«ANTÃO GONÇALVES depois de armado cavaleiro no posto dos Lobos marinhos voltando a Portugal trouxe alguns bárbaros que ali captivára, dos quaes o Infante não cessava de tirar novas informações sobre as costas, terras e gentes que por ali habitavão. Como estes Mouros promettessem dar alguns negros de Guiné, em seu resgate, cousa que o Infante muito dezejava, pelo que o vulgo fabulava daquellas terras, voltou o Gonsalves com elles a Africa neste anno de 1442. Os Mouros cumprirão a promessa, e derão em preço da sua liberdade algum ouro, e dez negros de differentes terras. Este (dizem os nossos escriptores) foi o primeiro ouro que veio daquellas parles, assim como os negros forão os primeiros escravos, que da Costa occidental de Africa vierão a Portugal» Índice chronologigo das navegações, viagens, descobrimentos e conquistas dos portuguezes nos paizes ultramarinos desde o principio do século xv. Francisco de S. Luiz, Lisboa, na Imprensa Nacional, 1841, pg.25
«Em 1442 - Entre os
prisioneiros trazidos por Antão Gonçalves, encontrava-se
um velho de nome Adahu, que vendo-se posto em cativeiro, no qual como quer que fosse docemente tratrado, desejava ser livre; pelo que muitas vezes requeria a Antão Gllz que o levasse
à sua terra,
onde lhe afirmava que daria «por si 5 ou 6 mouros negros».
Mais dois
prisioneiros azenegues faziam
análogas propostas, e por isso Antão Gonçalves pediu licença ao Infante para voltar ao
Rio do Ouro fazer a permuta nas condições propostas, «pois melhor era salvar 10 almas do que três, que pero
negros fossem assim tinham almas
como os outros.»
Concordou
D. Henrique com o oferecimento, encarregando ao mesmo tempo o moço e
diligente cavaleiro de trazer novas não somente daquelas
terras, mas ainda das Indias e da terra de
Prestes João, se ser pudesse.
Tendo chegado ao Rio do Ouro, Antão Gonçalves desembarcou o velho Adehu, que não tornou a aparecer, esquecendo-se das promessas feitas em Portugal. Mas, como se
encontravam a bordo os outros dois prisioneiros, vieram as suas famílias com 10 escravos de raça
negra e uma porção de ouro em pó, com o que obtiveram a sua libertação, ou resgate.
Esta
transacção realizada por Antão Gonçalves, em 1442, é apontada por
alguns autores, embora erradamente, como o primeiro acto do comércio de
escravos, que mais tarde viria a tomar uma importância
considerável na história da África e Arnérica.
«AZENEGUES: Povos, que confinam com os negros
de Jalof, aonde se começa a regiam de Guiné, a que os Muoros chamam Guinauha. Terra muyto
ifalta de agua, e aonde se vive com tanta meseria que nem ervas tem para comer, como o poeta diz C. 5. est. 6
“Deyxamos de Massilia a esteril costa
Onde seu gado
os Azenegues pastam:
Gente,
que as frescas aguas nunca gosta,
Nem as ervas
do campo bem lhe abastam:
A terra a nenhuiD;
fruyto em fim disposta,
Onde as
aves no ventre o ferro gastam,
Padecendo
de tudo extrema inopia ec."
Pala qual rasam vivem pelos campos, como animaes
brutos e agrestes. Entre elles se criam as emas, aves grandíssimas, e na opinião de alguns tamanhas como cavallos, ou como diz
Plínio, lib. 10. cap. I. excedem na altura a um ornem a cavallo, e o vencem na
ligeyreza em correr, que para isto lhe servem as penas, nam para voar, perque se nam levantam do cham pala qual
razam Eucherio as compara aos hereges, que parecendo ter penas de Sabidoria, nam
podem voar) seus ovos, vemos em as cordas das alampadas: comem ferro) como o poeta diz em o
lugar citado, e eu experimentey já: e de suas penas se fazem os penachos, se I
62 I bem as cores sam artificiaes, perque as
naturaes sam brancas, com algumas manchas de pardo.»
MICROLOGIA CAMONIANA, JOÃO
FRANCO BARRETO, IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA, BIBLIOTECA NACIONAL,
LISBOA, 1982, pg. 128
Diz João de
Barros que à região foi posto o nome de Rio do Ouro, em
virtude desta primeira porção de ouro indígena ali adquirido.
A
mesma designação já era usada entre os mouros e aparece
nos escritos anteriores àquela data, aplicada
vagamente ao rio de Senegal.»
João
Barreto, HISTÓRIA DA GUINÉ 1418-1918, edição do autor, Lisboa, 1938, pg.
20-21
- D. Affonso V o Africano, pelos annos de 1442,
vindo os primeiros negros trazidos de Guiné a Portugal, por Antonio Gonçalves,
creado do sr. Infante Henrique, duque de Vizeu, e pelos anos de 1448 os
primeiros dentes de elephante da costa do S. de Cabo Verde, ordenou este monarcba
a Alvaro de Sousa, senhor de Miranda, seu mordomo mór, que a todos os actos públicos da côrte assistisse à direita do soberano com
um bastão ou bengala de marfim tendo por bastão uma cabeça de negro como para indicar
o novo dominio da coroa portugueza n'aquella parte
do mundo.
- Enviou outra vez o
Infante a Antão Gonçalves para ir ao Porto do Cavalleiro, levando a bordo alguns
Mouros, que dalli trouxera, os quaes diziam ser bem aparentados, e queriam
resgatar-se por Negros escravos, que não faltavam naquelle Paiz. Aproveitou-se
desta ocasião um Fidalgo Alemão, de nome Balthesar, Gentil-Homem da Camara do
Imperador Friderico III, que viera com cartas suas ao Infante, para que o
enviasse a Ceuta, a fim de ser armado Cavalleiro; e pedio-lhe licença, que obteve,
para fazer viagem com Antão Gonçalves,
porque já neste tempo dava tão grande brado pela Europa e fama dos
descobrimentos dos Portuguezes, que os fazia contemplar como superiores aos
outros Povos; e os homens de genio audaz, e aventureiros desejavam participar
com eles da gloria destas empresas, avaliadas então por muitos superiores aos
dos antigos.
Partindo
Antâo Gonçalvespara o seu destino, soffreo huma tempestade, que o forçou a arribar a Portugal; e foi ella tão furiosa,
que Balthasar, indo com desejos de ver huma, se deo por satisfeito com esta, e só
lhe restava pisar a terra Africana para saciar a sua nobre ambição.
Reparado o navio, volveo
Antão Gonçalves á sua derrorata, e com tempo favorável ancorou no Porto, que
buscava, onde a troco dos Mouros, que levou, recebeo dez Negros de diferentes
terras, sendo alguns de Guiné, e
consideravel quantidade de ouro em pó, o primeiro que veio a Portugal, bem como
os Negros. Daqui ficou áquele Porto o nome de Rio do Ouro, pelo qual é
conhecido em todas as Cartas (1). Cumprida assim a ua comissão, regressou Antão
Gonçalves a Portugal, trazendo muitos ovos de Ema, e outras raridades, que o
Infante estimou sobremaneira.
(1)
Este Rio, ou antes braço de mar, entra pela terra dentro
cousa de outo léguas, e he cheio de baixos, com alguns ilhotes. A sua ponta do
Norte fica perto de quarenta milhas ao Sul da Angra dos Cavallos. A roda della
há um recife de pedra, como observou o Capitão Glass, Inglez em 1760.
1442/04/17
17 de Abril de 1442 - Salvo-conduto, passado pelo
regente D. Pedro a FRANCESCO USODIMARE, mercador genovês residente em
Lisboa, para ele e para as mercadorias que trouxer ao país ou levar para fora,
desde que pague a el-rei os direitos respectivos.
In . Monumenta Henricina, 7º vol., 1965, pp. 303-304. ANTT., Chancelaria
de D. Afonso V, liv. 23, fl. 89. SILVA MARQUES, Descobrimentos Portugueses,
vol. 1, p. 415.
Seria
irmão de ANTONIETO USODIMARE, companheiro de Noli
e Cadamosto.
1514/04/25
1443
«Nuno Tristão, a quem ha pouco deixámos no
Cabo-branco, proseguindo as suas explorações, descobrio a ilha de Adeger, e a das Garças (no golfo de Arguim)
á segunda das quaes deo o nome das muitas aves assim chamadas, que ali achou.
Depois voltou a
Portugal, trazendo mais de quarenta negros
captivos, que cá se estimarão muito (diz hum antigo escriptor portuguez) por sua estranha figura.»
Índice chronologigo das navegações, viagens, descobrimentos
e conquistas dos portuguezes nos paizes ultramarinos desde o principio do
século xv. Francisco de S. Luiz, Lisboa, na Imprensa Nacional, 1841. pg.26
«Em 1443 - «E no ano de Cristo de mil quatrocentos e quarenta
e tres, fez o Infante armar outra caravela,
na qual rnandou aquele nobre cavaleiro Nuno Tristão, com outras algumas
gentes de sua
casa; e
seguindo sua viagem chegaram ao Cabo Branco. E querendo seguir mais avante,
passado o
dito cabo
quanto podia
ser XXV leguas, viram uma ilha pequena, cujo nome ao diante souberam
que havia nome a de Gete.» (Crónica de Guiné, cap. XVII). Tratava-se da
ilha
de Arguim, conhecida entre os
árabes pelo nome de Ghir, do qual parece terem derivado os vocábulos
Gete, Deget, Adejer, Adeject, Ergim, Erguim e
Arguim. Próximo
desta ilha notaram
uma outra, a que
deram o nome
de ilha das Garças, por causa do grande número destas aves que ali
existiam, e aprisionaram nelas 15 azenegues, com que regressaram a Portugal.
«As
conveniencias, que de prefente se vaõ, e muito mais as que
se esperavaõ com a amoftra do ouro de Guiné levantava os animos abatidos com as
fintas, e tributos, em que entao se gemia, frutos tirados das expedições de
Ceuta e Tangere; e já o povo naõ chamava ao Infante, fenaõ o redemptor de feus naturaes,
abrindo-lhe hum novo caminho, em que fem oppreffaõ podeffem refarcir com o
commercio fuas antigas perdas; e caminho aberto à cufta de tantas defpezas, fem
fe dever ao publico a contribuiçaõ do minimo fubfidio. A cubiça excitou a muitos, lifonjeados das boas noticias, e muito mais
das cargas, que traziaõ os navios. Para eftabelecerem com mais fegurança
fua fortuna, uniraõ·fe alguns como em companhia, e pediraõ licença ao Infante para armarem embarcações à fua cufta, e hirem
defcobrir mais a Cofta de Guiné, pagando-lhe hum tanto, de tudo o que lhes
rendeffe fua induftria. Os primeiros a proporem effe negocio foraõ os
moradores de Lagos, Villa onde entaõ defcarregavaõ os navios deffes
defcobrimentos, por habitar o Infante na de Terça Nabal, que (como
deixamos efcrito) havia fundado para os bons progreffos de taes expedições.»
VIDA DO
INFANTE D. HENRIQUE, POR CANDIDO LUSITANO, L I S BOA, Na Officina Patriarcal de
FRANCISCO LUIZ AMENO. MDCCLVIIl., pg. 222-223
O êxito das
últimas
viagens
e
a pouca combatividade dos indígenas até ali conhecidos, levaram o almoxarife da vila de Lagos, Lançarote, a apresentar ao
Infante a proposta para uma expedição particular, que, sem desprezar
os beneficios materiais dos armadores, procuraria também auxiliá-lo na
descoberta de novas terras.
Obtida a competente
autorização, a frota de Lançarote, composta de seis navios, em que
embarcaram também como capitãis Gil Eanes, Estevão Afonso, Rodrigo Alvares,
João Dias e João Bernaldez, seguiu directamente
para o pôrto de Arguim.
Passaram a
explorar as ilhas próximas e numa delas, chamada Naar, desembarcaram 30 homens., que aprisionaram 165 indígenas, contando mulheres e crianças.
«O effeito
approvou a oufadia por que forao tao afortunados, que quando os Mouros a
brados avifavaõ huns a ou·tros dos novos hofpedes, já eftavaõ cativos cento e
cincoenta e cinco, e feguros nos bateis. Paffara a mais o numero;
mas muitos tiveraõ por mais fuave a morte,
que o cativeiro, e inveftindo aos aggreffores, moftraraõ valor na refiftencia;
porém naõ poderaõ jactarfe delle com os feus, porque em fim cederaõ aos golpes
repetidos, perdendo com gofto as vidas, onde feus companheiros perdiaõ a liberdade. Soberbos os noffos, como fe as prezas
foffem defpojos de huma cançada victoria, remaraõ para os navios, onde a briofa trifteza dos que naõ se
haviaõ achado no honrado feito lhes augmentou a vaidade.»
VIDA DO
INFANTE D. HENRIQUE, POR CANDIDO LUSITANO, L I S BOA, Na Officina Patriarcal de
FRANCISCO LUIZ AMENO. MDCCLVIIl., pg.226-227
É
provàvelmente a esta operação que se refere Diogo Gomes na sua Relação
do Descobrimento da Guiné, quando declara: «E eu Diogo Gomes, almoxarife
da
Sintria,
sosinho, apoderei-me de 22 pessoas, que estavam escondidas e as
trouxe ante mim, sosinho, como se fossem rezes, por meia légua até os
navios.»
Dali dirigiram-se
à
ilha
de Tider, (Tyder ou Tiger) afastada umas cinco léguas onde
prenderam 48 «cenegios» e com alguns outros aprisionados no Cabo Branco, na viagem de
regresso, chegaram ao pôrto de Lagos em 7 de Agôsto, com 235
cativos, entre os quais «havia alguns de razoada brancura,
formosos e apostos; outros menos brancos, que
queriam semelhar pardos; outros tão negros como etíopes.» (Azurara).
Como o
Regente do Reino havia cedido ao Infante o direito ao quinto r:eal,
Lançarote entregou a quinta parte da prêsa a D.
Henrique, que «mui breve fez delas sua partilha, que toda a «Sua
principal riqueza estava em sua vontade, considerando com «grande prazer na salvação daquelas
almas, que antes eram perdidas. E certamente que seu pensamento não era vão, que,
como
já
dissemos, tanto que estes haviam conhecimento da linguagem,
com
pequeno movimento se tornavam Cristãos; e eu que esta historia
ajuntei em este volume, vi na vila de Lagos moços e moças, filhos e
netos daquetes, nados em esta terra, tão bons e tão verdadeiros Cristãos como se
descenderam do começo da lei de Cristo...» (Azurara, cap. XXV) (a).
O
regresso da frota de Lançarote, com apreciável prêsa, pois que
assim eram considerados na época os cativos, foi motivo de grande alegria em
Portugal e contribuiu para serenar as críticas que
alguns fidalgos e homens do povo faziam à obra do Infante de Sagres,
cujos resultados não tinham correspondido até ali nem às
despesas feitas, nem às esperanças fantasiosas que se
depositavam nas supostas minas de ouro da Guiné.
(a)O senhor José de Bragança, analisando esta passagem da Crónica e uma outra análoga do
capítulo VII, nota que, admitindo-se ter Azurara acabado de escrever o seu
livro em 1453, não poderia ter visto
os filhos e até netos dos cativos adoptarem a religião católica em
Portugal. O reparo até certo ponto tem cabimento. Mas podemos admitir que
Azurara, falando de uma maneira geral dos mouros cativos, tivesse na mente os
prisioneiros feitos antes de 1441, no norte de África. Além disso, como entre
os indígenas aprisionados na costa de Guiné e transportados para Portugal
figuravam famílias inteiras compreendendo pais, filhos e netos, podem-se
interpretar as passagens discutidas da Crónica,
sem que vejamos nelas necessàriamente uma contradição ou equívoco.»
João Barreto, HISTÓRIA
DA GUINÉ 1418-1918, edição do autor, Lisboa, 1938, pg. 21-23
Mercado
de escravos em Lagos
Edifício de Lagos no local onde se
ergueu provavelmente a «Casa da Guiné». Aqui, segundo uma tradição
nunca confirmada, teria funcionado o mercado de escravos. (Postal ilustrado. Fototeca Municipal de Lagos)
Lagos. 8 de Agosto de
1444. Os campos ao redor desta vila estão cheios de homens e
mulheres, moças e moços, lavradores que deixam suas terras e gados, mesteirais que largam seus ofícios, tanto nesta
vila como nas aldeias em redor, para verem os cativos de África que vieram a
este reino. São duzentos e trinta. e cinco, uns muito
negros. Outros muito pardos. É coisa nunca vista. Vão ser
divididos em cinco quinhões, para se pagar o quinto do infante.
Este, segundo os tratos que faz com
os mercadores, tem direito a
metade das presas quando fizer as despesas da expedição e à quinta parte quando as expedições se façam à custa de armadores particulares.
Para
formar os cinco lotes os filhos são separados das mães, as mulheres
dos maridos, os irmãos das irmãs, os amigos dos amigos. Cada um cai onde a sorte o
leva e são terríveis seus gritos e choros. Os filhos correm para as mães, as mâes deitam-se de bruços para não largarem os pequeninos que têm ao
colo, os maridos gritam pelas mulheres, as mulheres gritam
pelos maridos.
Este triste e spectáculo
emocionou todos quantos a ele assistiam.
Desde há muito que há escravos no mundo, mas os portugueses nunca tinham visto vender gente em hasta pública como se fosse gado.
A CHEGADA
DOS NAVEGANTES
Lagos. Agosto de 1444
Gomes
Eanes de Zurara descreve nestes termos a chegada dos navegantes:
«Chegaram as caravelas a Lagos de onde antes partiram, tendo bom
tempo de viagem e
não lhe foi a fortuna menos graciosa na
bonança do tempo do que antes lhe fora no tomar da presa. E como as gentes
são desejosas de saber, uns
procuraram chegar à ribeira outros meterarn-se nos batéis que acharam
amarrados ao longo
da praia e foram receber
seus parentes e amigos de forma que logo foi sabido seu bom sucesso, com o
qual geralmente, todos estavam alegres. Neste
dia, bastou aos
principais beijar a
mão ao infante, seu senhor, contando-lhe em breve a soma de seus feitos. E foram repousar, como homens que chegavam à sua terra e às suas casas, onde já sabeis qual
seria a sua alegria entre suas mulheres e filhos.»
«O Infante
D. Henrique, para que tomaffe forças
aquelle novo negocio encheo de mercês aos fundádores da util Companhia, e
ao Capitaõ Lançarote, como fe diftinguira em ferviços, accrefcentou-lhe a
nobreza, e por fua Real maõ o armou Cavalleiro, honra que fora de fobejo, se elle
voltaffe com a conquifia das terras, donde trouxera os cativos; mas o Infante, em cujo coraçaõ naõ podia caber alegria de mayor pezo, quafi avaliava aquella grande quantidade
de prezas por defpojos de huma importante victoria.»
VIDA DO
INFANTE D. HENRIQUE, POR CANDIDO LUSITANO, L I S BOA, Na Officina Patriarcal de
FRANCISCO LUIZ AMENO. MDCCLVIIl., pg.229
1444
«Coube aos portugueses
o papel pouco honroso de terem iniciado o tráfico de escravos no Atlântico, uma vez que o avanço
das caravelas lhes tinha permitido encontrar uma alternativa
às tradicionais rotas transarianas. E durante cerca de 180 anos, entre 1444 (chegada a Portugal do primeiro grande contingente de escravos) e 1621 (fundação da Companhia Holandesa das Índias Ocidemais), praticamente detiveram o exclusivo desse comércio. Ainda
assim, um exclusivo relativo: quase desde o início, espanhois (sobretudo das Canárias),
franceses e ingleses desafiavam as restrições do mare clausum formuladas
no
Tratado de Tordesilhas e apareciam a negociar no litoral africano.
Além
disso, se a imensa maioria dos navios e dos traficantes era portuguesa, muitos
dos capitães pertenciam a italianos e flamengos.
Os primeiros dois séculos
são ainda, em volume e em estrutura, uma pequena amostra do tipo de tráfico que virá a seguir, embora já cerca de três
mil escravizados sejam
vendidos em cada ano.»
ESCRAVOS E TRAFICANTES NO IMPÉRIO PORTUGUÊS, O
comércio negreiro português no Atlântico durante os séculos xXV a XIX, Arlindo
Manuel Caldeira, A Esfera do Livro, Lisboa, 2013, pg.29
1468
«Ao longo de todo o Antigo Regime, o principal
beneficiário do tráfico de escravos foi o próprio Estado.
Desde a morte do infante D. Henrique, em 1460, que o comércio africano
era monopólio da Coroa, o que significava que os navios
que navegavam para África necessitavam de autorização prévia do rei e que os
produtos que de lá chegavam estavam sujeitos ao pagamento de direitos e
impostos. Essas funções competiam inicialmente à Casa do Trato da Guiné,
com
sede em Lagos, que foi transferida para Lisboa em 1468
com o nome de Casa da Mina e Tratos da Guiné, ou só Casa da Mina.
Na Casa da Mina foi criada, em 1486, uma repartição destinada
a superintender o tráfico dos escravos, a chamada Casa dos Escravos,
cujo edifício, além de acolher a parte administrativa, dispunha também de um
grande armazém onde eram concentrados os cativos após o desembarque.
Aliás, em 1512, o rei D. Manuel proibiu expressamente que fossem desembarcados fora de Lisboa
quaisquer escravos trazidos a Portugal.
O número de escravizados entrados no país subiu de algumas centenas no fim do século xv para urna média anual de cerca de 2500 nas duas primeiras décadas do século XVI. Provenientes da Senegâmbia (a maioria) ou do golfo da Guiné, muitos
desses escravos eram reexportados, como já se disse atrás, para o Sul de Espanha, de onde uma parte deles era, por sua vez, remetida para as Antilhas.
Quando, em 1518, foi autorizada
pelos
reis de Portugal e de Espanha a exportação direta de escravos para a
América Espanhola a partir de Cabo Verde e de São Tomé, diminuiu a importância de Lisboa como cenrro de
distribuição, mas não como centro de adminisrração e
controlo.
Entre as competências da Casa dos Escravos
(e que depois irão passar para
outros organismos) estavam: a venda de licenças para o tráfico; o
arrendamento a terceiros, em regime de monopólio, do comércio em
determinadas áreas do litoral africano; e a concessão a particulares,
mediante
pagamentos
anuais, de contratos
de
exploração
dos direitos régios em áreas já povoadas e com atividade económica própria, como Cabo Verde
ou São Tomé.
A outra solução usada pela Coroa foi a administração direta
dos monopólios comerciais pela Fazenda Real, o que exigia montar um corpo de
funcionários especializados, pagos com as receitas que resultavam da sua ação, em geral mais motivados pelos interesses privados do que pelo serviço do rei e demasiado
recetivos à corrupção.
Ao arrendar esses recursos a capitalistas privados, a Coroa poupava em meios humanos e em despesas,
e, sobretudo, garantia receitas fixas, não sujeitas às oscilações e caprichos do mercado. Não se livrava, claro, dos ataques do contrabando,
muitas
vezes
promovidos
pelos próprios contratadores. E também não tinha como fugir ao
problema dos pagamentos, que nem sempre eram tão vultuosos
e pontuais como estabelecia a letra dos contratos, embora, para os garantir, se exigisse fiadores abonados e
credíveis.
Ainda no século xv, o banqueiro e armador Bartolomeu Marchionni, representante dos Médicis em Portugal,
aparece como arrendatário do «rio dos Escravos», entre
1486 e 1493, e dos «rios da Guiné de Cabo Verde» (Senegâmbia) entre
1490 e 1495. Em 1502 e 1503 essa área passa para Fernando (ou Fernão) Loronha, ativo mercador cristão-novo, cavaleiro da
Casa Real, que tivera por duas vezes o
monopólio do comércio do pau-brasil e foi um dos
primeiros a conseguir o contrato de abastecimento de escravos e vinho a São Jorge
da Mina.
Outras áreas houve colocadas sob regime de
exclusividade, como a da Serra Leoa ou a dos rios Cantor e Gâmbia, esta arrendada
ao
comerciante João Rodrigues de Mascarenhas.
As maiores receitas iriam vir, no entanto, dos arrendamentos
para
a
cobrança dos direitos régios
nos arquipélagos de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe e, a seu tempo, no «reino de Angola».
Os contratos de arrendamento nas ilhas de Cabo Verde
iniciam-se em 1501 e mantêm-se durante cerca de 20 anos. Depois
disso, na perspetiva de grandes lucros que nunca se concretizaram, a Coroa
tenta o regime de administração direta. Quando, em 1535,
se regressa ao modelo de arrendamento a particulares, o contrato
para a cobrança dos direitos sobre os escravos trazidos da costa de África
surge já separado do das outras mercadorias entradas ou saídas das ilhas, o que mostra
a
importância que o tráfico
de mão-de-obra estava a ter na economia do arquipélago. E os contratos
passam a ter a duração de seis anos, em vez dos três
habituais.
À medida, porém, que o comércio dos «rios da Guiné» se autonomiza, passando a fazer-se diretamente
com as Américas, o tráfico negreiro vai-se
progressivamente afastando do arquipélago cabo-verdiano
e, a partir do século xvii, em muitos
dos anos, já não há sequer quem arremate o contrato.
Não sabemos que valores atingiu o arrendamento dos direitos
no período de maior prosperidade dos negócios em Cabo
Verde. Para o período de 1602-1606, Jácome Ficher e Custódio Vidal, com pouca experiência neste negócio,
arremataram-no por 27 000$000 mas, em 1605, tiveram de largar o
contrato por incumprimento. No seguimento, o mercador lisboeta cristão-novo João Soeiro conseguiu o arrendamento por
16
000$000
réis
anuais e a partir de então os valores do contrato
foram
sempre abaixo dessa ordem de grandeza»
ESCRAVOS
E TRAFICANTES NO IMPÉRIO PORTUGUÊS, O comércio negreiro português no
Atlântico durante os séculos xXV a XIX, Arlindo Manuel Caldeira, A Esfera do
Livro, Lisboa, 2013, pg. 158-160
Brasão de armas de FERNÃO GOMES DA MINA , o primeiro grande negreiro atlântico. Figuram
no brasão com que foi agraciado as «mercadorias» que tinham feito a sua
fortuna: ouro e escravos africanos. (Livro da Nobreza e
Perfeiçam das Armas de António
Godinho, c. 1500. Arquivo Nacional da Torre do Tombo,
Lisboa)
FERNÃO GOMES, um comerciante de Lisboa possui os direitos exclusivos para negociar escravos e ouro em Cabo
Verde e ao longo da costa da Guiné (ele foi obrigado a explorar cem léguas
a oeste da Serra Leoa em troca de tais concessões).
«Em
primeiro lugar a concessão de FERNÃO GOMES em 1469-74.
Deixemos
tudo o mais e as peripécias que rodeou esta concessão mercantil onde a troco de
uns patacos para a coroa se fez uma enormíssima fortuna, ou melhor, se fizeram
enormíssimas fortunas pois os homens que Fernão Gomes associou a si - famosos
pilotos e capitães - foram partícipes indirectos nesses enormes lucros do
concessionário.
Após
peripécias e desforços vários com o Monarca, Fernão Gomes construiria no espaço
atlântico uma verdadeiro potentado marítimo e mercantil de uma extraordinária
dimensão geográfica, que jamais alguém conseguiu igualar: o maior espaço
mercantil concedido a um particular na Europa do seu tempo Infelizmente não
conhecemos o texto em que se estipularam os termos e exactas condições deste
arrendamento ou “conçerto” (tal como a da renovação de 1473). Ignoramos,
assim, os exactos termos e condições deste contrato de arrendamento. Mas é
seguro que houve uma “Carta de Contrauto” onde se especificavam a “maneira
e condiçõões e declaraçõões e cousas com que lho temos dado e outorgado” estipulando
condições possivelmente mais pormenorizadas do que as sumariadas pelos
cronistas.
O
seu conteúdo foi mais largamente anotado por Barros e são os termos e cláusulas
sumariadas por este cronista que se têm sido tomadas como o conjunto de
condições mutuamente aceites em Novembro de 1469.
Para
além de algumas determinações específicas, retenhamos o essencial para o ponto
aqui em análise:
O
arrendamento ou concessão, do comércio (por quatro anos mais um) incluía toda a
extensão da costa que viesse a descobrir e explorar, além dos limites da Serra
Leoa. Na verdade o arrenadamento dos tratos incluía a obrigação de navegar e
explorar, pelo menos, 100 léguas de costa ”de maneira que no cabo de seu
arendamento, désse quinhentas légoas descubertas”.
Ressalte-se
um aspecto pouco focado com esta concessão: a Coroa impunha a colocação de
Padrões nas terras que e viesse a descobrir. Com esta cláusula a coroa quase
que se resigna e se limita a reivindicar para si uma mera posse administrativa
em termos de titularidade.
Tudo
ficava neste acorde ou concessão a exclusivo encargo do Concessionário, que
organizaria o trato conforme o entendesse e mediante ainda um pagamento anual
ao Monarca de 200.000 reais brancos (que pareceu quase simbólico como o Povo o
referia em Cortes, logo depois).
Posteriormente
a este Contrato com o Rei, viria Fernão Gomes a acertar outro com o Príncipe D.
João. Embora não se saiba exactamente quando, assegura Barros que veio
efectivamente o mercador a negociar com o Príncipe o comércio de Arguim que
Afonso V não incluiu no seu primeiro contrato assenhoreando-se também deste
rico trato da costa.
Não se
pense, porém, que de 1469 em diante tudo se deve apenas a Fernão Gomes. Há
outros grandes mercadores e os capitães e pilotos que com ele colaboraram (e ao
serviço do qual efectivamente estiveram) os quais foram participantes,
intervenientes e interessados activos, nesse mesmo comércio e que, por aqui,
foram botando e deixando raízes.
Desconhecemos
os termos exactos dessa associação mercantil que este Fernão Gomes utilizou
para a exploração do Golfo entre a Serra Leoa e o Cabo de Santa Catarina, mas,
no mínimo, ela deveria ter-se pautado pelas normas então em voga nos meios
náuticos: a parceria, qualquer que fosse a percentagem estipulada com
cada um deles.
Parceria
que implicou obrigatoriamente com este o estabelecimento de contratos ou até
subcontratos de participação envolvendo esses pilotos, capitães e até
marinheiros que nas mesmas viagens participavam. Uns no local ou caminhos do
trato, outros na logística e preparação de meios em Lisboa. (construção,
aluguer e apresto das embarcações etc.) Subcontratos, por seu turno
estabelecidos com outros mercadores, alguns dos quais já incluídos ou
referenciados pelo próprio monarca.
A
preservação desse circuito atlântico e áreas territoriais com ele envolvidas
frente a outros interesses estranhos ficaria, depois, muito devedor também à
acção deste mercador. Naturalmente em benefício directo próprio mas,
indirectamente, garantindo aos nacionais as ricas áreas que obviamente sabia
que a prazo lhe iriam sair das mãos em virtude do contrato a termo certo
lavrado com a Coroa. É o caso da oposição frontal às tentativas dos italianos,
“encabeçados” por António de Nola para penetrar nessas áreas quer a partir de
Cabo Verde quer da Madeira.
Não
sabemos que tipo de conflitos houve, mas que correram processos movidos por
Fernão Gomes contra o genovês não fica dúvida. O pleito ficou documentado tendo
obrigado o Monarca a intervir em 1472 na sequência dos letígios com o italiano
cuja verdadeira dimensão e gravidade infelizmente desconhecemos (mas violentos,
na opinião de Verlinden). Para além do mais, sob pena de confisco de todas as
embarcações: “porque o dito capitamm foy e he demandado per o dito fernam
gomez” (50).
Acautelando
interesses próprios, um relevante serviço prestado a sua alteza nesta reserva estratégica
do Atlântico onde fervilhava toda uma clientela nacional construindo uma área que
emergia com um interesse económico decisivo para toda uma “maquina” estratégica
em lançamento visando o assalto definitivo a outras áreas e espaços.»
As Concessões mercantis
e a construção atlântica portuguesa, Aurélio de Oliveira, Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, in Actas do Congresso Internacional Espaço Atlântico de
Antigo Regime: poderes e sociedades, Comunicações
Concessão da exploração e comércio da urzela a João e Pedro de
Lugo. Nos primeiros anos após o descobrimento em que o povoamento se
encontrava ainda muito incipiente o Infante D. Fernando, então donatário do
arquipélago, fez “ (...) trato da urzela das suas ilhas de Cabo Verde com João
de Lugo e Pêro de Lugo Castelhanos mercadores e moradores em Sevilha”.
O primeiro contrato para e exploração desse líquen em Cabo
Verde que se tem conhecimento foi firmado em 1469/09/30 com os irmãos João de
Pêro e Lugo, Castelhanos, que se ocupavam da mesma actividade nas ilhas
Canárias, depois desse contrato há conhecimento que foram efectuadas mais de 13
novos contratos incluindo o da Companhia do Grão Pará e do Maranhão. Só esta
empresa extraiu das ilhas 1.858 toneladas de urzela, cujo custo na origem foi
de 250.530 mil réis, tendo em lucro cerca de 210 contos de réis. Houve um outro
contrato da venda da urzela em 12 de Novembro de 1836 entre João António
Martins e os Franceses. “Em 27 de Março de 1837 desembarcou-se do brigue Dois Amigos,
de Manuel António Martins, na alfandega de Goré, 87 sacos de urzela” 13. “Em
toda a ilha onde se apanha ou colhe a urzela há um comprador privado, essa
pessoa é o feitor da fazenda real e ao mesmo tempo comandante militar, este
tomava a urzela dos urzeleiros, não lhes pagavam em dinheiro, mas sim em
géneros. Ele vai fazer as embarcações para os países externos, a maior parte
dos lucros é para o comprador não para as pessoas que apanhavam” 14. As pessoas
que apanhavam aperiguavam a sua vida para fazer a recolha, e os compradores
privados compravam a um preço que não compensavam as canseiras, e as vezes eram
pagas em géneros alimentícios. “O modo de comprar, pesar e pagar é a única
causa da pouca urzela que se colhe, é certo que o preço de 25 rs.que se paga
por cada libra é ténue, atendendo ao risco e trabalho, que há com aquela
colheita”15. Isto é a sua principal causa da sua diminuta quantidade.
A urzela produz um corante de
cor púrpura
(ou azul violáceo) que antes da invenção das anilinas sintéticas atingia grande
valor para tingir têxteis. O extracto da urzela, agora denominado orceína ou azul de tornesol,
continua a ter ampla aplicação como contrastante em microscopia e como base
para indicadores químicos e bioquímicos.
Entre as utilizações do corante conta-se o papel indicador, que em inglês deu
origem ao teste de "litmus"
tão utilizado na linguagem corrente.
Em Cabo Verde, onde
a urzela se desenvolve em altitude até ao limite dos contra-alísios, a apanha
da urzela constituiu até ao século XIX uma
importante atividade, permitindo a subsistência em épocas de grave carestia
causada pela seca. A sua apanha era porém muito penosa pois exigia o acesso a
falésias e escarpas, causa de muitas mortes por queda.
1469
- Neste anno passou a Africa o Infante D.Fernando com huma Armada , em que
levava muita e boa gente, e foi desembarcar em Anafe, que já tinha mandado
reconhecer
por Estêvão da Gama (1) , Fidalgo da sua Casa, o qual esteve alli disfarçado em
mercador com huma pequena embarcação carregada de figos, e
passas do Algarve. Os Mouros, quando vírao o numero
dos navios Portuguezes, não ousarão opor-se ao desembarque, e desamparárão a
Cidade e o Castello. O lnfante, não julgando acertado conservar esta
conquista mandou queimar a povoação, depois desaqueada, e desmantelar as
fortificações; e feito isto, regressou a Portugal (2).
Neste
mesmo anno de 1469 arrendou ElRei o
Commercio da Guiné (3) a FERNÃO GOMES, Negociante de Lisboa, por duzentos mil
réis cada anno, devendo durar o seu Contracto cinco anos, obrigando-se elle
a descobrir á sua custa cem legoas da Costa em cada anno, a começar da Serra
Leoa para o Sul.
(1)Anafe. Tem uma Bahia de pouco abrigo, em que se pode surgir por 18 até
25 braças.
(2)Ruy de Pina, Cap. 110. - Damião de Goes , Chronica
doPrincipe D. João, Cap. 17.
(3)Barros, Decada I,
Liv.2,
Gap.2.
Placa de latão do Benim representando um soldado português.
De cada lado, aparecem manilhas de cobre, uma das principais mercadorias com que
eram comprados os escravos nesse reino do
delta do rio Níger. Século XVI. Museum für Volkerkunde,
Viena, Áustria)
1501 -
1501/11/15
Gonçalo, escravo negro de Mem Gonçalves, cavaleiro e cidadão, morador em Lisboa,enviou dizer, por sua informação que fora condenado a ser açoutado publicamente, com pregão na audiência, pelas ruas de Santarém, e lhe cortassem as orelhas, por se dizer contra ele que lançara mão de uma mulher solteira que andava de eira em eira,segundo na sentença de condenação se continha. 1501-11-15.Portugal, Torre doTombo, Chancelaria de O. Manuel I, liv. 46, f. 108v.
1502 -
1502- São introduzidos os primeiros escravos africanos nas Antilhas
(ilha Hispaniola).
-
“…certos capítulos das prouincias do titulo real…”, de Valentim Fernandes (1502);
1502/02/22
A ORDEM DE CRISTO, por seu turno, tinha o direito de receber a vintena dos escravos procedentes da Guiné, conforme autorização subscrita por D. Manuel a 22 de fevereiro de 1502
1513
Registos oficiais de recenseamento da
população da Vila de Ribeira Grande, apenas cinquenta anos após o início da
colonização, começam a reflectir a forma da futura demografia de Cabo Verde:
162 residentes, incluindo 58 "brancos", 12 pastores, 16 "negros livres",
soldados e condenados portugueses, e cerca de 13 000 escravos. Entre 1513 e
1515, um total de 2 966 cativos foram trazidos para Santiago por 29 navios.
Muitos foram levados para Portugal, outros vendidos a navios espanhóis em rota
para as Canárias ou para as Índias Ocidentais.
N'esse mesmo anno de 1513, sahindo
para a Guiné, Gaspar Dias, almoxarife da jurlsdicção e villa dos
Alcatrazes, e ficando esta abandonada da autoridade que devia assistir ao quartejamento dos
rendimentos, mandou o contador das ilhas Ruy Lopes, cavalleiro da ordem de
Santiago, que Alvaro Dias, almoxarife da
villa da Ribeira Grande, tomasse o carrego (conta) d'aquelle almoxarifado
para a boa arrecadação das rendas d'El-Rei.
Regista-se o tráfico de
565 escravos da Guiné.
Os escravos vendidos no mercado de Santiago eram
classificados em três tipos. Por ordem crescente de valor, eram boçais (de boçal: ignorante), escravos
recém-importados que falavam apenas as suas línguas nativas; ladinos, escravos residentes há mais
tempo em Santiago que tinham aprendido Kriolu, tinham sido baptizados e
"ensinados a trabalhar"; e naturais,
os nascidos em Cabo Verde (Carreira 1972: 267 citado por Meintel).
1514
Regista-se
o tráfico de 978 escravos da Guiné
Provisão
para o almoxarife dos escravos que vêm da
Guiné dar a Jorge de Vasconcelos um escravo de preço de 10.000 réis.
1514-04-25. Portugal, Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte 11, mç. 46, n.º
117.
Provisão
do rei D. Manuel por que mandou ao recebedor dos escravos que vêm de Guiné,
desse a Francisco Velho, escrivão do armazém da lndia, um escravo de preço maior
de seu ordenado. 1514-07-12. Portugal, Torre do Tombo, Corpo Cronológico,Parte
li, mç. 49, n.0 69.
1515
Regista-se
o tráfico de 1515 escravos da Guiné
1515/10/24
Daí
partiam em grandes contingentes e acondicionados em carga, numa difícil
travessia que para muitos foi fatal, em direcção a Lisboa, convertida no eixo
de uma vasta rede de ligações comerciais. Esta posição da capital foi
consolidada com a lei manuelina de 24 de
Outubro de 1512, tornando-se Lisboa no único local autorizado para praticar o
rentável negócio da Guiné. De facto,
possuía a infra-estrutura necessária, a Casa dos Escravos, uma
repartição da Casa da Guiné, situada junto ao Tejo, que além das salas
do almoxarife e do escrivão dos escravos, dispunha de prisão e vários pavilhões
onde após o desembarque se procediam às formalidades de avaliação e divisão por lotes para posterior leilão. (1) Seguia-se a exposição em praça pública onde eram
sujeitos a uma avaliação por vezes
exaustiva e eram vendidos por correctores
de escravos, conforme ilustrou o mercador florentino FILIPE SASSETI no final do século XVI, que embora não questionando
a validade moral deste comércio, testemunhou a “miséria daqueles brutos e a desumanidade dos seus senhores.” (2) Após
a aquisição, assentava-se a propriedade
na mesa dos escravos das Sete Casas, na Alfândega, a mesma entidade
que estava habilitada a passar certidão de liberdade sempre que se era alforrado.
Muito
embora no século XVI com a colonização do Brasil e as possessões espanholas na
América, se tenham traçado novos rumos do comércio de escravos, (3) os navios negreiros continuaram a aportar e
a ter mercado na cidade de Lisboa, cuja mercadoria continuou indispensável,
pelo menos até ao estabelecimento das leis pombalinas de limitação ao comércio
de escravos, conforme atesta a quantidade de escravos de primeira geração
sujeita ao acto sacramental de baptismo nas paróquias de Lisboa
(1) Ao cargo de almoxarife, entre outras atribuições, cabia a
vistoria das embarcações da coroa ou por ela fretadas, à sua chegada, a
logística e a venda dos escravos, bem como a venda de licenças a particulares,
o arrendamento de monopólios de regiões africanas e a concessão de contratos de
exploração das ilhas de Cabo Verde e golfo da Guiné. Quando os impostos da
vintena (5%) e do quarto (25%) não eram cobrados na alfândega de Cabo Verde, ou
no Golfo da Guiné, onde previamente passavam os escravos procedentes da costa
africana era o almoxarife dos escravos que arrecadava esse imposto. A dízima e
a sisa cobrados na alfândega de Lisboa constituíam outra valiosa fonte de lucro
com o comércio de escravos aqui desembarcados. A Câmara Municipal de Lisboa
tinha a seu cargo a designação do corretor “dos mouros, e mouras negros e alvos que se ouuessem de vender em a dita
cidade e seus termos”.
(2) LAHON, cit. Filipe
Sasseti, 1999:33.
(3) ALEXANDRE, 1979.
Nos anos de 1511 a 1513 (no reinado de D. Manuel I) passaram por aquela Casa 1.265 escravos de ambos os sexos, pertencentes ao rei, avaliados em 8.086.795 reais
Nos anos de 1511 a 1513 (no reinado de D. Manuel I) passaram por aquela Casa 1.265 escravos de ambos os sexos, pertencentes ao rei, avaliados em 8.086.795 reais
Das 51 viagens negreíras identificadas, 41 partiram de Arguírn com mais de 100 escravos. De entre os 6 298 escravos embarcados em Arguím, temos notícia de que 6 042 chegaram vivos a Lisboa. O que representa uma taxa média de mortalidade de 4,24%, um valor muito baixo, sobretudo se tivermos em conta que os escravos "moços" e "crianças", ou seja com menos de 18 anos, representavam uma percentagem significativa dos escravos embarcados.
A carreira Arguím-Lísboa funcionava em circuito fechado numa travessia que, em média, durava pouco mais de 3 semanas. Na realidade tratavam-se de viagens pendulares, um mesmo capitão e um mesmo navio efectuavam uma série ininterrupta de idas-voltas entre Arguím e Lisboa. No conjunto das 51 viagens, 13 foram efectuadas pelo navio Santiago e 12 pelo navio Conceição. Ou seja, metade das viagens foram realizadas por estes dois navios. No que aos capitães diz respeito, as 51 viagens foram efectuadas por 2 pilotos: Pero Anes de Leiria e Pero Ribeiro, tendo cada um, efectuado pessoalmente 11 travessias, o que corresponde a mais de metade do total das viagens.
1512/07/15
Constituíam receita do HOSPITAL DE TODOS OS SANTOS várias mercadorias, nomeadamente escravos, açúcar, cera e marfim, que eram uma considerável fonte de receitas, bem como a multa de 100 cruzados, instituída pelo alvará de 15 de Julho de 1512, a aplicar a todos aqueles que, ao transportarem escravos da Guiné, os desembarcassem sem baptizar.
1513/04/27
«Já vimos, que data de 1513 uma maior actividade no commercio dos escravos da Guiné, recebidos em numerosas caravellas; porém a verdade é que algumas d'ellas sendo pilotadas por marinheiros rudes, que desconheciam por completo a arte de navegar ou se perdiam nos bancos da Guiné, ou se afastavam das ilhas no regresso, e que só por uma felicidade inexplicavel eram encontrados no alto mar; este caso deu-se com Braz Fernandes, creado de Diogo Fernandes, marinheiro, que tendo ido ao Rio Grande na caravella s.n Crlll buscar negros, teve que arribar ao rio Casamansa, porque o navio estando oomido pelo bwano (Jlusano, teredo navalis), fazia agua.
Abandonados como estavam, e tendo conhecimento de no rio de S. Domingos haver alli um capitão da villa, que era Duarte Ribeiro que havia sofrido uma royndade e represaria (represalia) do piloto e marinheiros de uma e outra caravella de DIOGO FERNANDES, que alli fóra prover-se do necesario, a qual se destinava depois á Serra Leoa a buscar negros, sendo abandonada pelo piloto, tomara posse d'ella BRAZ FERNANDES com a condição de poder embarcar os seus escravos e entregal-a em Santiago ao dono. Partiram a 17 de abril de 1513 para Santiago e ao cabo de 18 dias (15 de maio) toparam com a nau Conceição navegando para Lisboa, capitaneada por Gonçalo Preto que regressava da ilha de S. Thomé. O piloto da caravela, que calculava estar entre as ilhas, soube pelo capitão da nau, que estava a 150 leguas a oeste d'ellas; depois de lhe fornecer mantimentos e agua de que tanto careciam, quiz o piloto ainda arribar á Guiné, o que não fez, por lhe ter feito ver o capitão, que seria melhor elle procurar terra de christãos e que os soccorreria.»
Subsidios para a História de Cabo Verde e Guiné, por Christiano José de Senna Barcellos, parte I, pgs. 77-78, Lisboa, Imprensa Nacional, 1899
1513/05/14
Petição apresentada por
BRÁS FERNANDES, morador em Santiago,
a João Álvares Neto, almoxarife da ilha Terceira, dizendo que, em 14 de Maio de 1513, partira de Cabo
Verde para a Guiné como marinheiro do navio Santa Cruz, do armador RUI
PEREIRA. Vindo já com a armação feira, o
navio arribou no rio Casamansa, sendo necessário deitar fora toda a carga.
Porém, não puderam continuar a navegar, encontrando então o navio de DIOGO FERNANDES, morador na ilha de
Santiago, cujo piloto andava amorado. Brás Fernandes pediu ao piloto que lhe
desse o navio, encarregando-se de o entregar a Diogo Fernandes. Aproveitou o transporte para levar certas
peças de escravos de que devia quarto e vintena ao rei. Tendo partido para
Santiago, o navio foi apanhado por uma
tempestade, achando, na volta da Guiné, o navio Conceição, de que era capitão e piloto GONÇALO PRETO, vindo de S. Tomé. Este dispôs-se a
conduzi-los aos Açores, ilha Terceira. O suplicante pede justiça
O inquiridor ouviu as
seguintes testemunhas, confirmando o depoimento do suplicante:
GONÇALO PRETO, cavaleiro da casa del-rei. 4 de Julho de 1514
PEDRO ANES, mestre
do navio Conceição. 4 de Julho de 1514
AFONSO ÁLVARES. 4 de Julho de 1514
LOPO DIAS. 26 de Agosto de 1514
Ouvidas as testemunhas,
BRÁS FERNANDES requer ao almoxarife que lhe seja passada certidão comprovando
que lhe foram cobrados o quarto e a vintena sobre os escravos
1513/07/20
Registo da saída no navio São Gião da vila da Ribeira Grande para Portugal. Cobrança da dízima sobre dois escravos de um genovês.
GONÇALO CASTRO, Mercador Importa
e exporta peças (peças quer dizer escravos) e mercadorias da Costa da Guiné (1514-1528) Escrivão de
navio (1515) Proprietário de terras
ÁLVARO
CHAVES Importa peças e mercadorias da Costa da Guiné (1514-1528) Capitão de
navio (1515, 1528) Proprietário rural
JOÃO CORDEIRO, Sua filha era casada com Tomé Falcão Falecido (1540) Escrivão do almoxarifado da vila de
Alcatrazes (1514-1516) Escrivão da Câmara da vila da Ribeira Grande (1519)
Tabelião “por El rei” na vila da Ribeira Grande (1526, 1528, 1529) Grande importador de escravos da Costa da
Guiné (1514-1528) Proprietário rural – Fez avença com os rendeiros “por
toda a sua fazenda que nesta ilha tem por o dízimo /…/ se obrigou a pagar
5.000” (1513-1516)
ANTÓNIO FERNANDES,
Mercador Importador e exportador de mercadorias da Costa da Guiné (1514-1528)
Possui escravos de confiança que vão comerciar à Costa da Guiné
JOÃO FERNANDES, Escudeiro Vizinho de Alcatrazes/Praia Mestre do navio (1514, 1515) Capitão do navio
(1514) Piloto do navio (1515) importa peças e mercadorias da Costa da Guiné (1513-1515, 1528)
ÁLVARO GONÇALVES, Está na Costa da Guiné em Julho de 1515 Meirinho diante
do Corregedor das ilhas de Cabo Verde (Novembro de 1527,1528, 1529) Escrivão de
navio (1514) Importa peças e mercadorias
da Costa da Guiné (1514, 1515) Proprietário rural
RUI GONÇALVES, Em Julho de 1514 esta nos Açores e em Maio de 1515 em
Cabo Verde Feitor de Francisco Martins (O velho), rendeiro dos direitos reais
da ilha de Santiago (1514) Procurador do Rei (1528) Proprietário de uma
caravela (1527) Importa e exporta
escravos e outras mercadorias africanas Fez “lanço nos quartos de 1528” –
quer arrendar os quartos e vintenas
JOÃO VAZ LORDELLO Oficial da Câmara da Ribeira Grande (1528) Importa peças e mercadorias da Costa da
Guiné (1514)
GONÇALO PIRES, Escudeiro do Rei (1527) Falecido (1537) Escrivão dos
almoxarifados de Santiago (1527-1528) Escrivão dos contos das Ilhas de Santiago
e Fogo (1530 - 1537) Mercador (1514, 1527, 1528) – Importa peças e mercadorias da Costa da Guiné
FRANCISCO RIBEIRO, Falecido (1549) Escrivão da correição e chancelaria de
Cabo Verde (1540 - 1549) Escrivão da Câmara da Ribeira Grande (1546) Escrivão
de navio (1514) Importa peças e
mercadorias da Costa da Guiné (1514, 1515)
1513/11/13
Registo da cobrança dos
direitos, pagos nos Alcatrazes, sobre os escravos transportados no navio Santa Cruz, do armador
JOÃO VAZ, resgatados na costa da
Guiné pelo armador e viajantes. Inclui as encomendas.
1514/01/11
Registo da cobrança dos
direitos, pagos na Ribeira Grande, em Santiago, sobre os escravos transportados
pelo navio Santa Catarina,
do armador JOÃO VAZ, resgatados na costa da Guiné pela armação e pelos viajantes. Inclui o registo da cobrança
dos mesmos direitos sobre marfim e arroz.
1514/01/30
Registo da cobrança dos
direitos sobre os escravos transportados pelo navio Santa Maria da Ajuda, do armador RODRIGO AFONSO COLAÇO, resgatados na costa da Guiné pelo armador e
pelos viajantes. Inclui as encomendas.
1514/02/22
Partida do navio Santa Maria da Vitória do
porto da Ribeira Grande, pertencente a FRANCISCO
MARTINS, rendeiro das ilhas de Cabo Verde, com destino às Canárias. Registo
da cobrança da dízima sobre as seguintes mercadorias: escravos e couros.
1514/03/04
Registo
da cobrança dos direitos, pagos na Ribeira Grande, cm Santiago, sobre os
escravos transportados pelo navio Santa
Maria da Graça, dos armadores RUI PEREIRA e SIMÃO
FERNANDES, em parceria, resinados na costa da Guiné pelo armador e pelos
viajantes.Inclui a cobrança dos mesmos direitos sobre as encomendas e o
mantimento: milho e arroz.
1514/05/03
1514/05/03
Registo da cobrança dos direitos, pagos na Ribeira Grande, cm Santiago, sobre os escravos transportados pelo navio Santa Margarida, do armador JOÃO ALEMÃO, resgatados na costa da Guine pelos viajantes, tendo o armador e a respectiva armação vindo noutro navio,
1514/05/25
Alvará de D. Manuel I para António do Porto, recebedor da Casa dos Escravos, dar ao prior e frades do CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA SERRA 7.000 réis de esmola, para comprar um escravo. 1514-05-25. Portugal, Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte I, mç. 15, n.º 44.
Alvará para se dar ao MOSTEIRO DE JESUS DE SETÚBAL um escravo de esmola. 1515-07-15. Portugal, Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte I, mç. 18, n.º 37.
1514/06/05
Partida do navio castelhano Santa Maria do porto da Ribeira Grande, de que era mestre GONÇALO DE LEVA, Registo da cobrança da dízima sobre as seguintes mercadorias: escravos e couros.
1514/06/19
Empossamento de MANUEL SOLTEIRO como escrivão do almoxarifado da Ribeira Grande. Escrivão do almoxarifado da Ribeira Grande (Junho de 1514 a Outubro de 1514) Importa peças e mercadorias da Costa da Guiné (1515) Tem um escravo de confiança – André (1515)
1514/07/03
Registo da cobrança dos direitos, pagos na Ribeira Grande, cm Santiago, sobre os escravos da armação do navio Santa Maria via Graça, que se perdeu na Guiné, pelo que o transporte foi feito no navio São Gião. Os escravos pertenciam ao armador RUI PEREIRA e aos viajantes. Inclui as encomendas.
1514/07/15
Registo da cobrança dos direitos, pagos na Ribeira Grande, cm Santiago, sobre os escravos transportados no navio Santo Antão, dos armadores FERNÃO MENDES e MARTIM MENDES, em parceria, resgatados na costa da Guiné pela armação e viajantes. Inclui as encomendas.
1514/07/17
Registo da cobrança dos direitos, pagos na vila dos Alcatrazes, sobre os escravos e o marfim transportados pelo navio Nazaré, dos armadores PERO AFONSO e NICOLAU RODRIGUES, em parceria, resgatados na costa da Guine pela armação e viajantes. Inclui as encomendas
1514/08/16
Registo da cobrança dos direitos, pagos na Ribeira Grande, em Santiago, sobre os escravos transportados pelo navio Santiago, do armador FERNÃO DE MELO, resgatados na costa da Guiné pelo armador e viajantes
1514/08/28
Registo da cobrança dos direitos pagos sobre os escravos e o marfim transportados no navio Santa Catarina, do armador FRANCISCO MARTINS, pelos viajantes que foram à Guiné. Da armação não foi feito despacho, visto o armador ser o próprio rendeiro.
1514/09/21
Registo da cobrança dos direitos pagos sobre os escravos, o marfim e a cera transportados no navio A Princesa, do armador VICENTE DIAS, obtidos na costa da Guiné pela armação e pelos viajantes. Inclui as encomendas.
1514/10/27
Registo da cobrança dos direitos, pagos na Ribeira Grande, em Santiago, sobre os escravos, marfim, gamelas, balaios, esteiras, arroz, milho e cera transportados no navio Santa Maria da Graça, do armador RUI PEREIRA, resgatados na costa da Guiné pela armação e pelos viajantes. Inclui as encomendas.
1514/11/27
Registo da cobrança dos direitos, pagos na Ribeira Grande, em Santiago, sobre os escravos, o marfim e o arroz transportados no navio Santa Bárbara, dos armadores JOÃO ALEMÃO e ÁLVARO ANES, obtidos na costa da Guiné pela armação e pelos viajantes. Inclui as encomendas.
1514/12/20
Partida do navio castelhano Santo António do porto da Ribeira Grande para Castela, de que era mestre FRANCISCO LA FERIA. Registo da cobrança da dízima sobre os escravos e couros vacuns.
Registo da cobrança da dízima sobre as mercadorias dos portugueses que iam no navio Santo António, Este transporte apenas foi aceite na condição de ser cobrado um montante fixo sobre cada escravo.
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