência que os rendeiros usavam para eom oi moradores da
ilha Brava; sobre a élevação que se intentou contra o capitâo-mór do Fogo CAETANO DE MELLO E ALBUQUERQUE, e ainda «sobre
o dito govemador não cuidar das fortificações. O syndicante chegou á ilha de S.
Thiago só em 21 de abril de 1752, mas já fallecera o governador Zuzarte em
janeiro do mesmo ano. Não sabemos se existem hoje descendentes daquella
gloriosa falange de formosas escravas. Morreu em Janeiro de
1752.»
1743/02/17
Sagração
de D.FREI JOÃO MOREIRA como bispo da
diocese de Cabo Verde. Chegou em 1744 e tomou posse a 29.05.1744.
1743/05/04
Inocêncio Alvares da Silva provido
ouvidor em 4 de Maio de 1743, com ordenado de 800 :ooo réis além de
200:000 réis de ajudas de custo; tomou posse em
29 de Maio do ano seguinte.
1745/11/00
«Já
tivemos occasião de nos reíerirmos a uns tumnltos havidos no Fogo entre o
capitão-mór e os officiaes da companhia da Nobreza, relatados por aquelle em
novembro de 1745, e n'esse mez succedidos.
Queria o
capilão-mór passar-lhes revista, intimando a todos a comparência na casa da sua
residencia; á hora marcada appareceram todos, á excepção de um, que só chegou
mais tarde. Durante esse tempo de espera, como não houvesse attenção alguma do
capitão-mór para com aquelles officiaes, que ficaram á porta da rua, de pé, sem
os mandar entrar, exasperaram-se alguns, e entrando em tumulto travou-se logo
conflicto.
Segundo a
accusação eram os mais culpados: Filippe
Correia e seu irmão Antonio Barbosa Aranha, Leão de Barros, Antonio F'rancisco
Vieira, João Vieira da Cruz, Estevão Pereira de Mattos, e outros de que não
foram citados nomes, induzidos todos pelo padre lgnaclo Mendes Rosado.
O
governador, mandado ouvir, respondeu em carta de 28 de julho de 1748 que assistia em S. Tbiago e por isso não sabia
de certeza o que alli se passára, mas por pessoas fidedignas constou-lhe que o padre Mendes Rosado mantinha grandes
amizades com os cinco primeiros e estes seguiam os conselhos d'elle.
O
Conselho ultramarino, em seu parecer de 16 de abril de 1749, manifestou-se a
favor do capitijo-mór, votando que os seis mais culpados fossem castigados por
algum tempo, sendo mandados para outra ilha, e os mais reprehendidos.
Pela resolução régia de 21 de abril foi ordenado, porém, que
aquelles seis homens fossem chamados â presença do governador para os reter
presos na cidade pelo tempo de seis mezes, e passados estes deixasse recolher
ás suas casas os que elle visse com menos culpa, continuando a reter os outros
pelo lempo que lhe parecesse, mas não excedente a um anno, e todos fossem
adverlidos sobre o respeito com que deviam tratar o capitão-mór. Estes castigos
foram applicados pela carta régia de 22 de agosto de 1749.» -
Subsídios para a
História de Cabo Verde e Guiné, por Christiano José de
Senna Barcellos, parte II, pg. 302, Lisboa, 1900
1746/09/18
«Não obstante as nossas autoridades terem abandonado· a povoação de Bissau desde 1708, e destruido
o
primitivo forte, a influência portuguesa mantinha-se no canal de Geba, graças
sobretudo à oposição feita pelos papéis às tentativas
francesas.
É
possível que os protestos de amizade do .régulo Incinhate pelo
nosso Govêrno não fôssem muitos sinceros e que a sua atitude de
oposição aos franceses tivesse apenas
por fim defender a sua própria independência, tanto mais que, depois da retirada das nossas autoridades,
ficava com inteira liberdade de acção. Seja como fôr, a sua atitude
correspondeu durante algum tempo aos nossos interêsses.
Em 18 de
Setembro de 1746, faleceu êste régulo e pouco depois o ·capitão-mor
de
Cacheu
voltava
à
carga lembrando a conveniência da reocupação de Bissau e comunicando que havla grandes
esperanças de o novo rei se baptizar,
e êste lhe mandara dizer que os franceses haviam
ali entrado e queriam alevantar uma
fortaleza no ilheu do Rei. O mesm'o rei
pede para se lhe mandarem uns vestuarios ... » (S. B.).
Em
Portugal, porém, os Procuradores da Fazenda, o Conselho Ultramarino e o Monarca
continuavam a manifestar-se contra a idea da reconstrução da
fortaleza. O Procurador da Fazenda, informando sôbre o
assunto, dizia que não se devia
levantar de novo a fortaleza ...
Por seu lado o
Conselho Ultramarino declarava que a fortaleza
de Bissau havia sido demolida porque Cacheu não tinha rendimentos
para a sustentar, porem, era facto, por outro lado, que os direitos dos escravos, aliaz importantes, se estavam perdendo.
Querendo El-Rei mandar reedificar a fortaleza para se facilitar a extracção de escravos de grande utilidade para
o Brasil, tornava-se preciso mandar um
engenheiro com patente de capitão-mor e promessa
de que findos os trabalhós se lhe daria o governo de Cabo
Verde.
A
resolução do problema foi adiada e o desinterêsse do governo de D. João V pela ocupação
de Bissau manteve-se até à morte dêste monarca. Mas, com a
aclamação do rei D. José I, a mudança de orientação
política
em. matéria colonial fez sentir-se imediatamente.
Em 1751,
D. José I satisfazia o pedido de fardas feito pelo capitão
de Cacheu com o fim de obsequiar o novo régulo dos papeis. E quanto à reedificação da fortaleza
informava
que
oportunamente
se providenciaria.»
João Barreto, HISTÓRIA DA GUINÉ 1418-1918, edição do autor, Lisboa, 1938, pg. 149-150
1746/12/12
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, DIONÍSIO
CARVALHO DE ABREU, ao rei [D. João V] dando conta da morte do rei de Bissau
e da eleição de um novo rei; remetendo carta do novo rei de Bissau comunicando
a morte do seu antecessor.
Anexo: carta (cópia).
AHU-Guiné, cx. 7, doc.
60 e 57.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
623.
1747/00/00
Em 1747 aconselhava o capitão-mor de Cacheu que para a conversão do rei de Bissau bastava que lhe mandassem de
presente uns vestidos. D. João V
pouco se importou, porém, com o pedido, pois mostrava sempre a maior
indiferença pela ocupação de Bissau. O rei D. José, em sua resolução de
10 de Novembro de 1751, satisfez o pedido do capitão-mor de Cacheu e mandou os
vestidos para aquele régulo, fazendo-o ciente que quanto á construção da
fortaleza de Bissau mais tarde se resolveria.
1747/07/15
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, DIONÍSIO
CARVALHO DE ABREU, ao rei [D. João V] sobre a possibilidade e os benefícios
do batismo do novo rei de Bissau; remetendo carta inclusa do dito rei onde se
declara vontade de converter ao cristianismo, e da intenção francesa de
construir uma fortaleza, o que seria prejudicial para a Coroa portuguesa.
AHU-Guiné, cx. 7, doc.
70.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
630.
1747/08/13
Falecimento de D. FREI JOÃO MOREIRA
1748/00/00
Fundação,
em Nantes (França), da Société d'Angola, destinada ao
tráfico de escravos no litoral angolano.
No seu tratado Espírito
das Leis, Montesquieu combate a escravidão dos africanos.
JOÃO DE TÁVORA é capitão-mor de Cacheu até 1751. Nascido a 25.03.1703, Macieira de Cambra, Vale de Cambra, foi
Capitão Mor da Praça de Cacheu nos ano de 1748- 1751 (Registo Geral de Mercês, D. João V, liv. 37, fl.215). Falecido a 27 de Outubro 1752, na Guiné, de morte repentina. Foi considerado um
aventureiro de origem fidalga e
um súbdito bem relacionado. Em 15 de Abril de 1728 era Mestre Capitão e Avançador da nau "Santa
Ana e Almas",
indo de Angola
para Bahia. Em 1734
estava na Ilha de
S. Tiago, "João de Távora natural e morador nessa Corte que se acha ao presente ancorado com o seo navio no porto de Vila da Praia de Santa Maria desta Ilha que daqui passa para o Rio de
Janeiro, por uma petição lhe desse Licença
para poder povoar a Ilha de S. Vicente e fortificar o porto grande dela". Propôs ao governo português um contrato
de concessão onde ficaria assegurado a ocupação e a fortificação do
porto da ilha, por um período de 10 anos, podendo em contrapartida desfrutar-se de todos os rendimentos que a ilha produzisse. No entanto
o governo português, na pessoa do Governador Bento Gomes Coelho, não se mostrou interessado na altura, tratando a proposta com um soberano desprezo, tendo João de Távora voltado o seu interesse a se instalar no Brasil. Em 1734/1735, já no Brasil, João de Távora foi prisioneiro dos Espanhóis da Colónia de Sacramento, tendo conseguido fugir para Rio Grande com 200 lndios e outros casais. Em 1737 foi Capitão Mor de
Canasvieiras, Brasil. Em 05.06.1742, na carta patente constava que "na ilha de Santa Catarina se achava um João de Távora, 'pessoa muito de bem e conhecido préstimo". Em 1738, foi nomeado na patente de mestre-de-campo.
Após a
sua morte, os irmãos Marcelino José Jorge de Távora, António
José Jorge Henriques e Maria Teresa da Cruz apresentaram
um auto de Justificação, Feitos Findos no ano de 1752 no
Juízo da Índia e Mina, no qual os justificantes
pretendiam receber, como únicos herdeiros, a herança deixada por seu irmão João de
Távora, capitão-mor de Cacheu e aí falecido- (doc. PT-TTJIM/JJU/1/23/15, maço 23, n° 15, ex. 41 , Justificações
Ultramarinas respeitantes a África) .
O outro
filho de João Jorge Henriques, Marcelino José Jorge de Távora
Henriques, foi militar ilustre, tendo servido no Regimento da Corte como soldado e Cabo de Esquadra
desde o
ano de 1749 até 1755 e parte de 56 e, depois, dois anos na Fortaleza de
S. João da Foz do Douro da Barra do Porto (de 56 até 7 de Março de 1757), até ir
para Cacheu, onde serviu no Posto de Alferes Tenente da dita praça. Em 27 de Setembro de 1763, o rei nomeia-o capitão-mor da ilha do Fogo,
cargo de que tomou posse em 25 de Março de 1764. Morreu em
1787, com 68 anos de idade .
Eram
os principais dignatários do rei os primeiros a não se conterem no seu ímpeto
de procriação, como se pode depreender de um relato de 1784, no qual dá-se-nos
conta de que o governador JOÃO ZUZARTE
DE SANTA MARIA, natural de Santarém (1748-1752), “era de consciência tão
relaxada e tão pouco temente a Deus, que sendo
de idade já avançada, viveu sempre em concubinato com sua escrava, por nome
MARIA SÁBADO, de quem teve dois filhos, que tratava como legítimos, e até
levando o mais velho à Igreja e dando-lhe nela assento (...)”; e de que o DR. JOSÉ DA COSTA RIBEIRO “(...) tinha
seis raparigas suas escravas a quem mandou ensinar música e instrumentos porque
eram o seu ídolo” (1).
(1) Carreira A., Cabo
Verde: Aspectos sociais: secas e fomes do século XX, Lisboa:
Ulmeiro, pp. 149-150.
Na fome 1748-50 o
governador LUÍS ANTÓNIO DA CUNHA D’EÇA
afirma que quem tinha escravos “dava-os
de graça para não os ver morrer a todos de fome como sucedeu a muitos”.
1748/09/00
MEMÓRIA
sobre o estabelecimento de uma nova Companhia de Cacheu, expondo o papel que a
dita Companhia teria na conversão dos gentios da costa africana, com o envio de
missionários, na arrecadação de direitos para a Fazenda Real e na saída de
géneros da Guiné; relembrando que a
antiga Companhia de Cacheu levava escravos oriundos do Rio de São Domingos para
Buenos Aires, actividade interrompida com a Guerra da Restauração;
advertindo que actualmente os rendimentos das praças sob domínio português na
Guiné eram escassos e os direitos reais cobrados não davam para pagar aos
filhos da folha; informando que Bissau e Serra Leoa eram governados por gentios
e eram frequentados anualmente por nações estrangeiras; e da importância desta Companhia em virtude da
falta de mão-de-obra escrava no Brasil.
AHU-Guiné,
cx. 25, doc. 30.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
641.
1748/09/25
CONSULTA do Conselho Ultramarino ao rei [D.
João V] sobre carta do capitão-mor de Cacheu, de 22 de Fevereiro de 1747, informando
não haver na ilha de Bissau forças que
fizessem respeitar as armas portuguesas, em virtude dos navios portugueses
e estrangeiros que iam ali carregavam escravos e outras fazendas se negavam a
pagar os direitos em prejuízo da Fazenda Real; apresentando a proposta [de uma aliança com o rei de Bissau] através do
seu baptismo como uma solução para o problema.
Obs.:
esta consulta contém um acrescento de 26 de Outubro de 1748; anexo: despacho,
parecer e
informação.
AHU-Guiné,
cx. 7, doc. 83 e 80.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
639.
1749/00/00
Francisco Xavier de Araújo nomeado
ouvidor provisoriamente em 1749, teve
carta em 5 de Novembro de 1752.
1749/07/25
CARTA do capitão-mor
da praça de Bissau, JOÃO DE TÁVORA, ao rei [D. João V] sobre carta do rei
de Bissau, de 22 de [Junho de 1749], dando conta da sua pretensão de receber o baptismo, depois da época das águas; informação confirmada pelos religiosos do
hospício de Bissau, nomeadamente pelo padre
comissário frei MANUEL DE PAÇOS; pedindo que fosse remetido um vestido
branco para ser usado pelo régulo no dia do baptismo.
AHU-Cabo
Verde, cx. 23, doc. 36.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
646.
1749/07/31
«O desembargador e ouvidor geral Alvares da
Silva, em carta de 31 de julho de 1749, communicou a El-rei que o governador tinha mandado commeter um
assasslnio por quatro dos seus escravos, achando-ae tudo provado por uma
devassa que tirou.
O crime
deu-se junto ás casas da residencia do mesmo governador, motivado pelos ciumes que este teve de uma sua escrava, Brazia, com
quem mantivera relações illicitas. A escrava infiel tinha ido para casa do
assassinado, que era casado, recolhendo á noite acompanhada por elle.
O
governador· deixara a porta aberta e por detraz d'ella quatro negros
escondidos, os qnaes sahiram ao encontro da victima, prostrando-a
immediatamente.
Mais
escravos possuía o governador, mas tendo premeditado o crime, e não confiando
n'elles, tratou de os vender, ficando apenas com os quatro.
Ainda o
ouvidor o accusou de lhe embaraçar a execução de algumas sentenças.
Ordenou-se que fosse substituido o governador.» -
Subsídios para a
História de Cabo Verde e Guiné, por Christiano José de
Senna Barcellos, parte II, pgs. 301-302, Lisboa, 1900
1750/00/00
OFÍCIO
(cópia) [do capitão-mor da praça de
Cacheu, JOÃO DE TÁVORA,] ao mestre MANUEL
DE FIGUEIREDO GOUVEIA acerca das encomendas para o rei de Bissau e das
portas para a igreja matriz [de Cacheu] que constavam de um aviso do Conselho
Ultramarino; advertindo que deveria haver mais descrição e cautela no que
tocava aos presentes enviados de Portugal para os reis da Guiné, em virtude da
notícia que circulava que o dito mestre trouxera de Lisboa um vestido para o
rei de Bissau; determinando que entregasse a carga destinada a Cacheu para ANTÓNIO ALBERTO e que não pagasse quaisquer direitos ao
capitão-mor da praça de Bissau, uma vez que pretendia deslocar-se pessoalmente
a Bissau para fazer a arrecadação dos direitos reais.
AHU-Guiné,
cx. 25, doc. 80.
AHU_CU_049,
Cx. 7, D. 653.
1750/11/04
RELAÇÃO
das segundas vias das cartas enviadas pelo capitão-mor
de Cacheu, JOÃO DE TÁVORA, ao monarca pelo navio que partiu da praça [de
Bissau] e naufragou na vila da Praia, Cabo Verde, sendo a primeira carta acerca
de uma remessa ao cofre do Conselho Ultramarino do custo do ferro, a segunda
a respeito do baptismo do rei de Bissau, e a terceira sobre o estado da praça e
conquista de Bissau.
AHU-Cabo
Verde, cx. 23, doc. 36.
AHU_CU_049,
Cx. 7, D. 652.
1751/00/00
JOÃO PEREIRA DE
CARVALHO foi capitão-mor da praça de Cacheu e irmão da Misericórdia da cidade
da Ribeira Grande em 1751. Nasceu em 1690. Pai
do capitão-mor da Praia Francisco Álvares de Almada (1755). Cavaleiro da
Ordem de Cristo (1747). Em 1748 era capitão de uma companhia de Ordenança.:
AHU, Cabo Verde, Papéis Avulsos. cx. 21, doc. 43, 3 de Junho de 1747;
AHU. Cabo Verde, Papéis Avulsos, cx. 22. doc. 45, 20 de Novembro de
1748; AHU, Cabo Verde. Papéis Avulsos, cx. 23, doc. 47, ant. 12
de Janeiro de 1751; AHU, Cabo Verde. Papéis Avulsos, cx. 25, doc. 57, 16
de Dezembro de 1755; AHU, Cabo Verde, Papéis Avulsos, cx. 27. doc. 64, 2
de Maio de 1762; AHU. Cabo Verde, Papéis Avulsos, cx. 27, doc. 52, ant.
28 de Junho de 1762.
FRANCISCO ROQUE SOUTO-MAIOR é capitão-mor de Cacheu
até 1755
1751/04/23
ANTÓNIO JOSÉ D’EÇA
E FARIA governador de Cabo Verde. Morreu em 15 de Junho do
mesmo ano, ficando a câmara a governar interinamente até Junho de 1754.
1751/10/14
Alvará proibindo que se levem negros para terras que não
sejam do domínio português e determinando a forma por que será dado despacho dos
escravos mandados para a colónia do Sacramento ou outros lugares vizinhos da
raia portuguesa. (Portugal, Torre do
Tombo, Leis e ordenações, Leis, mç. 4,n.º 130).
1751/10/19
CONSULTA do Conselho
Ultramarino ao rei [D. José I] sobre carta do capitão-mor da praça de Cacheu, JOÃO DE TÁVORA, de 8 de Março de 1751,
acerca dos negócios na ilha de Bissau, dando conta da instituição de uma nova casa da companhia francesa naquela ilha; da
intenção do rei de Bissau em receber o batismo.
Anexo: carta (cópia),
consulta (cópia), cartas e provisão (cópia).
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
8 e 5.
AHU_CU_049,
Cx. 7, D. 657.
1751/10/21
A presença de pequenos serviçais de clérigos aparece em
alguns documentos. No livro de baptismo da Sé de Lisboa, referente
a
21
de Outubro de 1751 consta o registo de Francisco adulto (sic.), que mostrara ter treze anos de idade, natural de Cacheu, filho de pais gentios e escravo do Padre Manoel Recador (sic.) (1). Os leigos
também usufruíam do tráfico de meninos e meninas serviçais: «Aos dois
dias do mês de maio de mil setecentos e cinqüenta e um, de manhã,
nesta Basílica de Santa Maria, baptizei e pus os Santos Óleos a
Maria adulta (sic.), de idade de quatorze anos, natural
de Cacheu, e escrava de
Antonio Nunes de Oliveira ...» (2).
(1) Registro paroquial de batismo da Sé, Lisboa, Arquivo
Nacional da Torre do Tombo, Cx 11 - L.13 .
(2) Registro paroquial de batismo da Sé, Lisboa, Arquivo
Nacional da Torre do Tombo, Cx 11 - L.13.
1751/12/27
CARTA
do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, informando que na ilha
de Santiago de Cabo Verde chegara um navio de Cacheu trazendo dois religiosos
missionários com notícias da Guiné; afirmando que segundo os religiosos a praça
de Cacheu se encontrava em péssimo estado, em virtude da morte do capitão-mor JOÃO DE TÁVORA, correndo perigo de uma
invasão por parte dos gentios por falta de infantaria, estando o comércio
impedido; dando conta que os cristãos de
Geba se sublevaram por não aceitarem como pároco um sacerdote enviado pelo
cabido da ilha de Santiago; mencionando que os franceses levaram 16 peças
de artilharia para a ilha de Bissau; avisando das notícias da presença na Guiné
de fragatas da companhia francesa das Índias Orientais cujo destino ignorava;
remetendo cópia da carta do rei de Bissau; referindo
os motivos de se não conservar a antiga fortaleza de Bissau; por sua vez
afirmava poder estar em Cacheu entre Março e Abril e solicitando ordens para ir
às ilhas de São Miguel e Terceira, nos Açores, para tomar 30 homens fardados
para a guarnição da praça de Cacheu.
Anexo:
carta (cópia), informação e carta.
AHU-Guiné,
cx. 8, doc. 11 e 26.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
660.
1752/03/00
FRANCISCO ROQUE DE SOTTO MAYOR é capitão-mor de Cacheu. Em
1752 Francisco de Sotto Maior instalou uma guarnição portuguesa em Bissau.
Sotto Mayor também hasteou a bandeira
portuguesa em Bolama
mas não criou uma feitoria. A guarnição portuguesa de Bissau
recebia poucos mantimentos e pessoal, e a colónia definhou até 1765, data em
que a Companhia do Grão Pará e Maranhão expediu reforços
substanciais.
1752/03/12
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao rei D. José I informando em disposição a um artigo do
seu regimento ser ou não conveniente a
proposta feita por JOSÉ GOMES DA SILVA para a instituição de uma nova Companhia
de comércio para Cacheu, expondo que Gomes da Silva e Companhia deveriam
depositar um milhão e meio de cruzados para a fortificação de toda a costa da
Guiné, sendo necessário duas naus de guerra para guardar aquela costa,
salvaguardando o domínio do rei de Portugal naqueles territórios; e advertindo
que se o monarca ordenasse a fortificação de Bissau e da Serra Leoa seria
necessário a arrematação dos contratos relativos à Guiné.
Anexo: carta.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
18 e 21.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
666.
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao rei D. José I dando conta em resposta à ordem contida
no 10º artigo do seu regimento acerca da antiga fortaleza de Bissau, a causa da
sua demolição, e do que restava das ruínas, se conservava alguma ruína ou
memória de como era a dita fortaleza; informando o seu parecer acerca da
conveniência de se reedificar a fortaleza, e se teriam alguma oposição do
gentio da ilha de Bissau, e se a edificação da fortaleza renderia direitos à
Fazenda Real, e se os rendimentos seriam suficientes para a guarnição da
fortaleza, e pagamento do capitão-mor e oficiais da fazenda; remetendo carta do
rei de Bissau.
Anexo: cartas,
instrumento em pública forma, certidão, sobrescrito e lembrete.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
19 e 15.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
667.
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao rei D. José I acerca dos artigos do seu regimento respectivamente à conservação da ilha de Bissau e à reedificação da fortaleza; e
averiguar se o seu antecessor teve resposta da carta que escreveu ao rei de
Bissau acerca da sua conversão; dando conta que teve notícia de que o rei de
Bissau recebeu o baptismo poucas horas antes de falecer, tendo-lhe sucedido
outro rei, que faleceu seis meses depois; informando que escreveu ao actual rei
de Bissau, ainda da ilha de Santiago, por intermédio do padre definidor frei MANUEL DE PAÇOS.
Anexo:
carta.
AHU-Guiné,
cx. 8, doc. 22.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
669.
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao rei D. José I dando conta em disposição aos artigos
8º e 9º do seu regimento sobre os franceses terem estabelecido uma Feitoria na
ilha de Bissau, e acerca do projecto de ali construírem uma fortaleza; e da
necessidade de averiguar quais os povos europeus tinham alianças com os gentios
de Bissau, para além dos portugueses.
Anexo: carta.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
23.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
670.
1752/06/24
LUÍS ANTÓNIO DA CUNHA D’EÇA é governador até 3 de
Abril de 1757. Foi no seu governo que, em Maio de 1754, Maranhão expediu
reforçospor ocasião de fazer na cidade de Ribeira Grande a sua entrada solene o
bispo D. Fr. Pedro Jacinto Valente, quando se deu a salva da bateria do
presídio, caíu uma bucha no cesta da gávia da galera em que tinha vindo o
bispo. Começando a arder foi ateando o fogo, de modo que, para salvar a cidade
do iminente perigo que lhe havia de causar a quantidade de pólvora que havia a
bordo, picaram as amarras ao navio e assim como era dia de tempestade, o vento
conduziu-o ao mar, aonde se deu a explosão, porém sem perigo para a cidade.
Pretendeu este governo JOÃO PEREIRA DE CARVALHO, que tinha
servido em Cabo Verde dos postos de alferes, capitão de infantaria,
sargento-mor, coronel e capitão-mor da vila da Praia e de Cacheu, provando o
seu direito com a seguinte nota de bons serviços. Em 1719, fundeando na Praia
uma galera e uma balandra de piratas, lançaram em terra, pela meia noite, 446
homens, tomando o presidio; senhores da praça, cercaram a casa do capitão-mor,
onde se achava o pretendente, que foi defendê-la à porta do quintal e ali
pelejou com tanto denodo que os obrigou a retirar ao cabo de três horas de rijo
combale, no qual morreu muita gente. O
novo governador tomou posse a 24 de Junho de 1752; ainda em Lisboa recebeu do
ministro uma representação escrita pelo capitão-mor da vila da Praia, FRANCISCO ALVARES DE ALMADA, protestando contra o
estado ruinoso das fortificações, câmara e cadeia da vila da Praia, para se
providenciar a tempo. O governador entregou essa representação nas mãos do sindicante CUSTODIO CORREIA DE MATOS
para seu conhecimento. Este, em 20 de maio de 1753, achando culpado o ouvidor XAVIER DE ARAÚJO, dirigiu a
este uma carta ordenando-lhe a entrega imediata do dinheiro que havia
recebido e que deixara de entregar ao almoxarife, e de repor tudo que tivesse despendido por sua ordem contra as provisões régias. Em 9 de março de 1754
respondeu o sindicante ao governador, dizendo-lhe : que tinha conhecimento da
Praia por lá ter ido em visita, e que procurando saber do dinheiro destinado àquelas obras soubera que o ouvidor geral se apossara dele, que bem podia
suprir os gastos até que se vencesse o pagamento de 4:000 cruzados e dez
tostões, preço porque fez arrematar as vacas, que se vendiam como refrescos
na vila aos estrangeiros. Entre o ouvidor e o sindicante reinou
sempre a maior desarmonia por causa da representação referida.
1752/07/02
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real], informado do estado das praças da Guiné, referindo que a
Feitoria de Cacheu estava sem dinheiro para pagar os filhos da folha, os
soldados, e fazer face às demais despesas; dando conta da construção de um novo
hospício para os missionários [franciscanos], em virtude do antigo ter sido
destruído num incêndio; enfatizando que ordenou aos habitantes que recolhessem
toda a pólvora para evitar incêndios; sobre a pouca extracção de cera na praça
de Ziguinchor, referindo que o comércio das terras do rei Jame, frequentada
pelo povo da praça, encontrava-se fechado; acerca da falta de soldados; expondo
o que vinha fazendo em relação a Bissau, nomeadamente acerca da carta e
embaixada enviadas pelo rei de Bissau, ressalvando que mandou padre MANUEL DE PASSAS a Bissau com o
intuito de não deixar o rei local consentir nenhuma operação dos franceses,
tendo os gauleses ido à ilha Bolama, vizinha de Bissau; pedindo socorro de
carpinteiros, pedreiros e ferreiros todos com as suas ferramentas para auxiliar
o engenheiro na obra da fortaleza de Bissau e para fazer reparos na igreja;
pedindo que a embarcação que fosse à Guiné levasse um piloto prático;
solicitando ordens para passar à ilha de Bissau salientando que esta deveria
ser elevada a cabeça político-administrativa da Guiné, em detrimento de Cacheu;
remetendo certidões atestando as suas afirmações; acerca da relação dos
presentes enviados para o rei de Bissau.
Anexo: relação,
certidões, carta e carta (cópia).
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
27.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
673.
1752/07/26
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real informando que prestou socorro a um navio francês que
encalhou naquelas partes, e que naquela embarcação estava um oficial que tinha
estado em Bissau dois anos antes no navio de “monsieur du Roché”; acerca das
quantias relativas à cobrança dos direitos reais dos navios que o cabo capitão da ilha de Bissau remeteu
para Cacheu, advertindo que o dito cabo vinha roubando à Fazenda Real;
dando conta que detectou uma grande irregularidade nos livros da Fazenda Real e
comunicando que aguardava a chegada do missionário frei Manuel de Paços vindo
da Serra Leoa com notícias daquelas partes; e expondo que usou as verbas da
alfândega para satisfazer as suas dívidas; e acusando a recepção de uma carta do negro JOSÉ LOPES [MOURA; dando conta
que recebeu o seu recado pelo padre missionário frei MANUEL DE PAÇOS e acusando a recepção de tabaco, açúcar, chocolate e
chá; afirmando que a Serra Leoa era do rei de Portugal e que estava desejoso
que lá construísse uma fortaleza; informando que deu ordens aos reis locais
para que os navios portugueses não pagassem taxas, exemplificando que o navio
de João Alves não tinha pago nenhuma taxa; dando conta que era católica tal
como os seus pais].
Anexo: carta.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
27-A e 26-A.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
674.
1752/11/22
CARTA (minuta) ao capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, do [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real], acusando a recepção das cartas enviadas de 12 de Março a
18 de Agosto, expondo a grande ruína em que se achavam as fortificações,
guarnições e ambição das nações estrangeiras em concorrem para o comércio daquelas
partes; informando que iriam 50 homens fardados e armados à Guiné, entre os
quais iam oficiais pedreiros, carpinteiros, serralheiros e ferreiros como
ferramentas pertencentes aos seus ofícios, bem como materiais e munições,
ressalvando que as portas e portais para a igreja matriz de Cacheu não foram
enviadas; elogiando o seu desempenho como capitão-mor de Cacheu, principalmente
por ter enviado emissários ao rei de Bissau e ao negro JOSÉ LOPES MOURA, senhor da Serra Leoa; acerca do atraso
das negociações em Bissau, em virtude da morte e sucessão do rei, referindo que
o novo rei se iria converter ao catolicismo; sobre os esforços para estabelecer
a presença portuguesa em Bissau e na Serra Leoa.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
33.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
683.
1752/11/30
RELAÇÃO dos materiais,
ferramentas, armas e munições remetidas para Bissau no iate São Joaquim, na
balandra Príncipe e na galera Nossa Senhora da Soledade, Santa Ana e Almas no
ano de 1752.
AHU-Guiné,
cx. 8, doc. 36.
AHU_CU_049, Cx. 7, D.
686.
1753/00/00
OFÍCIO [do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR ao secretário
de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real], acerca da
situação vivida em Bissau e dos motivos para iniciar as obras da fortaleza,
mencionando que montaram quatro peças [de artilharia] com os seus reparos;
sobre uma carta chegada de França dirigido ao capitão Joaquim Labarre
informando que uma fragata de guerra sairia de Nantes com destino a Bissau;
informando que o gentio de Bissau necessitava de ser castigado, mas
primeiramente preferiu dar início a construção daquela fortaleza, em vez de
castiga-los com armas, referindo que recebeu uma visita do rei de Bissau, tendo
aproveitado a ocasião para oferecer ao régulo uma frasqueira de aguardente, uma
camisa e um vestido que seria usado pelo seu antecessor, já falecido, no dia do
seu o baptismo; dando conta que construiu uma casa para recolher as peças [de
artilharia] montada, e que a bandeira portuguesa estava levantada na ilha de
Bolama; referindo a grande mortalidade que ocorreu entre os homens que
trabalhavam na fortificação de Bissau, e expondo os entraves que os gentios
colocavam à execução daquela obra; solicitando que se constituíssem em Cabo
Verde três Companhias de soldados para assistir nas obras de Bissau, bem como
que se enviassem xerém, cuscuz, feijão e carne daquelas ilhas; pedindo uma
fragata para assistir no porto de Bissau enquanto a plataforma e casas do
governo ficavam prontas, e que fossem enviadas pessoas capazes para servir nos
ofícios de escrivão, feitor e ajudante de obras; informando que frei Manuel de
Paços era confidente do rei da Rocha, primo do falecido José Lopes [Moura], e
respeitado pelos gentios, e desta forma regressaria à Serra Leoa para preparar
terreno, com o pretexto de construir uma igreja.
AHU-Guiné, cx. 25,
doc.79.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
722.
Ataque à nova fortaleza de Bissau,
comandado pelo RÉGULO PALANKA.
EXTRACTO DE CARTAS sobre
assuntos relativos à conservação das
praças de Cacheu e Bissau; sobre os apontamentos deixados pelo
desembargador José da Costa Ribeiro resultantes das visitas que fez às comarcas
das ilhas de Cabo Verde, mencionando os objectivos da comissão de CUSTÓDIO CORREIA DE MATOS; acerca da
presença de navios estrangeiros na costa da Guiné; sobre a reedificação da
praça de São José de Bissau e conservação das ilhas de Cabo Verde; referindo a
morte de José Lopes Moura e advertindo para a presença de ingleses na Serra
Leoa.
AHU-Guiné,
cx. 11, doc. 63
AHU_CU_049, Cx. 8, D. 725.
MEMÓRIA acerca da construção da fortaleza de
São José de Bissau no âmbito da expedição e ida de uma nau de guerra para
aquela praça comandada por frei LUÍS
CAETANO DE CASTRO E VASCONCELOS; expondo os meandros daquela empreitada,
destacando os problemas encontrados na execução do projecto, como a falta de
mão-de-obra e mantimentos; mencionando os
administradores da Companhia do Grão-Pará e Maranhão BONIFÁCIO JOSÉ LAMAS,
PEDRO RODRIGUES e JOÃO DA COSTA, o capitão-mor ANTÓNIO FERNANDES, PEDRO DA
COSTA ALVARENGA, o capitão engenheiro ANTÓNIO CARLOS ANDREIS, SEBASTIÃO DA
CUNHA SOUTO MAIOR, frei MANUEL DE VINHAIS, padre frei PEDRO VALONGO; e
advertindo que a fortaleza não se encontrava acabada em virtude da falta de
gente, das doenças que dizimaram os trabalhadores, falta de mantimentos e
pagamentos.
AHU-Guiné,
cx. 25, doc.16.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
726.
1753/01/03
AVISOS (minutas) do
secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real, o
primeiro dirigido ao comandante do
corsário Nossa Senhora da Estrela, GUILHERME KINSE, ordenando que partisse
para Bissau cumprisse a sua diligência e regressasse a Portugal; o segundo, ao comandante da nau Nossa Senhora da
Natividade, JOÃO DA COSTA DE BRITO, determinando que partisse com a sua
embarcação do porto de Lisboa conduzindo o novo governador de Mazagão, e que na
volta trouxesse o governador D. António Alves da Cunha e a sua família; o
terceiro, ao capitão engenheiro
FRANCISCO XAVIER PAIS DE MENEZES, ordenando que embarcasse no corsário Nossa
Senhora da Estrela e desembarcasse em Bissau, onde ficaria às ordens do
capitão-mor de Cacheu, e incumbido de fazer uma planta da ilha de Bolama,
examinar o estado da fortificação de Cacheu e trabalhar na de Bissau; o quarto
dirigido ao capitão-mor da praça de
Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, informando da partida da nau de guerra
corsário Nossa Senhora da Estrela, de que era capitão Guilherme Kinse, e nela
embarcaram o capitão de infantaria com o exercício de engenheiro, levando
instrumentos e preparos para fazer as plantas de Bissau, Cacheu e da ilha de
Bolama, e das fortificações que podem ser construídas em Bissau, e ordenando
que este oficial e o seu sobrinho fossem sustentados pela Fazenda Real; e que
enquanto se fizessem as diligências devia ordenar que o capitão-de-mar-e-guerra
desse uma volta nas ilhas de São Nicolau e Boa Vista, declarando que foram
enviados para proteger o comércio do contrato da urzela; remetendo as relações
dos reparos, carretas, fardas, armamentos e uma outra relação dos presentes
enviados aos reis régulos que foram na fragata; e acerca da ida de uma
quantidade de soldados para os presídios.
Obs.: os documentos
estão no mesmo suporte; anexo: relações, informação, recibos e lista.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
38, 36 e 37.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
689.
1753/02/09
Foram ultimados os
preparativos para a viagem da nau “N.ª
S.ª da Estrela” que, acompanhada de um aviso e de mais dois navios, deveria
seguir de Lisboa para Cacheu em missão de soberania. A esquadra aportou em
Bissau no dia 9 de Fevereiro e prestou auxílio ao comandante da respectiva praça então cercada pelo gentio.
«A falta de
uma defesa regular de Bissau tinha os moradores em continuos sobressaltos
por causa dos gentios d'essa ilha, que sempre foram exigentes e atrevidos.
Muitas
supplicas se dirigiram a D. João V para fortificar esse ponto da Guiné, que
situado quasi na foz no rio Geba ia-se tomando um grande centro de commercio
com o sertão.
D. José,
com melhores olhos, comprehendeu a necessidade de dar vida a esse seu
riquissimo dominio, onde só tinha uma Praça fortificada, que era a de Cacheu, na
foz do rio de Farim.
Em 1753 resolveu a pretensão dos moradores de Bissau fazendo
sahir o corsario de guerra Nossa Senhora da Estrella (Nova relação da viagem que fez a Cacheu e
Bissau, por (A. J. C. A. B.) Antonio José da Costa
Araujo) no dia 6 de janeiro, acompanhado de um
aviso e mais dois navios com destino a Cacheu.
No dia 7 de
janeiro velejava fóra da barra essa esquadrilha de quatro navios com rumo a
Cacheu, onde o commandante do corsario devia desembarcar algum material
de guerra e combinar com o capitão-mór d'essa praça sobre a sua ida a
Bissau e do auxilio que carecia.
Em 21 de
janeiro fundeou o corsario ao sul do Cabo Roxo, e em 22 suspendeu para
novamente fundear na barra de Cacheu, em sete braças; o aviso estava fundeado
em Cacheu.
O commandante
do corsario mandou arriar a lancha immediatamente, guarnecendo-a de
soldados, com mantimentos para seis dias, a fim de seguir para Cacheu
sob a direcção do piloto do navio, com a missão de trazer para bordo um
pratico, ao mesmo tempo que communicaria ao capitão-mór a sua presença
na barra. A lancha encalhou nos baixos, desistindo o piloto de proseguir a
viagem, regressando a bordo a 23, pelo melo dia, para novamente sahir com o 2.º
piloto e o guardião, mas só com 18 homens de remos.
Em 26 de
tarde chegaram a lancha e um hiate de guerra de Cacheu, que salvou ao
corsario com cinco tiros, agradecendo este com tres.
O commandante
do corsario recebeu uma carta pelo hiate e chamado á camara o capitão-tenente
com a maior presteza se mandou safar dezesete reparos que o
referido hiate devia receber para Cacheu. A bordo d'este seguiram por ordem do
commandante o condestavel, o engenheiro e quatro artilheiros; para trabalhar a
bordo guarneceu-se o hiate com mais gente, um sargento, um terceiro condestavel
e um capitão-tenente para a mandar. Tudo prompto velejou o biate no
dia 27.
O corsario
suspendeu o ferro e approximou-se mais da barra, ficando á espera do aviso
e do hiate, que appareceram no dia 4 de fevereiro pela tarde. No dia 3
demandava a barra um navio sem bandeira e o hiate obrigou a içal-a, dando-lhe um tiro
de bala. Era portuguez e como tivesse içado uma flammula deu-se-lhe
segundo tiro porque era navio de guerra desconhecido; chegou á fala e perguntando-se-lhe
quem lhe dera licença para içar flammula deante de urna nau de
guerra limitou-se a responder, arriando-a, dizendo que tinha sahido com uma
frota da Bahia em direitura a Cabo Verde e que levava ferro e madeira para
Cacbeo.
O capitão-tenente
mimoseou o commandante do corsario com vaccas, por cos, varios generos, um
escravo e uma cotia. A 6 de fevereiro velejaram os navios para Bissau, excepto
o biate, e em 9 ancoraram proximo do porto, onde estavam surtos outros quatro.
A terra salvou á nau e esta correspondeu. Em 10 fundearam no porto perto das
oito horas da manhã, salvando a terra com sete tiros, sendo esta salva
correspondida com egual numero.
Do que
vae lêr-se deprehende-se que a praça de Bissau estava sem capilão-mór de
nomeação régia, e que era governada por um preto boçal, que desconhecia a
lingua portugueza, pois diz o auctor da Relação: passado pouco tempo roy
a terra o Pratico que entendia a lingoa portuguesa, para trazer a bordo o
Capitão cabo, que era o que tinha defendido a terra e era o que nella
governava, logo veyo a nosso bordo. Fez as soas venias, ou para melhor dizer
bosumbays acanilhadas, e se recolheo á camera a conversar com o nosso capitão e
officiaes mayores, e dabi a pouco salvamos a terra com onze peças, que a
recebeo com as mesmas insando bandeira, a primeira vez divisada naquella terra,
o que assim não acontecera se a não pedirão a hum dos navios de que acima
rallamos.
…..
No dia
seguinte de manhã mandou-se buscar a bordo oito peças, que deveriam ser
montadas no local onde arvorara a bandeira, e quando ellas chegavam á praia
caminhavam apressadamente para alli alguns soldados que vinham pedir
soccorro porque o gentio se levantara.
De bordo,
com a maior presteza, desembarcou a gente, ficando apenas doze
homens, e dos navios mercantes desembarcaram grande numero para o combate.
A
descripção do combate foi tratada na segunda parte da Relação, do mesmo auctor,
intitulada: “Do combate que deo e victoria que alcançou do gentio do porto de
Bissau, o nosso corsario de guerra N. Senhora da Estrella em este presente
anno de 1753.”
O hiate
jã havia chegado de Cacheu, trazendo o capitão-mór d'esta Praça e alguns
mantimentos que já iam escasseando. O commandante da nau, que já estava em
terra, deu um tiro de rebate; de bordo dos navios desembarcou a gente e o
capitão-mór que estava no hiate.
O hiate
foi fundear no melhor ponto para sacudir os gentios que ocupavam o sitio da
fonte, onde os moradores faziam aguada. O Pallanca tinha com muita
rapidez mandado construir uma paliçada alli. Ao cabo de um grande numero de
tiros do hiate ficou arrasada essa fortificação, pondo-se em debandada os gentios.
Mandou o commandante do corsario em seguida vinte soldados e seis
artilheiros, com seis peças montadas, defender a fonte; levaram três barracas de
campanha.
Entre os
gentios mortos na paliçada encontrou-se um dos grandes que os commandava
e um outro guerreiro de especial apreço do Pallanca.
De bordo
os tiros não cessavam e as pontarias faziam-se aos grupos dos gentios que
dispersos rondavam a praça para deitarem fogo nas palhoças proximas da
mesma.
Um
corpulento e atrevido gentio, empunhando um marrão acceso, caminhava para as
palhoças; o capitão-mór de Cacheu, acompanhado de um marinheiro preto, foi ao
seu enconlro para lhe embargar o passo; o gentio, armado de um punhal, cravou-o
por duas vezes nas costellas do marinheiro, que morreu d'ahi a poucos dias; e
dirigindo-se ao capitão-mór para o mesmo fim, este correu para uma das
nossas vigias que perto estava, e tirando-lhe a arma da mão fez fogo sobre o
gentio, que logo ficou morto.
Parece que da mesma
sorte mataram dois soldados do corsario, um aindamoço. A este cortaram-lhe a
cabeça espetando-a n'um pau, que levantado
ao alto foi conduzido até ao hospicio dos frades, com grande acompanhamento de
gentios, que faziam grande alarido, bambaré, solemnisando essa grande proeza.
O
hospício estava abandonado dos padres, que tinham reclhibido à Praça, onde
receberam alimentos, seguindo depois para bordo dos navios mercantes a pedido
do capitão da nau.
O outro
homem era serralheiro e foi encontrado pelo segundo piloto da nau junto do
hospício. O commandante mandou-o enterrar dentro do hospicio, e ao moço junto
da fortaleza, tendo sido esse piloto quem, pela meia noite, lhes abriu a
sepultura e os enterrou.
Dos
navios mercantes não houve mais noticia de quatro homens, que se soppõe terem
sido mortos nas proximidades da Praça.
Reconhecendo
o commandante da nau os inconvenientes de conservar inactiva a força, e que era
necessario dar uma lição aos gentios pelas morte de seis homens, ordenou que na
noite de 18 para 19 de fevereiro formasse toda a gente em terra e se dividisse
por cinco corpos pelo ambito da ilha, que cada corpo collocasse sentinellas a
curtas distancias.
De bordo
da nau se dariam tiros pela terra dentro.
Os cinco
corpos cercariam o inimigo e as sentinellas fariam signaes para bordo a
suspender o fogo.
O facto é
que das dez para as onze horas appareceu o inimigo em massa do lado da fonte,
fazendo grande gritaria; em terra tocou-se a rebate e a nau começou a fazer
fogo. Ao amanhecer encontraram-se nove gentios mortos e entre estes um dos seus
grandes. Assim mesmo um gentio approximou-se tanto que deitou fogo a uma das
palhotas; o capellão da nau, que estava
com uma arma carregada, alvejou-o, mas tão infeliz foi que ao disparar rebentou
a arma, levando-lhe um dedo.
No dia
20, pelas dez horas da manhã, mandou o Pallanca uma embaixada a solicitar
pazes, offerecendo em troca dos soldados mortos alguns escravos e mais alguma
gente que fosse precisa para trabalhar, com a condição, porem, do
commandante mandar retirar os soldados, que causavam medo aos gentios que
viessem trabalhar.
Concordou-se
n'este ajuste de pazes e o capitão-tenente D. Luiz só deixou ficar um
certo numero de soldados de guarda. De bordo se mandou vélas
para barracas, biscoitos, carnes, bacalhau, caldeiro para
rancho, além de artilheria, polvora, bala e metralha, para se dar começo
aos trabalhos de fortificação.
Estava todo preparado para evitar uma traição dos gentios e ordenou-se que se
deitasse abaixo as palhoças existentes junto da Praça; a bordo apromptaram-se
dois mil e dezoito cartuchos. N'este dia mandou o commandante recolher a bordo
os doentes que estavam em terra com os pretos que serviam de enfermeiros;
estes fugiram para os gentios. Á noile mandou o Pallanca aos navios
mercantes trocar duas escravas por aguardente, por ser esta precisa para as festas
do choro de um principe, seu sobrinho, que tinha fallecido. Realizou-se essa
troca.
Preparavam os gentios
uma outra traição. Com o tal choro quizeram persuadir o commandante que
elles estavam socegados e que na Praça todos poderiam dormir á vontade. Bem
pelo contrario redobrou-se de vigilancia, e tão boa foi que pelas duas horas
da noite fizeram as sentinellas signal da aproximação do inimigo, em grande
massa, do lado da
fonte, tentando duas investidas contra ella; de bordo da nau e do hiate romperam fogo, que durou toda a noite, e ao amanhecer
encontraram-se mais de vinte cadaveres, além de muitos
feridos. O commandante mandou um cabo com o pratico que tinha vindo
de Cacheu ao Pallanca para lhe dizer: Que lhe estranhava muito aquella acção,
ao mesmo tempo que se lhe tinha sem reparo concedido a paz, e quando nella se não quizesse conservar, que com a ultima e total demonstração de
rigor saberia melhor a Ley em que havia de viver; e que, quando quizesse a
guerra, experimentaria que não cessaria com ella emquanto o não metesse nas
entranhas da terra.
Parece
que este assalto não fora ordenado pelo Pallanca, porque logo mandou uma
embaixada desculpando-se de não ter remetido vaccas e gallinhas, como refens,
que tinha promettido, por não lhe terem chegado de uma capitação do seu
domínio.
Estando
em duvidas o commandante sobre o modo de proceder com o Pallanca, e
nem podendo calcular o tempo que lhe seria preciso para restabelecer a
obediencia em gentios tão indomitos, acudiu primeiro à necessidade de adquirir mais
mantimentos e para isso mandou que o hiate seguisse para Cacheu.
Até 21
não houve novos ataques, porém na noite de 22 para 23 as sentinelas ao hospicio
dos frades tiveram de fazer fogo sobre uns gentios que fugiram, sabendo-se no dia
seguinte que um d'elles era principe e que queria assassinar uns soldados para vingar a morte de um irmão.» -
Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné, por Christiano José de
Senna Barcellos, parte III,
pgs. 10-16, Lisboa,
1906
1753/02/09
«A segunda
fortaleza de Bissau
De facto, em
Janeiro de 1753, (D.José I) enviava para os rios da Guiné a nau de
guerra, N.a S.a da Estrela, acompanhada de um aviso e mais dois
navios com soldados, operários, boticário com medicamentos, material de guerra
e de construção. O comandante desta pequena esquadra levava
instruções para restabelecer o pôsto de Bissau, de acôrdo com o
capitão-mor de Cacheu.
Os navios
fundearam primeiro neste último pôrto, seguindo dali para
Bissau, em 9 de Fevereiro. Em terra, o govêrno português era representado
por um grumete nomeado cabo de esquadra que correspondeu com várias saudações às salvas
feitas de bordo.
A entrada dos barcos
portugueses provocou grande entusiasmo entre os habitantes
cristãos, que ó ex.teriorizaram em manifestações de regozijo durante ro dias.
Tratou-se de nomear um capitão-tenente para a Praça de Bissau e do desembarque
do material e doentes que se encontravam a bordo.
O régulo
papel, Palanca, veio cumprimentar as autoridades e no dia 17 de
Fevereiro realizou-se a cerimónia de saudação à bandeira portuguesa,
lavrando-se nesta ocasião um auto de fidelidade dos chefes indígenas. No
entanto, esta cerimónia efectuou-se num.a atmosfera de mútua desconfiança. O régulo
fez-se acompanhar de 200 guerreiros e, como havia razões para se
duvidar da sua lealdade, o comandante da esquadra desembarcou quási tôda a
tripulação e tomou as necessárias precauções.
Com
efeito, logo no dia seguinte ao da cerimónia, o gentio
papel começou a hostilizar a praça, procurando dificultar as obras
da fortaleza. Houve luta em que as nossas forças perderam 6 homens, mas o ataque dos papeis foi repelido.
Dois dias
depois, tendo o comandante da esquadra disposto as suas fôrças com intenção de atacar as
povoações indígenas, o régulo Palanca enviou seus emissários a pedir paz. Não se fez o
ataque projectado, mas o indígena não deixou de hostilizar a Praça.
A guerra
prolongava-se assim sob a forma de pequenas escaramuças e actos isolados, de
que o régulo procurava desculpar-se sob vários pretextos não deixando de
visitar as autoridades e fazer as suas transacções. Em
troca dos soldados feridos ofereceu o mesmo número de escravos e autorizou a sua
gente a trabalhar nas obras da fortaleza.
Os
operários eram pagos à razão de 400 réis por dia ou 80 fios de contas de vidro. As construções
mais indispensáveis terminaram em 22 de Março e nesse dia se deu posse
ao capitão-cabo de Bissau, na presença do régulo Palanca e mais 300 guerreiros
indígenas. Houve grande algazarra de tambores, clarins e salvas de morteiros.
No dia seguinte, celebrava-se missa a bordo da nau N. S. da Estrêla, comemorando
o acontecimento.
Nas lutas travadas durante êste período de
cêrca de 2 meses haviam perecido 9 soldados portugueses e perto de 500 papeis.
Registaram-se,
além disso, muitos óbitos devido· às febres e ao escorbuto
provocado por falta de alimentos frescos. Entre
as vítimas contava-se o capitão engenheiro que ia a bordo com
o encargo de dar o plano da fortaleza. A nau
de guerra deixou Bissau em 27 .de
Março de 1753, de regresso para Lisboa.
Foi desta
forma restabelecida a capitania de Bissau e para o seu comando foi nomeado, em 16 de Novembro, Nicolau de Pina
Araújo, com a indica;ção de prestar juramento nas mãos do capitão-mor
de Cacheu, isto é,
considerando-se
subordinado
a esta capitania. Pelo novo
comandante
de Bissau foram enviados 2 baús com fardas e presentes
para
o régulo papel.
Para
completar a guarnição da fortaleza foi determinado em Janeiro de 1754 que o governador
de
Cabo Verde destacasse para Bissau 50 soldados caboverdeanos,
tirados da guarnição de Santiago, que seriam substituídos por outras tantas praças
europeias.
Nesta ordem de ideas, foram enviados de Portugal para Santiago 50 homens
representados por criminosos e indesejáveis.
Por sua vez o governador de Cabo-Verde .enviou
para Bissau 50 soldados dos menos recomendáveis. Em Outubro dêsse mesmo ano, o número destas praças em Bissau estava reduzido a vinte por deserção da
sua maior parte.
Por seu
lado, também os oficiais não se demoravam muito tempo nos seus
postos, por não poderem resistir à malignidade do clima. Em certa altura por falta de um oficial capaz de tomar a direcção das obras do quartel, foi esta
entregue, em 1758, ao padre Manuel Vinhais Sarmento. Tôdas estas construções
eram, porém,
provisórias e imperfeitas. A
verdadeira Fortaleza
de S. José de Bissau, aquela que ainda hoje existe na cidade, só começou a ser construída
no ano de 1765.»
João Barreto, HISTÓRIA DA GUINÉ 1418-1918, edição do autor, Lisboa, 1938, pgs. 150-152
João Barreto, HISTÓRIA DA GUINÉ 1418-1918, edição do autor, Lisboa, 1938, pgs. 150-152
1753/03/25
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de
estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real acusando os
missionários franciscanos da ilha de Bissau de se dedicaram ao comércio
descuidando da suas obrigações religiosas, mencionando que instigaram o rei de
Bissau e os moradores de Bissau contra o dito capitão-mor.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
39.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
692.
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real informando que o corsário
Nossa Senhora da Estrela aportou acidentalmente na barra de Cacheu; dando
conta que o capitão engenheiro e o
oficial mais graduado do corsário, capitão tenente D. FREI LUÍS CAETANO DE
CASTRO DE VASCONCELOS, analisaram o estado da praça e das suas
fortificações; remetendo os reparos e carretas por alguns serem incompatíveis
com o calibre das peças existentes na praça e relações dos presentes de alguns
régulos e ainda do acostamento da embarcação; queixando-se dos altíssimos
preços praticados em Cacheu; solicitando o pagamento na Corte da importância da
letra relativa ao dinheiro que tomou para suprir gastos do serviço régio; informando
que os soldados enviados no corsário tinham adoecido; referindo que deu ao rei
de Bissau grande parte da aguardente das frasqueiras, bem como um chapéu com
pluma, uma camisa da Holanda e um pacote de pano, advertindo que os presentes
deveriam ser entregues aos régulos aos poucos; acusando os padres franciscanos de praticarem comércio, descuidando das
suas obrigações e dando maus exemplos aos gentios, exemplificando que o negro JOSÉ
LOPES MOURA, senhor da Serra Leoa, tinha feito
muitas doações ao hospício que foram embolsados pelos padres, estando aquele
hospício em ruína.
Obs.: contém relação,
da qual consta a carta descrita, de documentos pedidos de 14 de Março de 1844;
anexo: abaixo-assinado, recibo, relações, certidões, informação, ofício.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
43, 44, 46 e 47; e cx. 25, doc. 28.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
693.
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real, enaltecendo a colaboração do capitão-de-mar-e-guerra, GUILHERME KINSE, na execução da obra da
fortaleza de Bissau; dando conta que entregou ao capitão tenente D. LUÍS CAETANO DE CASTRO E VASCONCELOS
uma pequena quantidade de pau cambo trazida da Serra Leoa pelo padre frei MANUEL DE PAÇOS, afirmando que o
religioso não trouxe muita quantidade daquele pau por ter feito a viagem a pé.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
44.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
695.
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real sobre ter recebido vias das ordens régias pela balandra
inglesa e iate São Joaquim e numa fragata de guerra; informando do estado de
ruína da praça de Cacheu; comunicando que alguns homens enviados para a
guarnição de Cacheu encontravam-se doentes, mencionando não ter quartéis para
os abrigar, acabando por recolhe-los em casas particulares; explicando o mecanismo de sucessão no reino de Bissau, e informando acerca do actual rei,
reiterando a necessidade de se enviar missionários barbadinhos italianos para
combater o paganismo naquelas partes; informando da ida de um engenheiro para
delinear a obra da fortaleza de Bissau, e da falta de mantimentos em Bissau;
advertindo sobre as dúvidas de que os rendimentos de Bissau chegariam para
fazer face às despesas do estabelecimento de Portugal naquelas partes,
explicando as muitas possibilidades que a fazenda real teria em Bissau para
arrecadar rendimentos; acerca dos rendimentos dos direitos das fazendas pagos
pelos navios em Cacheu e os rendimentos da cera, marfim e escravos que saíam de
Cacheu e Bissau não chegavam para a subsistência dos presídios de Cacheu, Farim
e Ziguinchor, em virtude de se aplicar apenas metade dos rendimentos em Cacheu
e a outra metade ser remetida para Cabo Verde; referindo as tentativas de
estabelecer laços de amizade com o rei de Jamé; informando que a notícia da
morte de José Lopes Moura, senhor da Serra Leoa, reduziu a esperança do
estabelecimento da presença portuguesa na Serra Leoa, tendo recebido
informações de que um filho do falecido fora criado na Inglaterra, sendo
partidário daquela nação mas, contudo, havia outros filhos partidários de
Portugal, e dando conta que o rei da Rocha, primo de José Lopes Moura, era
também partidário de Portugal.
Anexo: carta, termo e
mapa.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
46 e 51.
AHU_CU_049, Cx. 8, D. 696.
1753/04/13
CARTA do rei de Bissau,
ANHANHETE-CÔ, ao rei D. José I sobre não consentir que nenhuma nação estrangeira erguesse um forte e
estabelecesse companhia de comércio, com a excepção de Portugal; queixando-se
das ofensas proferidas pelo intendente capitão-mor de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO-MAIOR, aquando da sua estadia em Bissau para construir a casa-forte,
acusando-o de não saber dirigir uma embaixada em nome do rei de Portugal;
relembrando que a gentilidade daquela gosta venerava o rei de Portugal,
informação que podia ser comprovado pelos brancos que comercializavam na costa
africana.
Anexo: carta (cópia).
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
49.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
698.
1753/05/16
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real, informando da situação dos soldados na Guiné,
contabilizando muitas fugas, mortes e situações de doença, enfatizando que era
necessário acrescentar-lhes o soldo, dado que o que recebiam era insuficiente
para sua sobrevivência; dando conta que mandou dar baixa aos poucos soldados de
Cabo Verde, por incapacidade; informando que no Rio Gâmbia existia um ilhéu
mantido pela Coroa Inglesa, cujos rendimentos da companhia de comércio não
era suficiente para o provimento de um governador, engenheiro, oficiais de
melícia, mecânicos, e alguma infantaria para a conservação daquele rio como
domínio inglês; sobre se ter gasto na construção da fortaleza o valor em
direitos reais pagos em Bissau por dois navios; solicitando mais soldados de
Cabo Verde, uma botica principalmente com água de Inglaterra; informando que a
pólvora enviada do Reino foi entregue e carregada na Provedoria de Cacheu;
acerca das notícias, dadas por frei Manuel de Paços, da chegada em Bissau de
uma fragata da Companhia francesa; referindo o andamento da obra da fortaleza
de Bissau; sobre a grande despesa feita na Guiné pela Fazenda Real; remetendo
alguns documentos e uma carta vindos da Serra Leoa para o rei D. José I; dando
conta da relação das embarcações que aportavam em Bissau e Cacheu; e acerca da
presença francesa em Bissau e a posse portuguesa da ilha de Bolama, possuidora
de boa madeira e terras férteis.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
52 -B.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
699.
1753/05/20
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real] dando conta da aflição vivida em Bissau pela epidemia que
alastrou no corsário [Nossa Senhora da Estrela], lamentando que uma fragata
francesa tivesse testemunhado o miserável estado em que se encontrava o dito
corsário, mas justificando que situações de epidemias eram recorrentes, sendo
que franceses e ingleses já tinham sido vitimas; e a acerca da renumeração dos
seus serviços.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
52.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
700.
1753/06/24
Posse
do capitão e governador-geral de Cabo Verde, LUIZ ANTÓNIO DA CUNHA DE EÇA
José Juzarte de Santa Maria fora
substituído por D. António d'Eça e
Faria, que recebeu o titulo de governador e capitão-general em 6 de Março de 1752, tomando posse em 23 de Abril do mesmo ano. Em 1750, estando já
avisado D. António para se preparar par ir tomar conta do seu governo, objectou
ao rei que, em consequência daquele mau clima, se costumava nomear, havia muitos
anos, para governador, pessoas de menos representação, e que por esse motivo
Ihe era inerente o posto de capitão-general, que se concedia a todos os
governadores desde a sua conquista pela categoria do seu cargo e distinção de
suas pessoas; e como ele era fidalgo de qualidade, e por consequência com
vantagens a quanto outros tinham passado ás ilhas referidas, impetrava a
patente de governador e capitão-general; foi-lhe deferida a pretensão e
deu-se-lhe também a graduação de Tenente-coronel. Era no reino apenas tenente
de infantaria e contava 23 anos de serviço desde soldado, cabo de esquadra e
alferes.
1753/07/25
Sagração
de D. FREI JACINTO VALENTE como bispo
da diocese de Cabo Verde. Chegou a 13.05.1754. Viveu 9 anos na ilha de Santo
Antão, entregando o governo ao cabido e
deixando o paço em completo abandono.
1753/08/2
João António da Silveira Sampaio nomeado
ouvidor em 28 de Setembro de 1753; tomou posse em Fevereiro
do
ano
seguinte.
Viu-se obrigado a fugir
de Cabo Verde em conseqüência de várias tropelias e abusos cometidos.
1753/11/00
NICOLAU PINHEIRO DE ARAÚJO, Capitão-mor de Bissau desde
Novembro de 1753, mas subordinado à capitania-mor de Cacheu
1754
Mesmo com ataques continua a construção do novo forte em Bissau.
1754/01/02
«A
secretaria do estado, em carta de 2 de Janeiro de 1754, dirigida ao governador Luiz da Cunha d'Eça, ordenava que destacasse 50 soldados pretos de Cabo Verde
para Bissau, a fim de trabalharem nas fortificações que se tinham mandado
acabar, os quais seriam substituídos por 50 brancos, que deviam guarnecer a vila da Praia, à excepção de três, que ficariam na cidade, por ser aquela mais frequentada de navios estrangeiros, e para que estes vissem que tínhamos soldados brancos; que todos perceberiam o vencimento como no reino, e que
seriam pagos pelos rendimentos do algodão e da urzela. Deve notar-se que os 50 brancos eram degredados, e os tres nomeados
para a cidade eram dos peores.» -
Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné, por
Christiano José de Senna
Barcellos, parte III, pg.
18, Lisboa, 1906
1753/10/12
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao rei D. José I recomendando o diálogo com as nações
estrangeiras, enquanto Portugal não tivesse força suficiente na Guiné, e nesta ordem
ajustou com um capitão francês chamado JOAQUIM
LABARRE o pagamento de uma determinada quantia pelos negócios que viesse a
fazer naquela costa, queixando-se que o
depositário da Fazenda Real, CRISTÓVÃO SANCHES, não registou a dita
convenção e posteriormente não quisera consentir o navio do capitão francês
alegando que não pagara os direitos régios; e informando que a alfândega
precisava de dinheiro para as despesas das obras em Bissau e Cacheu, e para
fazer o pagamento dos soldados.
Anexo: despacho e
aviso.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
54.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
702.
1753/11/10
DECRETO do rei D. José
I nomeando NICOLAU DE PINA ARAÚJO para
a patente honória do posto de capitão-mor de Bissau e de uma quantia de
tença paga pelos rendimentos da alfândega de Cacheu por uma vida. Anexo:
decretos (cópia), bilhete e carta patente (cópia).
AHU-Guiné,
cx. 8, doc. 56, 57 e 59.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
704.
1753/11/27
CARTAS (minutas) [do
secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real, a primeira dirigida a NICOLAU DE PINA ARAÚJO informando que o monarca fez-lhe mercê do posto de capitão-mor de
Bissau e de uma determinada quantia de tença que seria paga pelos rendimentos
da alfândega de Cacheu, em satisfação aos seus serviços; e uma outra
dirigida ao capitão-mor da praça de
Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, dando conta que em poucos dias uma nau
de guerra partiria para Bissau, juntamente com um navio de transporte que levaria
os materiais pedidos, e ainda acerca da nomeação de Nicolau de Pina para o
posto de capitão-mor de Bissau, determinado que Nicolau de Pina viajasse o mais
breve possível para Bissau.
Obs.:
as duas cartas estão no mesmo suporte.
AHU-Guiné,
cx. 8, doc. 62.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
707.
1753/11/28
CARTA RÉGIA (minuta) do
rei D. José I ao rei de Bissau Anhanhete-Co, acusando a recepção de uma
carta que comprovava o zelo e a fidelidade do régulo de Bissau, dando conta que
ordenou ao capitão-mor de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, que não fosse a Bissau e mandava NICOLAU DE PINA [ARAÚJO]
como capitão-mor para continuar a obra de reedificação da fortaleza e
estabelecimento de Portugal naquela praça.
Obs.:
ver carta do rei de Bissau Anhanhete-Co AHU_CU_049, Cx. 8, D. 698.
AHU-Guiné,
cx. 8, doc. 63.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
708.
1753/12/03
CARTAS (minutas) do
secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real, a primeira dirigida ao capitão da praça
de Cacheu, NICOLAU DE PINA, informando que uma vez que a nau de guerra
ainda não estava pronta para seguir viagem para Bissau, se iria expedir o navio inglês Ventura de Amiga, de que era
capitão SAMUEL KETRIDGE, e nele viajaria o piloto português DIONISO FERREIRA
PORTUGAL, tendo ajustado com o capitão do navio inglês para que fosse em
direitura de Cacheu, onde Nicolau de Pina embarcaria, e dali para Bissau e
remetendo os conhecimentos e uma relação da carga do navio; e uma outra
dirigida ao capitão-mor da praça de
Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR,
dando conta da ida navio inglês para Bissau; informando que pelo navio Santa
Margarida, de CUSTÓDIO FERREIRA DE GOIS,
de que era capitão JOSÉ GOMES RIBEIRO,
remeteu a cópia de uma carta com as resoluções relativas a Bissau; remetendo
ordens para o governador e capitão-general de Cabo Verde mandasse para Bissau
os mantimentos que constavam de uma relação.
Obs.:
as duas cartas estão no mesmo suporte; anexo: conhecimentos, relações e
informações.
AHU-Guiné,
cx. 8, doc. 64; cx. 9, doc. 11.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
710.
1753/12/07-11
RECIBOS passados pelo mestre da fragata Nossa Senhora da Estrela,
MANUEL DOS SANTOS, atestando o que se embarcou a bordo da dita fragata que
seguia viagem para Bissau.
AHU-Guiné, cx. 24, doc.
77, Cabo Verde, cx. 23, doc. 63.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
711.
1753/12/10
OFÍCIO (minuta) do
secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real ao capitão da praça de Cacheu, NICOLAU DE PINA,
sobre o estabelecimento dos portugueses em Bissau, recomendando a conciliação
dos portugueses com os nativos e a comunicação com Cacheu, em virtude de
facilitar o comércio naquelas partes.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
67.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
714.
1753/12/11
OFÍCIOS (minutas) do
secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real, o
primeiro, dirigido ao missionário frei
MANUEL DE PAÇOS acerca do estabelecimento dos portugueses na Serra Leoa,
advertindo que através do comércio que Portugal poderia conservar aquela
região; expondo que estava a tratar do envio de mais religiosos para a Costa
Africana e comunicando a nomeação de
AGOSTINHO LOPES para o governo da Serra Leoa; e uma outra dirigida ao capitão-mor da praça de Bissau, NICOLAU DE
PINA, remetendo uma carta dirigida a frei Manuel de Paços, as chaves de
seis frasqueiras com várias bebidas e recomendando boa relação com o
capitão-mor de Cacheu.
Obs.: as duas cartas
estão no mesmo suporte.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
69.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
716.
OFÍCIO (minuta) do
secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real ao capitão-mor da praça da Bissau, NICOLAU DE
PINA, sobre a sua nomeação para a
praça de Bissau; da presença portuguesa em Bissau, a construção da
fortaleza e o envio de missionários para auxiliar na instituição do
catolicismo; remetendo carta de FABIÃO
FERNANDES, que se intitulava homem principal do Rio Nuno e receberá patente de
capitão-mor por parte do capitão-mor de Cacheu como reconhecimento da sua amizade
e zelo; remetendo cópias da doação que JOSÉ
LOPES MOURA fez, em 7 de Novembro de 1752, da Serra Leoa e de uma escritura
do rei de Becantá declarando ter aceitado a dita doação; remetendo lista dos presentes
para o rei de Becantá e outra lista dos presentes para o rei de Bissau; e
avisando que a fragata de guerra Nossa Senhora da Estrela levava mantimentos e
boticas para quatro meses, e avisando que
não iria nenhum almoxarife e escrivão para a praça de Bissau, e nem engenheiro
para as obras da fortaleza.
Anexo: relações.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
70; cx. 25, doc. 29 e cx. 2, doc. 74.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
717.
AVISO (minuta) do secretário
de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real ao
capitão-de-mar-e-guerra e comandante da
fragata Nossa Senhora da Estrela, FRANCISCO MIGUEL AIRES, determinando que
partisse para o porto de Bissau, onde o esperava o capitão-mor NICOLAU DE PINA ARAÚJO, dando algumas directivas para a viagem, estadia em Bissau e
regresso à Corte.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
70.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
718.
OFÍCIO (minuta) do
secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real ao capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, sobre a resolução régia determinando que NICOLAU DE PINA ARAÚJO desse seguimento as obras da fortaleza de Bissau, em virtude de Souto
Maior ter-se desentendido com o rei de Bissau; sobre ordem régia para que
se melhorasse as vias de comunicação da praça de Bissau pelo rio de Naga;
remetendo cópias das cartas dirigidas a Nicolau de Pina Araújo.
AHU-Guiné,
cx. 8, doc. 71.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
719.
1753/12/12 OFÍCIO (minuta) do secretário de estado
da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real ao capitão-mor da praça de Bissau, NICOLAU DE PINA, remetendo
conhecimento das remessas feitas à conta da Fazenda Real, e avisando que mandou
embarcar na fragata Nossa Senhora da Estrela o oficial pedreiro ANTÓNIO RODRIGUES.
AHU-Guiné, cx. 8, doc.
72.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
720.
1754/03/06 ANTÓNIO
JOSÉ D’EÇA E FARIA governador de Cabo Verde desde 6 de Março de 1754. Morreu em
15 de Julho do mesmo ano.
1754/10/25
O capitão-mór de Bissau
pede ao Governador Geral de Cabo Verde um engenheiro, gente para a respectiva
guarnição e trabalhadores para a
reconstrução da fortaleza pois que eram insuficientes os naturais de Cabo Verde
ali residentes. Só em 1766 foi atendido tal pedido, tendo a corveta «Nossa
Senhora da Esperança» levado 450, entre
eles haviam embarcado também 270 vadios
e criminosos.
1755/04/18
CARTA do capitão-mor da praça de Bissau, NICOLAU DE
PINA ARAÚJO, ao rei D. José I informando da contenda que teve com o rei
de Bissau, em virtude de um marinheiro chamado FRANCISCO JOSÉ, da galera do capitão JACINTO RODRIGUES, ter dito ao rei que signatário pedira duas naus
de guerra ao rei de Portugal para tomar a terra e matar o régulo de Bissau,
mencionando que no meio da desavença fora acudido pelo capitão cabo regente ANTÓNIO FERNANDES.
AHU-Guiné,
cx. 9, doc. 8.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
732.
1755/04/28
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real sobre a veracidade de algumas informações que circulavam na
Corte relativamente ao restabelecimento de Portugal em Bissau e o andamento da
obra da fortaleza; advertindo ser inconveniente para o estabelecimento e domínio
dos portugueses naquelas partes presentear os reis gentios; remetendo cartas de
frei MANUEL DE PAÇOS expondo as
humilhações que os portugueses sofriam naquelas partes e a situação dos padres
missionários na costa da Guiné e cartas de um capitão de navio português
chamado JOSÉ DA SILVA COSTA, do
capitão-mor de Bissau, NICOLAU DE PINA
ARAÚJO, e de BENTO JOSÉ NOGUEIRA
sobre assuntos relativos a Bissau; enviando um termo de vassalagem do rei de
Cacande e outros documentos sobre a entrada de uma embarcação inglesa vinda de
Barbadas no rio Ziguinchor, onde nunca tinha entrado nenhuma embarcação
portuguesa; dando conta que suspendeu a obra da casa forte para adiantar a obra
da fortaleza; da falta de dinheiro para suprir as despesas da praça, tendo
recorrido da verba que chegou destinada a Bissau, solicitando ordem para pagar
o jornal ao carpinteiro RODRIGO ANTÓNIO
que não constava da lista dos oficiais; informando que, devido à suspensão da
obra de Bissau, vinha usando os materiais disponíveis nas obras de Cacheu; da
necessidade de uma botica para os soldados e da vinda de uma Companhia de
soldados de Cabo Verde para trabalhar nas obras de Cacheu; dando conta que
recebeu uma carta do senhor do Rio Nuno, FABIÃO
FERNANDES, e da falta de oficiais carpinteiros e pedreiros e ferramentas
para dar início as obras em Bissau; e sobre a possibilidade de se erguer uma
companhia para Cacheu.
Anexo: cartas, termo e
planta.
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
11.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
734.
1755/04/29
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real informando dos riscos
que corria o dinheiro da Fazenda Real nas mãos do capitão-mor da praça de
Bissau, Nicolau de Pina Araújo, a quem se devia tomar contas, por mais
honesto que parecesse ser, e que de Bissau
vinham grandes quantidades de escravos mencionando que o navio de CUSTÓDIO
FERREIRA GOIS, um do contrato da urzela, outros portugueses e um francês
saíssem de Bissau carregados de escravos, concluindo assim que os direitos
reais naquela praça deveriam ser avultados, advertindo que se reveria averiguar
as despesas feitas por NICOLAU DE PINA,
uma vez que fora buscar recursos em Cacheu para as obras de Bissau; dando conta
que pediu a Nicolau de Pina um mapa dos rendimentos dos direitos reais com
relação da entrada e saída de navios.
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
11.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
736.
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO
ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real sobre ter ponderado deslocar-se a Lisboa para explicar
pessoalmente alguns pontos que não foram bem esclarecidos por escrito; solicitando
ser nomeado para o posto de governador-geral do reino de Angola, em atenção aos
seus bons serviços naquele reino, que poderiam ser atestados na Corte por
António Inácio, filho do ex-governador de Angola João Jaques de Magalhães;
dando conta da notícia que teve da morte do desembargador Custódio Correia de
Matos, sendo sucedido pelo ex-ouvidor de Cabo Verde, desembargador Francisco
Xavier de Araújo, advertindo que o falecido desembargador lhe remeteu uma
precatória para o sequestro dos bens de Francisco Xavier de Araújo; e expondo
que ainda não tinha recebido a mercê patente de coronel prometida quando foi à
Guiné com a patente de capitão-mor de Bissau.
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
11.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
737.
1755/06/07
Situação
de fome na ilha de Santiago
Em 1754, o governador
do Grão-Pará e Maranhão, FRANCISCO XAVIER DE MENDONÇA FURTADO, irmão de Pombal,
escreveu ao marquês sugerindo a criação de uma companhia de comércio que
facilitasse o abastecimento de mão-de-obra escrava africana, de que muito
carecia aquela região.
O ministro logo acataria a sugestão do irmão, visando os benefícios que uma
empresa daquele porte traria para a colónia e, sobretudo, ao reino de Portugal.
Companhia
do Grão-Pará e Maranhão (1755)
Pelo Alvará de 7 de
Junho de 1755, foi concedido à Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão o
comércio e a exploração exclusivos das ilhas de Cabo Verde em carácter irrevogável pelo período de 20 anos, alegando-se motivos de sustento e de
viabilidade do intento monopolista da companhia, visando essencialmente o
lucro. No inciso 9º, a Companhia pedia o
exclusivo na exploração das rendas reais, compreendendo inclusive os
rendimentos das alfândegas, os dízimos, os foros, a chancelaria e outros
impostos, por um período de vinte anos. Em contrapartida, a Companhia teria
de defender e fortificar as ilhas do ataque dos piratas (incisos 4 º a 8º) e
combater os navios intrusos (inciso 11º). É interessante salientar o carácter secreto das condições impostas pela Companhia à Coroa para a exploração
exclusiva do comércio das ilhas de Cabo Verde e da costa da Guiné, o que se
justificava, segundo o Alvará, pela existência de motivações politicas em
relação ao trato. Porém, a Companhia,
não satisfeita com as mercês feitas pelo rei pediu o controle de todos os
frutos (algodão, panos de terra, urzela. .. ) das ilhas de Cabo Verde e da
Costa da Guiné (inciso 12º.). Além do mais, propôs o não pagamento de quaisquer
emolumentos nas alfândegas do reino, podendo inclusive descarregar directamente nos seus armazéns. Outrossim, a
Companhia, pelo inciso 11 º, estabelecia que, caso seus navios fossem sem despachos
para o Brasil, o governador de Cabo Verde não poderia mandar confiscar os bens
dos referidos navios. Esta decisão, ao resguardar os interesses da Coroa
portuguesa no que se referia aos direitos alfandegários, prejudicava os
moradores da ilha de Santiago, uma vez que os dízimos e os rendimentos das
alfândegas constituíam a maior parte dos rendimentos da ilha. Muitos foram
os que protestaram contra a instituição da Companhia que só beneficiava os seus
próprios membros. Em nome de uma proposta de extinguir o paganismo e propagar a
fé, conduzindo as missões para converter os "gentios" da Costa de
África, na versão de alguns, a Companhia não fez senão oprimir, sobretudo
agricultores e pequenos armadores, não restando dúvida quanto a sua acção concreta
segundo seus interesses comerciais. Em Cabo Verde, foram feitas inúmeras
reclamações contra a arbitrariedade da referida Companhia. O governador, JOAQUIM SALEMA DE SALDANHA, em 12 de Fevereiro de 1770,
expôs as ''vexações" e os abusos cometidos, em particular, quanto ao fato
de não deixar aos produtores outra alternativa senão vender suas manufacturas por um preço insignificante para a própria Companhia, a troco de um outro género. O governador JOAQUIM SALEMA DE SALDANHA LOBO enfrentou energicamente
a Companhia, reclamando com o ministro Martinho de Melo e Castro contra os
"desmandos e violências dos agentes da organização", tendo em vista a
extrema pobreza das populações. De nada adiantou a referida reclamação e a
Companhia continuou a ter omonopólio dos rendimentos da província. Esta
política fez com que o produtor não pudesse saldar as rendas das terras (a
renda é aqui entendida como o preço pago ao dono da terra pelo produtor que a
utilizava, sendo que a terra seria tanto mais valiosa quanto menor fosse sua disponibilidade),os
foros e os impostos. Se antes os habitantes vendiam diretamente aos navios
estrangeiros carne vermelha, de galinha, porco, além de vegetais e frutas como
abóbora e laranja, ao lado de outros mantimentos da terra, agora tinham
forçosamente de vendê-los à Companhia, que por sua vez os revendia aos
estrangeiros por altos preços. Além disso, pelo
fato da compra de escravos ser exclusivo da Companhia que tinha por prioridade
abastecer o Estado do Maranhão com os ''melhores" escravos, destinava para
Cabo Verde os de "pior qualidade". Em decorrência, nas ilhas, a
produção agrícola, sobretudo a de algodão, entrou em declínio.
Por
esta tabela percebemos que do total de 18.226 cativos inseridos no Maranhão,
8.003 eram de Bissau, 5.199 eram de Cacheu e 1.192.indicavam apenas a área de
Guiné como porto de embarque, assim consideramos que 16.112 eram provenientes
da Alta Guiné e fora desta área temos: Angola com 3.237, foi a
segunda região fornecedora de escravos ao Maranhão. O tráfico com Angola durou
dez anos, teve inicio em 1756 e foi até 1765, depois reiniciou por
Benguela em 1772 durando até 1782, isso por inteméclio da CGGPM. Já para os
anos de 1785, 1787,1788 e 1789 os cativos de Angola que desembarcaram na capitania maranhense tinham sido consignados
a particulares, ou seja,nestes anos o comércio negreíro tinha sido
realizado por negociantes independentes. (CARREIRA,1983: 138). Mas é importante salientar que, com a criação da
Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba em 1759, a CGGPM deixou
de negociar com Angola. Carreira aponta que, a cedência de mercado para a Companhia de Pernambuco e
Paraíba se deu não apenas devido a interesses em comum (queriam evitar a
concorrência),mas em especial "devido â presença nos reinos de Angola e
de Benguela de outros compradores independentes, mais activos e talvez
mais eficientes."(CARREIRA, 1983:237); as demais regiões, Malagueta
com 40, Costa da Mina com 184 e Moçambique com 37, indicam que o fornecimento
de cativos para o Maranhão foi esporádico, pois como podemos perceber cada uma delas só inseriu cativos em apenas um ano.
Em 1781 percebemos que
foram inseridos 944 escravos por cinco embarcações, sendo que como porto de
embarque constava apenas o nome genérico de Guiné. Os africanos foram
divididos em homens e mulheres, e pela primeira vez constatamos a
consignação dos carregamentos a particulares (até este momento toda a
comercialização era feita pela Companhia), também ficamos cientes da forma pelas
quais os cativos foram vendidos (se à vista ou a crédito).
Percebemos
pela documentação que, a partir de 1785, o tráfico de escravos foi realizado
sob forma de contrato e por particulares, ou seja, desta data em diante
não verificamos nenhuma negociação realizada pela Companhia. Isto nos leva a
supor que deste ano em diante a empresa monopolista esteve ocupada apenas com a
liquidação de seus negócios. Mas Carreira afirma que, mesmo em
processo de liquidação, a Companhia conseguiu transportar de 1778 até 1788 a
quantidade de 1.508 escravos (CARREIRA, 1983:93-94), entretanto, não conseguimos encontrar mais indícios na documentação analisada. O ano de
1788 foi de facto o último em que a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão
actuou.
Carreira aponta que, de
1788 a 1794 saíram de Bissau e Cacheu um total de 6.129 caitivos. Estes tiveram como
destino as seguintes localidades: Cabo Verde com 82;
Pernambuco com 34; Maranhão com 5.022; Pará com 769 e sem indicação
de destino constam 222 africanos. Pelos números se percebe que o tráfico
continuava a orientar-se para a capitania maranhense – 81,9% do
total de saídas - enquanto a região do Pará sofreu uma redução com apenas 12,5%. “Por
outro lado, a média anual de saídas situou-se nos 876 escravos, semelhante à
encontrada durante a actividade da Companhia" (CARREIRA, 1981: 115-116).
O
ano de 1799 foi o último para o qual encontramos noticias a respeito do tráfico
de escravos da Alta Guiné para o
Maranhão.
Em um oficio de 27 de Novembro, o segundo tenente do mar Manuel Coelho de Abreu relata ao Secretário
de Estado da Marinha e Ultramar a viagem que realizou de Lisboa a
Bissau e desta a São Luís. Por esta documentação verificamos que no referido ano entrou na capital maranhense um comboio com cinco navios vindos da ilha
de Bissau e estes traziam escravos, cera e marfim.
As embarcações, galera Ninfa do Mar, galera Ligeira, bergantim Piedade,
bergantim Esperança e a escuna São José Felix transportaram um total de 945 africanos, que foram classificados da
seguinte forma: 585 escravos homens; 116 moleques; 170 escravas mulheres e 74
molecas. Carreira demonstrou que, durante o período de actividade da Companhia
Geral (tanto de monopólio como de livre comércio) foram adquiridos 31.317
escravos adultos e adolescentes e
destes 22.404 eram originários da área compreendida entre o rio Casamansa e
a Serra Leoa (chamados de rios de Guiné), o que representa 71,5% do
total, sendo que dos reinos de Angola e Benguela saíram 8.913 cativos (28,5 %). Esses números representam o
total de peças adquiridas,pois levando
em conta as perdas (falecidos em terra e durante as viagem) se obtém as seguintes quantidades: Guiné com 18.268; Angola
com 6.717 (CARREIRA, 1983:86-87).
1755/07/00
NICOLAU PINA ARAÚJO é
capitão-mor de Bissau
1755/07/19
CONSULTA
do Conselho Ultramarino ao rei D. José I sobre carta do capitão-mor da praça de Bissau, NICOLAU DE PINA ARAÚJO, de 28 de
Outubro de 1754, informando que necessitava de um engenheiro para delinear
a fortificação de Bissau e de oficiais para executarem a obra e gente para a
sua guarnição, em virtude de apenas ter
vinte crioulos e alguns escravos; expondo a importância da fortaleza e da
sua guarnição para obterem a obediência dos potentados da ilha de Bissau e sua
vizinhança, e a propagação da fé católica; aconselhando que houvesse uma pessoa
que o substituísse nalgum período que estivesse impedido de servir, e o
auxiliasse nas relações com os locais, recomendando
o capitão de infantaria de Cacheu, BENTO JOSÉ NOGUEIRA, assumisse esta
diligência, conferindo-lhe o posto de sargento-mor; e remetendo certidões
que atestavam o merecimento de Bento José Nogueira.
Anexo:
carta e certidões.
AHU-Guiné,
cx. 9, doc. 13 e 6.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
740.
1755/08/09
CONSULTA do Conselho
Ultramarino ao rei D. José I sobre carta do capitão-mor da praça de Cacheu,
de 30 de Agosto de 1754, dando conta da sublevação
protagonizada pelos escravos do capitão-mor de Bissau, NICOLAU DE PINA ARAÚJO, e outros poucos que os seguiram, escalando os
baluartes daquela praça, matando três soldados brancos, e cometendo inúmeras
insolências e roubos, em prejuízo Fazenda Real.
Anexo: carta (cópia) e
certidões
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
15.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
742.
1755/08/09
CONSULTA do Conselho
Ultramarino ao rei D. José I sobre carta do capitão-mor da praça de Cacheu,
de 30 de Agosto de 1754, dando conta da sublevação
protagonizada pelos escravos do capitão-mor de Bissau, NICOLAU DE PINA ARAÚJO, e outros poucos que os seguiram, escalado os
baluartes daquela praça, matando três soldados brancos, e cometendo inúmeras
insolências e roubos, em prejuízo Fazenda Real.
Anexo: carta (cópia) e
certidões
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
15.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
742.
1755/08/18
REQUERIMENTO dos oficiais
pedreiros e carpinteiros, Lourenço
Ferreira, José Soares e Joaquim Manuel, ao rei D. José I solicitando
receber os seus salários, em virtude de já terem regressado à Corte, depois de
terem trabalhado na fortificação de Cacheu e Bissau.
Anexo:
carta, lista e lembrete.
AHU-Guiné,
cx. 9, doc. 16.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
743.
1755/10/30 REQUERIMENTO do capitão de infantaria, BENTO JOSÉ NOGUEIRA, ao rei D. José I solicitando confirmação da sua promoção ao posto de sargento-mor da praça de
Bissau, mencionando que deveria receber o soldo compatível com a atual patente,
dado que fora provido para auxiliar o capitão-mor de Bissau no governo daquela
praça.
Anexo:
decreto (minuta).
AHU-Guiné,
cx. 9, doc. 18 e 19.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
745.
1755/12/06
OFÍCIOS (minutas) do secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça de Corte Real,
o primeiro, ao capitão-mor da praça de Bissau informando que não podia mandar
as respostas das suas cartas na presente embarcação, em virtude da situação vivida
após o terramoto; acerca da expedição do necessário para o acabamento da
fortaleza, e sobre a nomeação de BENTO
JOSÉ NOGUEIRA para o posto de sargento-mor de Bissau; o segundo, ao governador e capitão-general de Cabo Verde,
LUÍS ANTÓNIO DA CUNHA D´EÇA, sobre o atraso na expedição da correspondência
por causa do terramoto e dando conta que mandou fazer as duas lanchas perdidas
pelo destinatário.
Obs.: as duas cartas
estão no mesmo suporte.
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
20.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
746.
1756/05/21
OFÍCIO do capitão-mor da praça Bissau, NICOLAU DE
PINA ARAÚJO, do [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de
Mendonça Corte Real], acerca da execução da ordem régia para libertar o degredado e mestre pedreiro
ANTÓNIO RODRIGUES.
Anexo: extracto de cartas.
AHU-Guiné,
cx. 9, doc. 23.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
749.
EXTRACTO DE CARTAS dos capitães-mores das praças Bissau e Cacheu, NICOLAU
DE PINA ARAÚJO e MANUEL PIRES CORREIAS, sobre a execução de uma ordem régia
relativa ao degredado e mestre pedreiro ANTÓNIO
RODRIGUES; lamentando o terremoto ocorrido em de Lisboa, e queixando-se
da insolência dos negros de Bissau, e pedindo satisfação da patente que
solicitou para BENTO JOSÉ NOGUEIRA que
deveria auxilia-lo no governo da praça de Bissau; acerca do estado da
fortificação da ilha [de Bissau], da falta de guarnição e dinheiro para dar
seguimento as obras.
AHU-Guiné,
cx. 9, doc. 23.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
750.
1756/06/21
Nomeação
de MANUEL ANTÓNIO DE SOUSA MENESES
no cargo de capitão e governador-geral de Cabo Verde. Tomou posse a 6 de Abril
do ano seguinte.
No
contexto da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), os ingleses ocuparam a ilha de Goreia.
1757/00/00
MANUEL PIRES CORREIA é capitão-mor de Bissau, até 1759
1757/03/17
Dr. Amaro Luiz de Mesquita nomeado ouvidor em 17 de
Março de 1757, faleceu em 1760.
1757/04/03
MANUEL ANTÓNIO DE SOUSA E MENESES governador de Cabo
Verde desde 3 de Abril de 1757 até 6 d Outubro de 1761.
1757/06/26
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, MANUEL
PIRES CORREIA ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim
da Costas Corte Real], dando conta que recebeu um aviso do presidente do
hospício de Bissau, frei MANUEL DE
VINHAS, através de frei MANUEL DE
PAÇOS, informando de que o gentio de Bissau estava levantado, em virtude da
morte do sargento-mor BENTO JOSÉ NOGUEIRA na povoação de Geba, estando ANTÓNIO
FERNANDES LOPES GODINHO SANCHES governando aquela povoação, tendo
posteriormente recebido outro aviso de Bissau comunicando a morte do capitão-mor de Bissau, NICOLAU DE
PINA ARAÚJO.
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
26.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
753.
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, MANUEL
PIRES CORREIA ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim
da Costas Corte Real], sobre o falecimento do capitão-mor da praça de Bissau, NICOLAU DE PINA ARAÚJO e do
sargento-mor, BENTO JOSÉ NOGUEIRA;
acerca da inventariação dos bens do falecido capitão-mor, as suas dívidas e a delapidação da sua fortuna; informando que durante o governo do falecido capitão-mor
nunca houve almoxarife para carregar tudo o que pertencia à Fazenda Real.
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
26.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
755.
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, MANUEL
PIRES CORREIA do [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim
da Costas Corte Real], dando conta do estado da ilha de Bissau, e dos desmandos do gentio em virtude da falta de
autoridade naquelas partes, advertindo que ordenou que ANTÓNIO FERNANDES LOPES,
que estava a frente da povoação de Geba, governasse Bissau e acalmasse o gentio;
lastimando não ter guarnição e gente suficiente para descolar-se a Bissau para
averiguar a situação; solicitando ser socorrido com guarnição para aquela praça
e presídios.
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
26.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
756.
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, MANUEL
PIRES CORREIA ao [secretário de estado da
Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costas Corte Real], remetendo carta do padre
presidente do hospício de Bissau, frei MANUEL
DE VINHAIS, informando da situação da praça de Bissau, da artilharia, e da
ida de ANTÓNIO FERNANDES LOPES para
restabelecer a ordem naquela praça.
Anexo:
carta.
AHU-Guiné,
cx. 9, doc. 26.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
757.
Um
eco paradigmático da assunção de responsabilidades encontra-se na transferência das administração das «Ilhas
de Cabo Verde, suas annexas, e Costa da Guiné desde o Cabo Branco até ao Cabo
das Palmas» para a COMPANHIA GERAL DO GRÃO PARÁ E MARANHÃO, ocorrida,
discretamente, em 1757 (1). A sociedade suplicara o comércio exclusivo naquela
área (2), a par da outorga, a ocultas, do governo político e militar dos domínios
envolvidos (3). Em sigilo inquebrantável, tudo abençoou o Alvará de confirmação de 28 de Novembro de 1757, determinando, de
modo peremptório, que os actos dimanados da Companhia ostentassem idêntico
vigor e produzissem os mesmos efeitos «como se fossem obrados com autoridade
publica; sem receberem o menor prejuízo, ou diminuição, quanto à sua substancial validade de serem feitos e ordenados em segredo...» (4). Uma concessão que se destinava a manter
firme e valiosa pelo prazo de vinte anos. (5)
(1) Vide A. da Silva Rego, O Ultramar Português no século XVIII (1700-1833), Lisboa, MCMLXVII, págs. 213 e segs., António Carreira, As Companhias Pombalinas, cit., págs. 41 e segs.
(2) Aludimos à extensa
consulta de 14 de Novembro de 1757 da «Junta da Administração da Companhia
Geral do Grão Pará e Maranhão sobre haver Sua Majestade por bem conceder à dita
Companhia o Commercio exclusivo das Ilhas de Cabo Verde, e suas annexas, e da
Costa da Guiné, desde o Cabo Branco, athé o Cabo das Palmas inclusive, com as
condiçoes expressadas». As linhas que se extractam deste documento retiraram-se
do A. H. M. O. P. T. C., Companhia
Geral do Grão Pará e Maranhão, 1. Existe um outro exemplar no A. H. U.
que está publicado por António Carreira, op.
cit., págs. 272 e segs.
(3) O monarca anuía entregar à «Junta da
Administração da respectiva Companhia por tempo de vinte annos os Governos
Politico, e Militar das Ilhas de Cabo Verde, suas annexas, e Costa de Guiné
desde o Cabo Branco athé o Cabo das Palmas incluzive; para que ella sem
dependencia de outro algum Tribunal, que não seja a Real, e imediata Protecção
de Vossa Majestade, os mande administrar pelas pessoas que bem lhe parecer:
Exceptuando sómente as Nomeações, e Provimentos dos Bispos, Conegos, e mais
Ministros da jurisdicção Ecclesiastica; porque esta ficará no mesmo estado, em
que prezentemente se acha». Vide consulta
de 14 de Novembro de 1757, condição I. O desvelo em encobrir a concessão
resultava ostensivo das condições II e V.
(4) Vide A. H. M. O. P
T C., Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão, 1; A. Carreira, op. cit., pág.
279; A. H. U., Pará, caixa 16 A (1754-1758).
(5) Sobre o
ressarcimento que tocaria à Companhia, se, por algum incidente não imaginado,
ocorresse uma revogação antes do expirar do prazo da concessão, ver a consulta
de 14 de Novembro de 1757, condição XIV.
1758/04/11
DESPACHO
(cópia) do Conselho Ultramarino determinando que o tesoureiro do dito Conselho,
José Miguel Licete, pagasse ao oficial pedreiro ANTÓNIO RODRIGUES uma determinada quantia respeitante aos seus
jornais, do que gastou na ida, assistência e regresso de Bissau, e o sustento
da viagem de ida e volta Lisboa.
Anexo:
escrito, lista e carta (cópia).
AHU-Guiné,
cx. 9, doc. 29 e 28.
AHU_CU_049,
Cx. 8, D. 759.
1758/05/13
CONSULTA
do Conselho Ultramarino ao rei D. José I sobre requerimento de MANUEL FERREIRA DE OLIVEIRA,
solicitando ser nomeado capitão-mor da ilha de Bissau, em virtude do falecimento
do sargento-mor BENTO JOSÉ NOGUEIRA
e do capitão-mor da praça de Bissau, NICOLAU
DE PINA [ARAÚJO].
Anexo:
ofícios, lembrete, certidão, requerimento, consulta (minuta) e provisões
(cópia).
AHU-Guiné,
cx. 9, doc. 30 e 9.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
760.
1758/07/16
OFÍCIO do capitão-mor de Cacheu, MANUEL PIRES CORREIA,
ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Tomé Joaquim da Costas Corte
Real sobre a fortificação da ilha de Bissau, mencionando que em tempos o
corsário Nossa senhora da Estrela fora duas vezes a Bissau para o
empreendimento da obra da fortaleza; informando que enviará para a Corte ANASTÁCIO DOMINGOS PONTES para dar conta da obra da fortaleza.
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
30.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
761.
1758/12/00 A tomada de Gorée pelos ingleses ocorreu
em dezembro 1758, quando uma expedição naval britânica liderada por Augustus
Keppel tomou a ilha francesa de Gorée ao largo da costa do Senegal durante a
Guerra dos Sete Anos. A ilha foi ocupada pelos britânicos até 1763, quando foi
devolvida após o Tratado de Paris.
1759/00/00
1759 -
Instituição, em Portugal, da Companhia
Geral de Pernambuco e Paraíba, outra das companhias de comércio criadas pelo
marquês de Pombal.
DUARTE JOSÉ RÓIS é capitão-mor de Bissau
1759/05/02
CARTA de frei MANUEL DE PAÇOS, ao capitão-mor da
praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, sobre as dificuldades que teve
para fretar a lancha do capitão MATEUS DE SOUSA, para ir a Cacheu levar
notícias; dando conta da presença de uma embarcação de uma Companhia francesa
em Bissau pedindo mantimentos ao rei local, adiantando que os franceses
questionaram os motivos pelos quais o rei de Portugal levantou fortaleza em
Bissau e se a ilha de Bolama também pertencia ao monarca português; enfatizando
que apesar do seu estado de saúde continuaria remetendo os papéis que chegassem
da Serra Leoa; e informando da
insolência do gentio que estava levantado.
AHU-Guiné, cx. 9, doc.
32.
AHU_CU_049, Cx. 8, D.
764.
Sem comentários:
Enviar um comentário